A Samsung anunciou que vai encerrar a produção de chips de memória DDR4 até o final de 2025. A companhia sul-coreana, segunda maior fabricante de chips de memória do mundo, aceitará pedidos até o início de junho, com a promessa de finalizar todas as entregas até dezembro, quando fará a transição completa para tecnologias mais recentes e lucrativas.
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O movimento, anunciado pela companhia a seus clientes e confirmado pelo DigiTimes Asia, acontece em um momento em que fabricantes chinesas como a Changxin Memory (CXMT) e Fujian Jinhua têm inundado o mercado com chips DDR4 até 50% mais baratos que os produzidos pelas tradicionais empresas sul-coreanas e estadunidenses. Com margens de lucro cada vez menores, a Samsung vê pouco sentido em manter a produção dessas memórias mais antigas.
A decisão da fabricante não é isolada e reflete uma tendência que já havia sido observada em 2024, quando outras empresas sul-coreanas abandonaram a produção de DDR3 para focar em tecnologias de ponta. Agora, o mesmo acontece com o DDR4, acelerando a transição para novas gerações de memórias e reconfigurando o cenário de disponibilidade e preços desses componentes.
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Competição agressiva da China força reposicionamento
A saída da Samsung do mercado de memórias DDR4 é uma resposta direta à feroz concorrência das fabricantes chinesas, que têm conseguido conquistar espaço significativo no segmento. A CXMT, por exemplo, aumentou sua capacidade produtiva de 70.000 wafers por mês em 2022 para impressionantes 200.000 wafers mensais em 2024, com planos de alcançar 300.000 wafers e capturar 11% do mercado global de DRAM nos próximos anos.

Essa expansão acelerada, fortemente subsidiada pelo governo chinês, permitiu que as fabricantes do país praticassem preços até 50% menores que os da Samsung, SK Hynix e Micron. Em alguns casos, essas memórias chegam a ser comercializadas por valores ainda mais baixos que chips “reballed” (reciclados ou reaproveitados), criando uma pressão insustentável sobre as margens de lucro das empresas tradicionais.
A estratégia chinesa de ganhar mercado a qualquer custo, com pouca preocupação com lucratividade imediata, tem sido o principal fator de desequilíbrio no setor. Enquanto fabricantes como a Samsung precisam gerar resultados para seus acionistas, as competidoras chinesas operam com outro modelo de negócio, focado na dominação de mercado no longo prazo — tanto em searas locais quanto internacionais.
Nova estratégia foca em tecnologias premium e IA
Diante desse cenário desafiador, a Samsung está redirecionando seus recursos e capacidade produtiva para tecnologias mais avançadas e lucrativas. O foco será a produção de memórias DDR5 e LPDDR5, além de HBM (High Bandwidth Memory) para GPUs e sistemas de inteligência artificial — segmentos onde as fabricantes chinesas ainda não conseguem competir.
Essa mudança de estratégia faz parte de uma reorientação mais ampla da indústria de semicondutores, que tem visto uma explosão na demanda por componentes voltados para data centers de IA. As memórias de alta velocidade e largura de banda, como as HBM3 e HBM3e, são essenciais para aceleradores de IA e GPUs de última geração, e oferecem margens de lucro significativamente maiores que as memórias convencionais.
Segundo relatórios da indústria, a transição já estava sendo planejada há meses, com a Samsung informando que sua linha de memórias LPDDR4 de 1z nm e 8Gb chegaria ao fim de vida em abril. Outras variantes do DDR4 seguirão o mesmo caminho, com os últimos pedidos sendo aceitos até junho e as entregas finais acontecendo até dezembro, conforme indicado pelo DigiTimes.
Lacuna no mercado e impacto para consumidores
A saída da Samsung e de outras grandes fabricantes do segmento DDR4 está criando um vácuo significativo no mercado. Fabricantes de módulos de memória já estão enfrentando dificuldades para obter chips suficientes, levando algumas empresas a aumentar seus estoques para além do normal.
Essa retração da oferta de fabricantes tradicionais abriu oportunidades para empresas taiwanesas como a Winbond Electronics e a Nanya Technology, que mantêm seu foco no segmento DDR4. Ainda assim, a reconfiguração do mercado já está causando instabilidade nos preços, com relatórios da TrendForce indicando que os preços das memórias DDR4 aumentaram cerca de 10% recentemente.
Para os consumidores, as consequências devem ser sentidas em duas frentes: por um lado, a queda dos preços de memórias DDR4 pode continuar no curto prazo devido à concorrência chinesa; por outro, a redução na oferta de chips de qualidade premium pode levar a aumentos de preços e menor disponibilidade no longo prazo, especialmente para produtos de maior confiabilidade.

Incertezas políticas complicam o cenário
O futuro do mercado está cercado de incertezas políticas, especialmente diante da imprevisibilidade das políticas comerciais do governo Donald Trump. Com a Casa Branca sinalizando tarifas de até 245% sobre produtos chineses, o efeito nos preços e na disponibilidade de componentes eletrônicos pode ser dramático.
Embora Trump tenha concedido um alívio temporário ao setor de tecnologia, com um período de carência de 90 dias para a maioria das regiões, a situação permanece altamente instável. Compradores e fornecedores já estão ajustando suas estratégias para mitigar riscos futuros, acelerando transações e embarques antes do fim do período de carência.
Essa corrida para completar negócios antes de possíveis restrições deve intensificar as atividades no mercado de memória no segundo trimestre de 2025, com preços de DRAM e NAND projetados para aumentar entre 3% e 8%, segundo a TrendForce. Para os consumidores finais, isso significa que o período entre o final de 2025 e meados de 2026 pode ser marcado por flutuações significativas nos preços e disponibilidade de memórias para PCs e eletrônicos em geral.
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