
Após a Embraer divulgar no fechamento do mercado na terça-feira (22) que encerrou o primeiro trimestre de 2025 com uma carteira de pedidos de US$ 26,4 bilhões, analistas financeiros avaliaram os dados com diferentes graus de otimismo, ainda que sem surpresa quanto às entregas, previamente informadas no início deste mês.
A companhia brasileira de aviação entregou, entre janeiro e março, 30 aeronaves – sendo sete comerciais e 23 jatos executivos – um avanço de 20% em relação ao mesmo período de 2024. O problema é que o número ficou abaixo do consenso de mercado para os jatos comerciais, já que duas aeronaves previstas não foram entregues por pendências comerciais.
A carteira total manteve-se no maior patamar da história da empresa, superando discretamente o recorde do quarto trimestre do ano passado. Em 12 meses, o crescimento foi de 25%. O segmento de aviação comercial, principal fonte de receita da Embraer, fechou março com US$ 10 bilhões em pedidos, recuo de 10% na comparação anual e de 2% frente ao trimestre anterior. A empresa disse que o desempenho ficou levemente abaixo da média histórica de 12% para primeiros trimestres, citando restrições na cadeia de suprimentos.
No entanto, há sinais de aceleração nos próximos meses. A expectativa é de que o pedido firme da Ana Holdings por 15 jatos E190-E2, com opção para mais cinco, seja formalizado e incluído na carteira no segundo semestre (2T25). O contrato é estimado em US$ 1,1 bilhão a preço de lista.
Na aviação executiva, a empresa apresentou desempenho mais acelerado. Foram 23 entregas no trimestre e uma carteira de pedidos de US$ 7,6 bilhões, alta de 66% em 12 meses e avanço de 3% ante dezembro. O segmento de defesa encerrou o trimestre com US$ 4,2 bilhões, aumento de 73% em um ano. Já a divisão de serviços e suporte alcançou US$ 4,6 bilhões, um salto de 49% em igual período.
A XP Investimentos classificou os números operacionais como neutros, com entregas mais lentas dentro de um primeiro trimestre historicamente mais fraco. A corretora avalia que o mercado segue apostando em novos contratos para sustentar os níveis atuais de book-to-bill – indicador que mede a relação entre os pedidos recebidos (bookings) e as entregas realizadas (billings) em um determinado período – e vê expectativas de crescimento já refletidas nos múltiplos atuais da ação, negociada a aproximadamente 21 vezes o lucro estimado para este ano. A recomendação é neutra, sem preço-alvo divulgado.
O JPMorgan manteve visão construtiva e projetou uma reação levemente positiva no mercado, citando o volume da carteira, que corresponde a mais de quatro anos de receita. Incluindo os pedidos da Ana e de defesa ainda não contabilizados oficialmente, o banco estima uma carteira próxima de US$ 28,5 bilhões, alta de 34% na comparação anual. A recomendação é overweight (acima da média), a R$ 42,08.
No relatório do Bradesco BBI, o tom também foi positivo. A instituição reforçou a recomendação de outperform (desempenho acima da média) e manteve o preço-alvo em R$ 90 para EMBR3 até o fim deste ano. Segundo os analistas, se as duas aeronaves comerciais não entregues tivessem sido contabilizadas, o volume ficaria mais alinhado às estimativas iniciais. O banco contabiliza que a Embraer já entregou 13% da projeção anual (entre 220 e 240 aviões) nos segmentos comercial e executivo, e espera avanço gradual na normalização da produção ao longo deste ano e do próximo.
Para o Santander, os dados foram considerados positivos, principalmente pela manutenção do recorde histórico da carteira. Ainda assim, o banco não espera grande reação nas ações, já que parte do otimismo já estaria precificado. A recomendação segue em outperform, com preço-alvo de US$ 59 para os papéis ERJ (ADR da Embraer negociado nos EUA), ante o valor de mercado atual de cerca de US$ 42,71.
O BTG Pactual também reforçou a recomendação de compra, com preço-alvo em R$ 94, afirmando que, mesmo sem grandes variações nos segmentos de atuação no curto prazo, a Embraer manteve sua carteira no maior nível da história. O banco vê espaço para expansão futura com a conversão de intenções de compra em contratos firmes.
A comparação com gigantes como Boeing e Airbus permanece no centro das discussões: a Embraer negocia a 8,6 vezes o valor da companhia sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ev/Ebitda) estimado para este ano, abaixo de Airbus (9,2x) e muito distante da Boeing (40,5x), o que pode sinalizar espaço para valorização, segundo as casas que recomendam compra. A Embraer diz que divulgará os resultados financeiros completos do primeiro trimestre (1T25) no dia 6 de maio, antes da abertura dos mercados.
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