Até a semana passada, Karla Sofía Gascón era uma das favoritas ao Oscar de Melhor Atriz pelo seu desempenho em Emília Perez, o filme francês que conseguiu incríveis 13 indicações na edição deste ano do prêmio. Mas publicações antigas (e preconceituosas) da atriz no Twitter vieram à tona – e é possível que isso afete as suas chances.
Isso abre caminho para as outras quatro indicadas: Demi Moore (A Substância), Cynthia Erivo (Wicked), Mikey Madison (Anora) e, claro, Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui). Essa promete ser uma das disputas mais acirradas do Oscar 2025, que acontece no dia 2 de março.
Ainda é cedo para cravar favoritas – os próximos troféus da temporada (sobretudo o do SAG, entregue pelo sindicato de atores) nos darão alguma pista sobre o resultado. Por ora, as apostas se concentram em Demi Moore e Fernanda Torres. Não só pelo (ótimo) desempenho de ambas, mas também pelas suas trajetórias. Torres é a segunda brasileira indicada a Melhor Atriz na história do Oscar – a primeira foi sua mãe, Fernanda Montenegro. Já Moore nunca ganhou um grande prêmio em Hollywood, e uma vitória poderia coroar seus 40 anos de carreira.
Com uma brasileira no páreo, a gente começa a imaginar todos os cenários possíveis para a noite do Oscar – inclusive, o de um empate com Moore ou com outra indicada. Mas isso seria possível? As regras da premiação permitem esse resultado?
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Sim. De acordo com o regulamento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, filmes ou artistas que recebam o mesmo número de votos ganham o troféu. A exceção é a categoria de Melhor Filme, que possui um sistema diferente das demais (saiba mais neste texto da Super).
Mas vale dizer que esse é um arranjo bastante raro. Em 96 anos, só houve seis empates no Oscar – desses, só dois aconteceram nas categorias de atuação. É algo que tende a ser ainda mais difícil de rolar, considerando o número cada vez maior de votantes (são cerca de 9,5 mil – 65% a mais que na década anterior).
A seguir, você confere os prêmios que terminaram empatados:
1) Wallace Beery e Fredric March (1932)
Na quinta edição do Oscar, Beery e March dividiram o prêmio de Melhor Ator. March, porém, recebeu um voto a mais do que Beery. É que, nas regras daquela época, uma diferença de até três votos contava como empate.
Até aí, tudo bem. O problema é que faltou combinar com a organização do Oscar: March subiu ao palco e fez seu discurso como se fosse o único ganhador. Quando ele terminou, um produtor do evento subiu ao palco e anunciou que seu troféu seria compartilhado.
2) A Chance to Live e So Much for So Little (1949)
A categoria de Melhor Documentário em Curta Metragem começou a ser entregue em 1941. Oito anos depois, ela foi palco do segundo empate da história do Oscar.
A Chance to Live é uma reportagem sobre a construção de um orfanato na Itália pós-Segunda Guerra e foi feito pela revista Time (até hoje, diga-se, é comum que veículos de imprensa apareçam nessa categoria). Já So Much for So Little é um cartoon da Warner Bros., feito pela mesma equipe dos Looney Tunes, produzido para o Serviço de Saúde Pública dos EUA (dá para vê-lo aqui).
3) Katharine Hepburn e Barbra Streisand (1969)
Naquele ano, a veterana Katharine Hepburn concorria ao seu terceiro Oscar de Melhor Atriz por O Leão no Inverno, enquanto a cantora Barbra Streisand fazia sua estreia nas telonas com Funny Girl. Ambas levaram.
Até hoje, nenhum ator ou atriz ganhou tantos troféus no Oscar quanto Hepburn: ela tem quatro. E Streisand se tornou a primeira artista a conquistar um EGOT (sigla para os quatro principais prêmios do showbiz americano: Emmy, Grammy, Oscar e Tony). Duas lendas que dividiram o careca dourado em 1969.
4) Artie Shaw: Time Is All You’ve Got e Down and Out in America (1987)
Duas mulheres venceram o Oscar de Melhor Documentário em 1987: Lee Grant por Down and Out in America, um retrato sobre a classe trabalhadora dos EUA nos anos de governo Reagan, e Brigitte Berman por contar a história do músico de jazz Artie Shaw, que processou Berman pelo filme. Ele exigia uma grande parte do lucro da bilheteria – mas o caso não foi pra frente.
5) Franz Kafka’s It’s a Wonderful Life e Trevor (1995)
O ator escocês Peter Capaldi é conhecido hoje por ser o protagonista de algumas das temporadas mais recentes de Doctor Who. Nos anos 1990, porém, ele ganhou reconhecimento atrás das câmeras: escreveu e dirigiu Franz Kafka’s It’s a Wonderful Life. Trata-se de um curta-metragem surrealista estrelado por Richard Grant sobre o processo criativo do escritor Franz Kafka para criar sua obra-prima, A metamorfose.
Capaldi teria ganhado sozinho o Oscar de Melhor Curta Metragem em Live Action, não fosse por Trevor, um drama que acompanha a vida de um garoto de 13 anos que passa a sofrer bullying quando a turma descobre que ele gosta de outro menino. Alguns anos depois da dupla vitória, o diretor e os produtores de Trevor criaram uma ONG de prevenção ao suicídio voltada à comunidade LGBTQIAP+.
6) 007 – Operação Skyfall e A Hora Mais Escura (2013)
O único empate no Oscar durante o século 21 foi em uma categoria técnica, a de Melhor Edição de Som. A aventura de James Bond dividiu o prêmio com o filme de Kathryn Bigelow sobre a caçada ao terrorista Osama Bin Laden.
A Hora Mais Escura concorreu a cinco Oscars naquele ano, mas levou só um. Três anos antes, Bigelow havia ganhado o prêmio de Melhor Diretora com Guerra ao Terror, que também levou Melhor Filme.
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