O cinema da (Hwang Jung-min, excelente, sob maquiagem impecável), motivado por sua ambição desenfreada, lidera um grupo de oficiais em uma tentativa de tomar o poder. Do outro lado, o comandante Lee Tae-shin (vivido por Jung Woo-sung) tenta impedir que o exército seja usado para fins políticos.
Não à toa este eficaz thriller político-militar se tornou o 6º filme de maior bilheteria de todos os tempos na Coreia do Sul (quase US$ 100 milhões). Apesar de cobrir uma série de acontecimentos complexos, 12.12 é acessível até mesmo para aqueles com pouco conhecimento da política coreana.
Ao pintar dois lados claramente opostos e dedicar esforços para caracterizar Chun e Lee com personalidades contrastantes – o primeiro agressivo e ávido por poder, o último sereno e heroico – o filme emoldura o golpe de Estado em termos de “bem contra o mal”, estratégia que permite ao público leigo facilmente se conectar.
Uma das dúvidas que podem surgir ao espectador é se em algum momento a Coreia do Norte tentou se aproveitar da instabilidade e invadir o país vizinho: a resposta é não. A hipótese é até mencionada em algum momento, mas Chun deixa claro que é seu ego que está conduzindo o espetáculo.

O sucesso doméstico reascendeu o debate nacional sobre como as forças malignas podem tirar vantagem súbita de momentos de incerteza. Coincidentemente, 12.12 estreia no Brasil enquanto um clima de tensão permeia a Coreia do Sul. A população aguarda o desfecho da situação envolvendo o presidente Yoon Suk-Yeol, preso após ter tentado aplicar Lei Marcial em dezembro do ano passado.
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A recriação de época em 12.12 é certeira. A maioria dos homens que vemos são fumantes compulsivos, fato que confere um ar pesado à fotografia, assim como a neblina que se espalhava por Seul na época. Isso dá ao filme uma aparência muito bela e distinta. Dentre os diversos rostos conhecidos do cinema coreano no elenco, chama atenção a participação especial do jovem Jung Hae-in, astro dos chamados k-dramas, como a série O Amor Mora ao Lado, da Netflix.
O título original do filme em coreano é “Primavera em Seul”, porque após a morte de Park, esperava-se que uma verdadeira democracia florescesse. Todavia, não há nada que indique qualquer gota de otimismo ao longo das 2h21 de projeção. Pelo contrário: desde os primeiros minutos temos ideia de que o pior está por vir.