
Garantir um lugar no estádio tem se tornado um obstáculo para muitos torcedores brasileiros, segundo uma pesquisa exclusiva do InfoMoney, conduzida pela TM20 Branding e a Brazil Panels. E o programa de sócio-torcedor, apesar de ser uma importante fonte de receita para os clubes, também pode dificultar o acesso de quem não faz parte do sistema.
Os dados foram debatidos nesta terça-feira (18), em São Paulo, no evento Sport & Business Summit – esporte, investimentos e inovação, promovido pelo InfoMoney.
A pesquisa foi realizada com uma amostra de 2 mil pessoas em todo o Brasil, sendo totalmente digital e aleatória. Os dados mostram que, de todas as opções que os torcedores possuem atualmente para assistir a jogos de futebol, somente 15% preferem ir ao estádio.
Enquanto isso, 57% optam pela TV aberta e 19% pela TV por assinatura. Segundo Eduardo Tomiya, CEO da TM20 Branding, esses números não devem ser confundidos com audiência, mas sim com o local onde o torcedor espera acompanhar as partidas.
“Os frequentadores perceberam que é quase impossível adquirir ingresso sem ser sócio-torcedor”, afirma Tomiya. O modelo, embora traga benefícios financeiros para os clubes, pode afastar o torcedor mais casual, especialmente em jogos de alta demanda.
Além do impacto no acesso ao estádio, o estudo destaca a importância do programa de sócio-torcedor como ferramenta estratégica.
Principais preocupações dos torcedores
Para muitos clubes, o programa de sócio-torcedor é uma fonte indispensável de receita, pois ajuda a mitigar outros pontos de preocupação dos torcedores. De acordo com o estudo, 23% dos torcedores enxergam a má gestão como o principal problema de seus clubes. Na sequência, instabilidade de treinadores (18%) e falta de investimentos (15%).
A margem de erro é de 2 pontos percentuais, o que assegura um alto grau de precisão na análise das percepções dos torcedores sobre o cenário esportivo atual.
SAF: Aprovação geral, mas resistência nos clubes próprios
Sobre o SAF, a pesquisa aponta que 60% dos entrevistados enxergam o modelo positivamente, enquanto apenas 6% discordam.
Porém, há um ponto de conflito: ao serem questionados sobre a transformação dos seus próprios clubes em SAFs, muitos demonstram resistência.
“A gente vê um perfil favorável, mas quando se trata dos seus times individuais, muitos discordam porque não os enxergam dentro do modelo”, aponta Tomiya.
Mercado de apostas é promissor, mas precisa se consolidar
A pesquisa também investigou a percepção do público sobre as casas de apostas, setor que tem ganhado espaço no esporte brasileiro. O levantamento apontou que 86% dos entrevistados têm uma imagem positiva da categoria, mas 40% ainda não a consideram segura.
“Esse número nos grita, é quase inaceitável que exista uma percepção de insegurança. Isso precisa ser trabalhado como um atributo essencial”, afirma Tomiya.
O estudo também revela que o mercado de apostas ainda é altamente pulverizado. Foram mencionadas 118 marcas diferentes pelos entrevistados, sendo que há cerca de 140 registradas no país. A Betano, por exemplo, atingiu apenas 12% no índice de Top of Mind – taxa considerada baixa, já que marcas líderes em outros setores chegam a 40%.
A pesquisa aponta que 27% dos brasileiros utilizam apostas esportivas como uma forma de investimento, número que sobe para 37% entre os mais jovens. Esse comportamento pode trazer riscos, já que o mercado precisa amadurecer em termos de segurança e regulamentação.
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