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Um adolescente de 16 anos denunciou um professor por racismo na Polícia Civil em Itanhaém, no litoral de São Paulo. Em depoimento no 1º Distrito Policial, o aluno informou que o docente o comparou a um macaco diante dos colegas na Escola Estadual Professor Jon Teodoresco.
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O caso, segundo o estudante, aconteceu na última quinta-feira (13), após um sagui (Callithrix penicillata) ter entrado na sala de aula pela janela.
O jovem disse aos policiais que o professor pediu para ele não encarar o animal, que poderia reconhecê-lo como um familiar.
Durante o registro do boletim de ocorrência, o aluno disse ter ficado desconfortável com a situação, e contou sobre o ocorrido para as irmãs, que foram até a escola para conversar com a direção antes de seguirem à delegacia.
Segundo apuração do g1, o diretor da unidade também procurou a polícia. Ele contou ter sido informado por alunos sobre o preconceito racial e que, depois, o professor teria dito em sala: “Todos somos iguais, todos somos macacos”, informou, com base no relato dos estudantes.
Secretaria de Educação e Segurança
Em nota, a Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP) informou que repudia qualquer tipo de discriminação, dentro ou fora do ambiente escolar. “A Diretoria de Ensino de São Vicente abriu uma apuração para avaliar a conduta do docente, que poderá acarretar sanções administrativas”.
Ainda segundo a pasta, a escola irá intensificar projetos para fortalecer a convivência pacífica, o respeito e o combate ao bullying e racismo. Além disso, um psicólogo do Programa Psicólogos nas Escolas está à disposição do aluno.
“A Diretoria de Ensino e a direção escolar permanecem à disposição dos familiares para mais esclarecimentos”, disse a pasta, em nota.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que a Polícia Civil investiga o caso de injúria ocorrido na segunda-feira (10). “O caso foi registrado como preconceitos de raça ou de cor pelo 1º DP de Itanhaém que atua para esclarecer os fatos”.
Racismo é crime
Lei que equipara o crime de injúria racial a racismo entra em vigor
Em janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível.
Injúria racial: quando a honra de uma pessoa específica é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Racismo: quando o agressor atinge um grupo ou coletivo de pessoas, discriminando uma raça de forma geral.
Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três anos e multa. Com sanção da nova lei, a punição passa a ser prisão de dois a cinco anos. A pena será dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.
❌ Palavras, frases e expressões com origem ou significado racista que não se deve usar
Amanhã é dia de branco: expressão utilizada para se referir a dia de trabalho, responsabilidade e compromissos. Isso porque, antigamente, o trabalho dos escravizados não era considerado trabalho e essa ideia permanece até hoje.
Tem caroço nesse angu: expressão possui origem em um truque realizado pelos escravizados para se alimentarem. Quando um prato era composto de angu de fubá, a escravizada que servia a comida conseguia esconder um pedaço de carne ou alguns torresmos debaixo do angu.
Até tenho amigos que são negros: frase geralmente utilizada como forma de defesa quando se aponta atitude ou fala racista.
Como você faz para lavar esse cabelo/trança? associar os cabelos cacheados, crespos, trançados ou com dreads com sujeira, de quem não lava.
Moça, você trabalha aqui? suposição racista direcionado a pessoas negras que só podem ocupar determinados espaços se estiverem em posição de subserviência.
Língua preta: expressão que significa “fofoqueiro”, “língua de trapo”, usando a palavra “preta” como marcador negativo.
Macaco: ofensa racista remonta ao período escravocrata, quando estudiosos eugenistas utilizaram do argumento de que os povos africanos descendiam diretamente dos macacos, associando-os diretamente a práticas animalescas, sendo, por isso, “justificável” a sua escravização.
Mulheres negras são boas de parir, aguentam mais a dor: noção do racismo científico de que pessoas negras são mais fortes e resistentes à dor.
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