O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou na tarde desta terça-feira (25) o julgamento que poderá tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por crimes atribuídos por seu envolvimento nos atos que culminaram em uma suposta tentativa de golpe de estado, em janeiro de 2023.
O julgamento, que analisa também casos de outros sete acusados, deverá se prolongar até a quarta-feira, com mais uma sessão marcada para as 9h30.
Pela manhã, as defesas de Bolsonaro e de demais denunciados se pronunciaram perante a Primeira Turma – com exceção do advogado de Mauro Cid, que abdicou do direito de sustentação oral.
A expectativa é que o julgamento de hoje analise as preliminares e, amanhã, tenha como desfecho a decisão sobre o aceite ou não da denúncia apresentada pela PGR. Caso os ministros decidam acatar a denúncia, será instaurada a ação penal.
A acusação tem como base um relatório da Polícia Federal que aponta Bolsonaro como líder de um grupo que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023.
Acompanhe o julgamento em TEMPO REAL:
Moraes justifica liberação dos vídeos da delação de Cid: “Evitar milícias digitais”
Moraes explicou que a liberação dos vídeos teve como objetivo prevenir a atuação de milícias digitais, que, segundo ele, tentam manipular informações e intimidar o Judiciário.
“Eu tornei os vídeos da delação públicos no próprio dia [da apresentação da denúncia] para evitar a atuação das milícias digitais, que atuam, inclusive durante esse julgamento, para pegar trechos na tentativa de intimidar o poder Judiciário”, afirmou o ministro.
Moraes refuta pedido para invalidar delação de Mauro Cid
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), refutou as alegações feitas pela defesa dos acusados de que a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid teria sido firmada sob coação. Durante o julgamento, Moraes afirmou que, em mais de uma ocasião, ficou comprovado que Mauro Cid firmou o acordo de colaboração de forma voluntária e com a garantia de que sua colaboração seria legítima.
O ministro ressaltou que, apesar das alegações da defesa, não houve qualquer irregularidade no processo de delação e que o tenente-coronel colaborou com as investigações de maneira consciente e espontânea.
Pedido de defesa de Bolsonaro também foi negado
Ministros também afastaram a alegação da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro de que seria necessário aplicar o princípio do juiz de garantias – ou seja, prever um juiz para a fase anterior à denúncia, e outro para a fase do julgamento. Os ministros alegaram que a legislação não prevê a incidência do juiz de garantias em ações que tem como origem o Supremo Tribunal Federal.
Ministros afastam, por unanimidade, as questões processuais levantadas pelas defesas
As defesas questionaram a validade de provas e a maneira como as investigações foram conduzidas, mas o STF considerou que não houve prejuízos substanciais para os acusados e que os procedimentos seguidos estavam dentro da legalidade.
Cármen Lúcia também vota contra pedidos de nulidade; Zanin vota nesse momento
Agora o ministro Flávio Dino discorre sobre os pedidos de nulidade
Moraes segue argumentando contra pedido de nulidades das defesas
Contra a acusação de que o STF forçou a busca de provas para justificar a abertura de uma investigação, chamada no jargão de pesca probatória, Moraes disse que o pedido de nulidade não se fundamenta porque as novas investigações foram sendo abertas conforme apurações anteriores encontravam indícios de uma trama maior. “Não se pode confundir uma investigação complexa com pesca probatória”, disse o ministro.
“No curso de investigações, se você encontra outros crimes o que vai fazer? Ignorar?”, questionou.
Moraes nega que defesa não tenha tido acesso às provas
A defesa teve acesso aos mesmos documentos que embasaram denúncia da PGR, disse o ministro, enquanto exibia no telão o sumário do arquivo ao que ele se referia.
Os ministros discutem os pedidos de nulidades da denúncia e dos procedimentos feitos pelas defesas
O relator do caso, Alexandre de Moraes, vota pelo afastamento das preliminares.
Ministros confirmam competência da Corte e da Primeira Turma para julgar ações
Os ministros do STF confirmaram a competência da Corte e da Primeira Turma para julgar as ações contra o ex-presidente e seus aliados. Os ministros rejeitaram as teses defensivas que alegavam que o processo deveria ser analisado pelo Plenário da Corte, composto por 11 ministros, ou ainda, que deveria ser encaminhado para a primeira instância da Justiça, já que vários denunciados não possuem foro privilegiado.
O relator do caso, Alexandre de Moraes, destacou que, à época dos fatos, vários envolvidos possuíam foro por prerrogativa de função, e reforçou que o STF já determinou, em diversas ocasiões, que é a Corte a responsável por analisar casos de tentativa de golpe de Estado.
Narrativa de que presos do 8/1 são velhinhas com Bíblia na mão é falsa, diz Moraes
O ministro Alexandre de Moraes refutou a tese defendida por aliados de Bolsonaro de que a Corte estaria condenando, injustamente, mulheres e idosos pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
“Se criou (sic) uma narrativa, assim como a que afirma que a Terra é plana, de que o STF estaria condenando velhinhas com a Bíblia na mão, que estariam passeando em um domingo ensolarado por Brasília. Nada mais mentiroso do que isso, as imagens mostram isso”, declarou Moraes, referindo-se às alegações infundadas que circulam nas plataformas de mídia social.
Segundo o ministro, 68% dos condenados são homens, e apenas 43 pessoas condenadas têm mais de 60 anos, com apenas sete pessoas com mais de 70 anos.
Ministros analisam competência do STF e da Primeira Turma para julgar os acusados
O ministro Alexandre de Moraes afirmou que a competência do STF para julgar os casos relacionados aos eventos de 8 de janeiro de 2023 já foi amplamente pacificada em mais de mil ações que tramitam pela Corte. De acordo com Moraes, a jurisprudência da Corte reforça a legitimidade da Primeira Turma para processar esse tipo de ação, com o julgamento se mantendo dentro dos parâmetros estabelecidos pelo tribunal.
As defesas dos acusados alegam que o caso deva ser analisado no plenário da Corte, em uma tentativa de buscar votos “mais favoráveis” ao ex-mandatário, como os ministros indicados durante a gestão Bolsonaro, Nunes Marques e André Mendonça.
Os ministros negam pedido das defesas pelos impedimentos de Moraes, Dino e Zanin
Por unanimidade de votos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, por unanimidade, os pedidos das defesas dos acusados para que os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin fossem afastados do julgamento que analisa a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado.
Embora os ministros tenham sido mencionados na suposta trama golpista, especialmente em relação a um plano de assassinato, o STF considerou que não há quaisquer prejuízos ou impedimentos para a participação desses magistrados no caso. A Corte destacou que já existe uma jurisprudência consolidada que nega o afastamento de ministros que foram alvo de ameaças por parte dos investigados, assegurando a continuidade do julgamento sem qualquer comprometimento de imparcialidade.
STF retoma julgamento de Bolsonaro e aliados
STF retoma análise da denúncia contra Jair Bolsonaro e outros sete aliados O ministro Alexandre de Moraes iniciou, no começo da tarde, a leitura de seu voto sore o recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente. O ministro relator explicou que, nesta fase, irá apresentar seu voto por etapas. Os demais ministros também votarão sobre as arguições processuais das defesas.
Bolsonaro não falou com jornalistas; ex-presidente “está muito tranquilo”, diz deputado
O deputado federal Zucco (PL) disse à imprensa na saída do prédio da Primeira Turma do STF que o ex-presidente “acabou de se deslocar com os seus advogados, voltará na parte da tarde, acompanhará tanto hoje quanto amanhã, porque quem não deve não teme”.
“Estaremos juntos aqui, porque acreditamos sim na Justiça. Precisam provar que ele é culpado e não ele que é inocente”, falou.
“O ex-presidente está muito tranquilo, gostou também da defesa. Ele acha que fica muito fragilizada qualquer votação por parte da primeira turma, uma primeira turma que já se estranha pelos seus integrantes, que muitos deveriam inclusive ser impedidos de votar contra o presidente Bolsonaro”, continuou o deputado.
Há a expectativa de que Bolsonaro fale com a imprensa na saída do prédio do STF. Jornalistas aguardam do lado de fora
Termina a sessão no STF. Julgamento volta às 14h
“Parece que a polícia já tinha uma narrativa e pronto”, diz advogado de Braga Netto
A defesa do ex-ministro pediu a rejeição da denúncia, mas, caso seja aceita, que o STF ouça Braga Neto. “Acha razoável que, num caso dessa magnitude, a polícia não queira ouvir, não quis ouvir o General Braga Neto, que o Ministério Público não quis ouvir o General Braga Neto. Não me parece razoável isso. Não me parece razoável. Parece que a polícia já tinha uma narrativa e pronto. Para que ouvir a defesa?”, disse.
PGR “não tem absolutamente nada” contra Braga Netto, diz defesa
“Mauro Cid mente, e mente muito”, diz o advogado do ex-ministro e candidato a vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022. “Braga Netto não participou da elaboração de qualquer plano que atentasse contra o Estado Democrático de Direito, que atentasse contra a vida de um Presidente da República, de um Vice-Presidente da República, do eminente relator (Moraes). Braga Neto é inocente”, falou.
Ex-ministro da Defesa não faria parte de suposto gabinete de crise, argumenta advogado
“Segundo a lógica e a narrativa constante da denúncia, após uma eventual assinatura de decreto, seria instalado um gabinete de crise, […] mas o general Paulo Sérgio fazia parte dessa estrutura organizacional? Não. Então como é que ele integrava uma organização criminosa?”, argumentou o advogado de defesa.
O advogado questionou os ministros sobre a não existência de lastro probatório que justifique a plausibilidade do recebimento da denuncia contra o general Paulo Nogueira, então ministro da Defesa. “Entendemos que nesse momento não seria necessárias provas profundas, mas indícios precisam existir e não é o caso contra Paulo Sérgio”, disse o defensor Andrew Fernandes Farias.
Ele alega que Paulo Nogueira fazia parte do grupo que defenda que “nada poderia ser feito contra o resultado das eleições”, conforme teria sido dito pelo delator, tenente-coronel Mauro Cid.
“Delação de Mauro Cid só vale para a acusação?”, questiona defesa de ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira
O advogado argumenta que trecho da delação de Cid aponta que o ex-ministro da Defesa teria feito parte de grupo que “entendiam que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições”. Desse modo, diz não compreender como ele pôde ter sido colocado como um dos principais atores do suposto golpe.
“A delação do coronel Cid vale ou não vale? Ou só vale para receber a denúncia? Ou só vale para acusação?”, questiona.
A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, delator da ação, abriu mão de seu tempo de defesa
Cezar Roberto Bitencourt, advogado de Mauro Cid, afirmou apenas que o militar cumpriu com seu dever e que espera que ele seja absolvido. “Não há necessidade de estender a sustentação. Ele cumpriu com o seu dever, tem o direito de receber o que merece, que já está sendo concedido.”
Advogado de Mauro Cid começa sua fala
“Não há um único elemento que coloca Bolsonaro no 8 de Janeiro”
Segundo o advogado, a peça acusatória menciona 80 vezes a palavra “possível” e não foi capaz de afirmar, com certeza, as participações do ex-presidente nos ataques as sedes dos Três Poderes.
“Nem o delator que o acusou fez qualquer ligação com o ex-presidente e os atos que depredaram Brasília. Nõa há uma única evidencia a esse respeito”.
“Não se é possível argumentar que havia uma tentativa de manutenção do poder, quando o próprio presidente da república, agora acusado, autorizou a transferência do poderio militar para o presidente eleito”, finalizou Celso Vilardi , advogado de Bolsonaro.
Defesa de Bolsonaro argumenta que não tem acesso a todas as provas
Defesa diz que teve acesso apenas ao que consta nos autos, como a delação de Mauro Cid, mas não teria tido a acesso à “mídia completa” que fundamenta a acusação da PGR. “Se eu não tenho a mídia completa, nesse momento de preliminares, não seria o caso de a defesa poder suscitar, se fosse o caso, a cadeia de custódia da prova? Mas eu não tenho a completude, eu não tenho os telefones, eu não tenho as mídias.”
“Há uma discussão a respeito, muito grande a respeito desse plano punhal verde e amarelo (plano de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes). Há uma reunião, seria absolutamente imprescindível verificar as demais mensagens que foram passadas naquele dia”, destacou o advogado.
Defesa de Bolsonaro questiona julgamento pelo STF
Advogado lembra decisão recente do Supremo que estende a amplitude do foro privilegiado.
O advogado ainda aponta que o crime de tentativa de golpe de Estado, que nas palavras da PGR teriam sido orquestrados desde julho, seria um crime impossível, já que à época, Bolsonaro era o presidente legitimamente eleito.
Contudo, o procurador-Geral, Paulo Gonet, aponta que o governo de Bolsoanro já previa a derrota nas eleições presidenciais e por isso, mobilizou um levante contra o resultado das urnas.
Advogado defende que não há provas contra Bolsonaro
O advogado afirmou que a minuta golpista, inclusive, não foi achada com o ex-presidente. A partir daí, restava a versão do delator, com um minuta que estava em seu telefone e tratava de uma questão de estado de sítio, “e mais absolutamente nada”, disse o advogado.
“Como a suposta decretação do estado de sítio seria baseada única e exclusivamente na palavra do delator, seria difícil a propositura de uma ação penal. Então se traçou uma narrativa, que vem efetivamente do começo, de atos de pronunciamentos do presidente da república, e depois o 8 de Janeiro.”
Bolsonaro foi “o mais investigado do Brasil”, diz advogado
“No primeiro momento, verificava-se a live, numa investigação determinada pelo TSE. No segundo momento, investigava-se o cartão corporativo, os gastos do presidente e da então primeira dama. Depois investigou-se até uma questão de emendas, para se chegar numa questão de vacinas. Portanto, não havia um objeto específico.”
Começa a defesa de Jair Bolsonaro
Advogado de Augusto Heleno diz que não há provas contra o ex-ministro
“O celular do denunciado foi apreendido e sua senha fornecida à autoridade policial. Vejamos que nós não tivemos acesso a isso. Nada foi falado sobre o telefone dele. As duas principais testemunhas de acusação, General Freire Gomes, então comandante do Exército, e Brigadeiro Batista Júnior, em nenhum momento colocam Augusto Helena em qualquer reunião. Em nenhum momento falam que o senhor Augusto Helena convocou alguém a participar da empreitada, mandou mensagem para alguém, que alguém falou com eles, ou seja, completamente desconhecido. Não é em nenhum momento colocado que ele teria incitado, provocado, conclamado ou agido por qualquer meio a fazer algo.”
Na sequência se manifestam as duas defesas mais esperadas da manhã: de Bolsonaro e Mauro Cid
O advogado do ex-ministro do GSI, Augusto Heleno, faz a defesa
Mauro Cid não implicou Anderson Torres, diz advogado
O advogado defendeu que as quebras de sigilo de telefonemas de Anderson Torres mostram que “nada foi encontrado que incriminasse Anderson Torres. Pelo contrário, o que foi encontrado, ministro Zanin, demonstra o seu espírito apaziguador e democrático e foi por essa razão, senhor ministro Flavio Dino, que a defesa de Anderson Torres entregou as senhas da nuvem do seu telefone celular e do seu e-mail”.
“Na delação premiada de Mauro Cid, um dos personagens centrais de toda essa denúncia, ele não implica Anderson Torres, portanto, o que fica claro é que o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, jamais participou de qualquer ação golpista”, disse o advogado.
Advogado de Anderson Torres pede que julgamento vá para primeira instância
Advogado questiona a competência deste STF para julgar pessoas sem prerrogativa de foro, o chamado foro privilegiado. “É necessário que haja evidente conexão com pessoas com foro aqui investigadas. Neste caso, a denúncia não teve êxito em demonstrar essa conexão entre os atos de Anderson Torres com atos, com a conduta daqueles que têm foro, portanto, processados e julgados nesse Supremo Tribunal Federal. Portanto, preliminarmente, o que se pede é que, em relação a Anderson Torres, os atos sejam encaminhados a uma das várias criminais da sessão judiciária do Distrito Federal.”
Advogado de Anderson Torres faz a defesa neste momento
Anderson Torres é ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro. Ele foi era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal durante os atos de 8 de janeiro de 2023.
Advogado de Garnier: “Ele era o homem responsável por mobilizar as tropas, e isso também não aconteceu!”
Defesa de Garnier questiona presunção de inocência
O ex-senador Demóstenes Torres, advogado de defesa do Almirante Garnier dos Santos, comandante foi chefe da Marinha no governo do ex-presidente, questiona o porquê da denúncia ter apontado unicamente o militar como anuente da minuta golpista, se os demais comandantes das Forças Armadas também teria, na tese da acusação, defendido o golpe de Estado.
Ele afirma que, segundo a PGR, Bolsonaro teria apresentado a minuta de golpe para os três comandantes, mas que somente Garnier teria dado aval. Contudo, o advogado afirma que Batista Júnior e Freire Gomes não disseram que haveria uma concordância sobre a intervenção, mas que o documento estaria em estudo.
“Porque para os demais houve presunção de inocência e não para o Almirante Garnier? Ele ficou em silêncio e isso não significa anuência.”
Cármen Lúcia questiona advogado de Ramagem
A ministra Cármen Lúcia questionou o advogado de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sobre uma declaração do defensor, que afirmou que a Abin seria responsável pela segurança das urnas eletrônicas. Em sua intervenção, a ministra, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), destacou que a responsabilidade pela garantia da segurança do processo eleitoral é do Judiciário, e não da Abin. A ministra enfatizou o papel do TSE na supervisão e proteção das eleições, refutando a ideia de que a segurança das urnas seria incumbência da agência de inteligência.
Mauro Cid não “prestou relevo” a Ramagem, diz advogado
Segundo o advogado de Ramagem, embora ele tenha sido apontado como integrante crucial dessa organização criminosa, “Mauro Cid não o prestou relevo algum a participação dele nessa organização. E o relevo é longo.”
O defensor destacou que Ramagem saiu do governo federal em 2022, para a disputa nas eleições gerais de 2022, e foi eleito deputado federal. “A partir de março de 2022 ele estava imbuído de sua campanha. Segundo a denúncia, o recrudescimento da organização criminosa teria se dado em julho de 2022, quando Ramagem não estava mais no governo federal.
Indícios que constam na denúncia são “extremamente tímidos”, diz advogado de Ramagem
Paulo Renato Garcia Cintra Pinto, advogado de Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), criticou que a denúncia da PGR apresenta indícios de envolvimento de Ramagem na construção de mensagens contra o sistema eleitoral que são baseadas “apenas em três arquivos de texto, que teriam sido repassados ao então presidente da república”.
“A Polícia Federal fez longa perícia em computadores, telefones, e gadgets utilizados por Alexandre Ramagem durante a sua gestão, e apresentou em seu relatório esses três arquivos de texto. Com todas as vênias devidas, são indícios extremamente tímidos, singelos da prática de um crime muito grave, da efetiva atuação do denunciado na construção de uma mensagem deletéria às urnas eletrônicas”, argumentou o advogado.
“Tudo que há na denúncia, com base naquilo que foi colhido pela autoridade policial, são três arquivos de texto e nada mais. Esses três arquivos de texto não trazem algo novo, algo inédito, algo criativo”
Advogado de Alexandre Ramagem fala neste momento
Zanin segue demais ministros e nega pedido da defesa
O presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, seguiu a linha de raciocínio dos outros ministros e também votou para acompanhar o entendimento do relator, Alexandre de Moraes. Zanin afirmou que, nesta fase preliminar do julgamento, não se justificaria a inversão da ordem das defesas. O entendimento foi acolhido por unanimidade pela Turma, que rejeitou os pedidos da defesa de Jair Bolsonaro.
Lei não permite inversão da ordem das sustentações, diz Fux
O ministro Luiz Fux afirmou que a lei não permite a inversão da ordem das sustentações orais no julgamento e acompanhou o relator, Alexandre de Moraes, para negar o pedido feito pela defesa de Jair Bolsonaro.
Por sua vez, a ministra Cármen Lúcia também se manifestou no sentido de que os termos da lei devem ser seguidos rigorosamente para garantir o devido processo legal. Ela destacou a importância de assegurar que o processo seja conduzido de forma estrita, especialmente em casos de grande relevância criminal como o presente, e pediu o indeferimento do pedido da defesa.
Moraes nega pedido da defesa de Bolsonaro
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, negou o pedido feito pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para que os advogados de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no processo, se manifestassem antes dos demais acusados. Moraes rejeitou a solicitação, argumentando que a jurisprudência do STF já afastou essa determinação.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, também comentou sobre o pedido, destacando que, nesta fase preliminar do julgamento, não haveria prejuízo em se ouvir o delator após as defesas dos outros acusados. Dino, porém, ressaltou que, caso a ação penal seja instaurada, a orientação de que o delator se manifeste primeiro deverá ser seguida.
Advogados de Bolsonaro interrompem sessão
Advogados de Bolsonaro interromperam a sessão para fazer um pedido: que os advogados de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso, se manifestassem antes dos outros acusados. A defesa argumentou que, segundo o processo penal, o delator deve ser o primeiro a se pronunciar no processo.
Gonet segue leitura da denúncia: “Escalada [do suposto golpe] ganhou impulso quando Lula tornou-se elegível”
“Todos aceitaram, estimularam e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra a existência e independência dos poderes e o Estado Democrático de Direito. Os delitos descritos na denúncia não são de ocorrência instantânea, eles compõem uma cadeia de acontecimentos articulados para que, por meio da força ou da sua ameaça, o presidente da república Jair Bolsonaro não deixasse o poder ou a ele retornasse, contrariando o resultado das eleições. A escalada ganhou um impulso mais notável quando Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se elegível e o cenário das pesquisas eleitorais se mostrou a ele inclinado.”
Gonet prossegue
“O intuito era manter a militância apaixonada e disposta a aceitar soluções de violência contra a ordem constitucional. Os meses de novembro e dezembro de 2022, após o resultado das eleições, foram perturbadores. Fatos atordoantes que se seguiram ao resultado das eleições foram descobertos durante a proficiente investigação da PF.”
Paulo Gonet lista argumentos da acusação contra Bolsonaro e aliados
“A organização criminosa:
- preparou material sabidamente inverídico sobre as urnas eletrônicas para divulgação em live realizada em 4 de novembro de 2022;
- postergou a divulgação do relatório de fiscalização das Forças Armadas que atestava a rigidez o processo eleitoral e quando o relatório foi dado a conhecimento geral, providenciou que o Ministério da Defesa lançasse, imediatamente, nota oficial buscando minimizar as conclusões do documento;
- ordenou a emissão de nota oficial em favor da liberdade de expressão em 11 de novembro de 2022, visando a dar aos apoiadores do golpe a aparência de que as forcas armadas acolhiam e incentivavam os acampamentos espalhados pelo país. Nesses acampamentos, pedia-se insistentemente uma intervenção militar ou intervenção federal, eufemismos para ruptura pela força do regime constitucional. Vale dizer, golpe.”
Advogado de Filipe Martins reclama de não poder acompanhar o julgamento no plenário
Sebastião Coelho, advogado de Filipe Martins, aliado e ex-assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro, disse que foi impedido de entrar nas instalações da Primeira Turma do STF.
Gritos foram ouvidos dentro do prédio enquanto Alexandre de Moraes fazia a leitura do relatório.
Filipe Martins é um dos acusados pela PGR, mas não faz parte do grupo julgado nesta terça-feira.
O Procurador Geral da República, Paulo Gonet, faz a leitura da peça de acusação
Moraes justifica a publicidade da delação de Mauro Cid como cumprimento da legislação
Ao iniciar a leitura do relatório, o ministro Alexandre de Moraes explicou que a publicidade da delação de Cid, incluindo a divulgação dos vídeos, segue o princípio da “publicidade” estabelecido pela legislação brasileira. Segundo o ministro, essa medida visa garantir o contraditório e a ampla defesa, elementos fundamentais para a justiça de qualquer processo judicial.
Bolsonaro surpreende ao comparecer a julgamento
O ex-presidente Jair Bolsonaro senta-se na primeira fila da sessão da Primeira Turma do STF.
Estamos diante de um evento político, diz deputado Coronel Zucco, aliado de Bolsonaro
“Eu pergunto para vocês: Elize Matsunaga, que esquartejou o esposo, ser condenado a 16 anos, e mulheres com bandeiras, com bíblias, serem condenadas a 17 anos, qual o critério? Golpe? Que golpe? Quem estava à frente do golpe? Qual é a instituição? Exército, Marinha, Bíblica? Não”, disse o deputado.
“Estamos aqui diante de um evento político”, falou.
Veja a ordem em que as defesas serão ouvidas hoje
- Alexandre Ramagem
- Almir Garnier
- Anderson Torres
- Augusto Heleno
- Jair Bolsonaro
- Mauro Cid
- Paulo Sérgio Nogueira
- Walter Braga Netto
Defesa de Garnier pedirá que caso vá ao plenário
Torres também reforçou o pedido para que o caso seja analisado pelo plenário do STF, com todos os 11 ministros, e não pela Primeira Turma. “Se a própria PGR afirma que é uma matéria da mais alta relevância, por que tirar seis ministros do julgamento?”, questionou.
Defesa de Almirante Garnier diz que denúncia é “mentirosa” e pede julgamento no plenário do STF
Demóstenes Torres, ex-senador e advogado do almirante Garnier Santos, um dos julgados nesta terça-feira, afirmou a jornalistas em frente ao prédio do STF que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) é “totalmente contraditória” e baseada em “mentiras” da Polícia Federal.
“Não há nenhuma prova contra ele. A PF inventou, falseou a verdade. Está tudo na própria denúncia”, disse. Segundo ele, o almirante Garnier sequer participou da reunião apontada como central na acusação.
Bolsonaro chega ao STF para acompanhar julgamento. Ele não falou com jornalistas
Celso Vilardi , advogado de Bolsonaro: A defesa já foi apresentada e vamos reforçar os principais pontos
“A gente sempre espera justiça”, diz Bolsonaro
“A gente sempre espera justiça. Estou bem”, disse Bolsonaro após desembarcar em Brasília na noite de terça-feira (24). “Nada se fundamenta nas acusações feitas de forma parcial pela Polícia Federal. Vou estar acompanhando com os advogados agora e, depois, a gente decide o que vai fazer”, falou a jornalistas no aeroporto. O ex-presidente veio de São Paulo, após participar de podcast ao lado de Tarcísio de Freitas.
Jornalistas já se posicionam no STF à espera do início da primeira sessão do julgamento, marcado para 9h30. A repórter do InfoMoney, Marina Mota, traz os bastidores desde Brasília.
O STF tem forte esquema de segurança e alta restrição de acesso à área próxima de onde será o julgamento. A área externa está vazia.
Bolsonaro diz que Moraes ameaçou Cid e que defesa questionará foro e julgamento
Bolsonaro voltou a reclamar da delação do tenente-coronel Mauro Cid horas antes do julgamento, e disse na noite de segunda-feira (24) que seus advogados vão focar, neste primeiro momento, em aspectos técnicos do processo.
“Tenho bons advogados e eles vão num primeiro momento explanar a tecnicidade. Meu foro é a primeira instância. Há poucas semanas o Supremo disse que é a última instância. Mesmo assim, na última instância, teria que ser [julgado pelo] o plenário todo”, disse Bolsonaro em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
STF terá segurança reforçada para julgamento de Bolsonaro por atos golpistas
O STF terá esquema de segurança reforçado para o julgamento. As medidas, adotadas de forma preventiva, incluem maior controle de acesso, monitoramento do ambiente, policiamento reforçado e equipes de pronta resposta para emergências.
Quem são os ministros da 1ª turma do STF que julgam Bolsonaro
- Cristiano Zanin: Atual presidente da Primeira Turma, Zanin é o relator da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e também conduz o julgamento sobre os atos terroristas de 8 de janeiro.
- Cármen Lúcia: A ministra é a atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cargo que ocupará até agosto de 2026. Cármen Lúcia é reconhecida por sua atuação em julgamentos de grande impacto no STF.
- Luiz Fux: Fux assumiu o STF em 2011. Ele é o relator do caso que avalia a constitucionalidade da Lei das Bets (apostas esportivas), entre outros casos importantes.
- Alexandre de Moraes: Relator da denúncia da PGR contra o ex-presidente Bolsonaro. Ele também é o relator dos julgamentos sobre os atos terroristas de 8 de janeiro.
- Flávio Dino: O ministro mais recente da Corte, Dino foi indicado por Lula e assumiu o cargo em fevereiro de 2024.
51% são contra anistia
Última rodada da pesquisa PoderData revela que 51% dos brasileiros são contra a anistia dos presos pelo vandalismo ocorrido em Brasília, no 8 de Janeiro de 2023, enquanto 37% defendem a medida, e 12% não souberam responder.
Bolsonaro reclamou da velocidade com que o STF está conduzindo a denúncia da PGR contra ele. Ele comparou a velocidade do processo à “velocidade da luz”, observando que isso só ocorre “quando o alvo está em 1º lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para Presidente da República nas eleições de 2026”.
O que alega a defesa de Bolsonaro?
Bolsonaro tem negado seu envolvimento em qualquer trama golpista. Em diversas ocasiões, o ex-presidente afirmou que nunca discutiu um golpe com ninguém e minimizou a “minuta do golpe”, alegando que se tratava apenas de um decreto de Estado de Defesa, que precisaria de autorização do Congresso Nacional. Ele também classificou a investigação como uma “perseguição política”.
Entenda o passo a passo do julgamento
Confira o que se espera para os dois dias de julgamento distribuídos em três sessões no STF:
- Abertura do julgamento: O julgamento será iniciado pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, seguido pela leitura do relatório de Alexandre de Moraes, que é o relator do caso.
- Sustentação oral do procurador-geral: O procurador-geral da República, Paulo Gonet, terá 30 minutos para defender a denúncia apresentada e a validade das acusações feitas contra os envolvidos na suposta trama golpista.
- Defesas dos denunciados: Após a manifestação do procurador, as defesas dos oito denunciados terão 15 minutos cada para se manifestar. A ordem de pronunciamento será definida por Zanin.
- Questões preliminares: Antes de abordar o mérito da denúncia, os ministros podem votar sobre questões preliminares que podem influenciar a decisão. Essas questões são aspectos pontuais do processo que precisam ser resolvidos antes da análise principal.
- Votação sobre o mérito da denúncia: Após as manifestações e as questões preliminares, Alexandre de Moraes fará sua avaliação do mérito da denúncia e decidirá se a aceita ou não. Caso aceite, os demais ministros votarão na sequência.
- Decisão final: Se a denúncia for aceita por maioria ou unanimidade, os denunciados se tornarão réus e responderão a um processo judicial mais aprofundado. O julgamento poderá ser concluído com a absolvição ou condenação dos réus, com a definição de penas pelos ministros.
Quem será julgado junto com Bolsonaro?
Além de Bolsonaro, outros nomes estão envolvidos no caso, sendo eles:
- Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Walter Braga Netto, general e ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin;
- Almir Garnier, almirante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
Relembre os crimes dos quais Bolsonaro é acusado
- Organização criminosa armada
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado
- Dano qualificado ao patrimônio público
- Deterioração de patrimônio tombado
Entenda cada um dos crimes atribuídos ao ex-presidente.
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