Parece ficção científica, mas é real: a argiria é uma doença cujo principal sintoma é deixar a pele das pessoas azulada (ou azul-acinzentada, ou mesmo cinza). O quadro é raro hoje em dia, mas, quando ocorre, costuma ser descrito pela literatura científica – e, claro, pode acabar no noticiário.
A doença é causada pela exposição prolongada à prata, ou mesmo a ingestão do metal. A argiria era mais comum no século 19, com trabalhadores em fábricas expostos à prata por longos períodos e sem proteção. O nome da doença vem do grego para “prata”: argyros.
Ela pode acontecer de forma localizada, em pedaços específicos da pele, ou generalizada, quando todo ou grande parte do corpo do paciente fica azulada.
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Hoje, o jeito mais comum de se ter argiria é através da ingestão da prata coloidal – uma substância que consiste em nada mais do que partículas de prata dispersas num líquido. Adeptos da medicina dita alternativa e de outras pseudociências afirmam que o suplemento faria bem para a saúde, ajudando a controlar a pressão, melhorar o sistema imunológico e prevenir doenças. Na pandemia, inclusive, houve um ressurgimento desses discursos sobre os supostos benefícios da prata coloidal para tratar a Covid-19. Nada disso tem comprovação científica, vale afirmar.
O uso prolongado (por anos, por exemplo) de prata coloidal pode levar ao acúmulo do metal nas unhas e na pele do indivíduo, dando a coloração azulada. O mesmo pode acontecer à exposição prolongada tópica (ou seja, na pele), por exemplo em quem trabalha diretamente com a prata ou quem aplica algum creme ou cosmético que contenha o elemento químico de forma irresponsável e por muito tempo.
A boa notícia é que a prata é um elemento considerado pouco tóxico (exceto, claro, se ingerido em grandes quantidades de uma vez). Seu acúmulo no corpo não costuma causar outros sintomas além da coloração azulada, e não é fatal.
A má notícia é que não há nenhum tratamento conhecido contra a doença. Uma pessoa com argiria fica azul para sempre; é possível que a coloração diminua com o tempo, mas não há garantia.
O caso mais famoso de argiria aconteceu com Paul Karason, um americano que tomou prata coloidal por mais de dez anos, acreditando nos seus supostos benefícios à saúde. Ele ficou famoso quando apareceu em programas de TV em 2008, com sua pele bastante azulada, e ainda defendendo o tratamento.
Karason faleceu em 2013, de uma parada cardíaca; ele tinha problemas prévios no coração, mas que não estavam ligados à argiria. Ele continuou ingerindo a prata até o fim de sua vida.
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