
A agenda econômica no Brasil estará marcada pela divulgação da Receita Tributária Federal referente a fevereiro, programada para às 10h30 desta sexta-feira (21). Nos Estados Unidos, no entanto, a agenda econômica estará vazia.
Na véspera, o Ibovespa encerrou uma sequência de seis altas consecutivas e recuou 0,42%, aos 131.954,90 pontos, uma perda de 553,55 pontos. O dólar comercial também reverteu sete quedas seguidas e subiu 0,50%, a R$ 5,676, mesmo com a intervenção do Banco Central. Os contratos futuros de juros, os DIs, subiram em toda a curva.
Nos EUA, o foco estava nas incertezas sobre as tarifas do governo Trump, o que levou a um movimento de cautela e fez os principais índices norte-americanos apresentarem queda. O dólar globalmente também se valorizou, com o índice DXY subindo 0,37%, a 103,81 pontos.
O que vai mexer com o mercado nesta sexta
Agenda
O presidente Lula inicia sua agenda às 9h com uma reunião no Palácio da Alvorada com o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Marco Aurélio Marcola, e o chefe de Gabinete Adjunto de Agenda, Oswaldo Malatesta. Às 11h, também no Palácio da Alvorada, ele se reúne com o ministro da Defesa, José Mucio. À tarde, às 15h, tem um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, começa sua agenda às 9h30 com participação na reunião presencial do Comitê de Líderes da MEI, organizada pela CNI. Às 14h, ele se reúne com Carlos Ferreira, diretor-presidente da A5X. À noite, às 19h, participa ao vivo do podcast Inteligência LTDA.
O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, e o presidente do Fed de Nova York, John Williams, participam de um evento em Barcelona ao lado de José Luis Escrivá, do Banco Central Europeu.
Brasil
10h30 – Receita Tributária Federal (fevereiro)
Zona do Euro
7h – Cúpula de Líderes da UE
12h – Índice de Confiança do Consumidor (março)
Internacional
Presidente versus judiciário
As tensões entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Judiciário se intensificaram após a Justiça bloquear medidas polêmicas, incluindo a deportação em massa de imigrantes. Trump atacou publicamente juízes que barraram suas ordens executivas, chamando um juiz de “linfático” e pedindo sua remoção. A Casa Branca, em resposta às derrotas, tem ignorado decisões judiciais e desafiado abertamente a autoridade do Judiciário.
Educação
Trump assinou uma ordem executiva para desmantelar o Departamento de Educação, destacando que o país gasta mais por aluno do que qualquer outra nação, sem melhorar a qualidade educacional. Trump afirmou que os custos seriam menores e a educação, melhor, com a devolução das responsabilidades aos estados. Ele garantiu que as funções essenciais do Departamento seriam preservadas e transferidas para outras agências.
Demissão
Dois membros democratas da Comissão Federal de Comércio (FTC) foram demitidos por Trump, em uma ação sem precedentes que pode enfraquecer a independência do órgão regulador, segundo especialistas. Rebecca Kelly Slaughter e Alvaro Bedoya afirmaram que recorrerão à Justiça, alegando violação do estatuto e de precedentes da Suprema Corte. A FTC, responsável por leis de proteção ao consumidor e concorrência, tradicionalmente tem composição bipartidária.
Economia
Orçamento aprovado
A Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou o texto-base do Orçamento da União para 2025, totalizando R$ 5,7 trilhões. Desses, R$ 1,5 trilhão será destinado ao refinanciamento da dívida pública. O texto prevê um superávit de R$ 15 bilhões, acima da estimativa inicial do governo. Entre os principais pontos, destacam-se R$ 50 bilhões em emendas parlamentares, um corte de R$ 7,7 bilhões no Bolsa Família, R$ 18 bilhões para o Minha Casa, Minha Vida e o reajuste do salário mínimo para R$ 1.518. A proposta agora segue para votação final no Congresso.
Inflação de alimentos
O governo federal reduziu impostos sobre produtos importados para conter a inflação, mas os efeitos só devem ser sentidos pelos consumidores em cerca de 60 dias, segundo Márcio Milan, da Abras. A medida zerou tarifas sobre carnes, açúcar, café e outros itens. Além disso, o governo trabalha na reformulação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que poderia gerar uma economia de R$ 7 bilhões para os supermercados. No entanto, empresas de vale-refeição contestam esse impacto. A iniciativa ainda enfrenta dúvidas sobre sua eficácia na redução dos preços.
Saúde
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) aprovou uma resolução que permite a farmacêuticos prescreverem medicamentos tarjados, dentro de protocolos clínicos estabelecidos. A norma, publicada no Diário Oficial da União, entra em vigor em 30 dias e visa aprimorar a fiscalização e segurança para pacientes.
Queda do biodiesel
Os preços do biodiesel no Brasil caíram quase 7% no ano, segundo a ANP, e podem recuar ainda mais com a safra recorde de soja e a queda do óleo de soja no mercado internacional. A manutenção da mistura de 14% no diesel, que deveria subir para 15% em março, também impacta a demanda. Com o biodiesel a R$ 5,797 por litro, o menor valor desde outubro de 2024, a tendência é de alívio nos custos. Especialistas apontam que o governo poderia aproveitar o cenário para reduzir o preço do diesel e retomar o aumento da mistura, já que o impacto sobre os combustíveis seria pequeno.
Vagas não preenchidas
O setor supermercadista enfrenta uma crise de mão de obra, com 357 mil vagas abertas no Brasil e dificuldades para encontrar trabalhadores. As redes de supermercados têm buscado parcerias com o Exército e outras forças armadas para recrutar egressos, além de atrair jovens que procuram maior flexibilidade e salários mais altos. O setor também está dialogando com o governo e o Congresso sobre mudanças na CLT, incluindo a possibilidade de flexibilização da jornada de trabalho, que inclui discussões sobre o fim da escala 6×1.
Política
Caixa do Tesouro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda resgatar recursos da União, hoje parados em fundos privados, para reforçar o caixa do Tesouro em 2025, totalizando cerca de R$ 10 bilhões. Entre os valores mapeados, R$ 4,5 bilhões estavam destinados a empresas afetadas pelas enchentes no RS, mas não foram integralmente utilizados. Outra fonte de recursos pode ser o Fgeduc, fundo ligado ao Fies, cujo patrimônio líquido era de R$ 10,9 bilhões no fim de 2023. A medida visa melhorar a percepção do mercado sobre o compromisso fiscal do governo, reduzindo a necessidade de captação de dívida.
Insatisfeito
Lula está insatisfeito com a gestão de João Fukunaga na Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, devido a polêmicas e desgastes relacionados à administração do fundo, segundo a CNN. Entre os problemas estão um déficit bilionário no Plano 1, alvo de auditoria pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e suspeitas envolvendo Fukunaga e o advogado Tiago Cedraz.
Negócio fechado
A ministra Gleisi Hoffmann (PT) acertou com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, um acordo para desbloquear a votação do Orçamento no Congresso. O acordo envolveu o pagamento de emendas parlamentares de 2024 e a apresentação de um cronograma para a execução dos recursos. A cúpula do Legislativo havia ameaçado paralisar as votações, cobrando o cumprimento de acordos sobre emendas. Segundo a Folha de S.Paulo, Gleisi também sinalizou o pagamento de R$ 3 bilhões em emendas extras e um cronograma para o pagamento das emendas de comissão.
Live de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou, na quinta-feira, uma live em comemoração aos seus 70 anos, ao lado do advogado Paulo Cunha Bueno e de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Durante a transmissão, Bolsonaro voltou a se defender da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente reforçou a narrativa de que estava nos Estados Unidos durante os atos de 8 de janeiro e que não poderia ter participado das manifestações. Segundo o advogado de Bolsonaro, as ações golpistas foram um “episódio infeliz”.
Eduardo Bolsonaro
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) entregou à Câmara, na quinta-feira, o pedido formal de licença. O parlamentar solicitou afastamento por 122 dias. Segundo o ofício apresentado pelo deputado a licença será dividida em dois dias para tratamento de saúde e 120 dias para cuidar de “interesses particulares”.
Enquete
Em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou as avaliações negativas do mercado sobre sua gestão e a economia. Ele disse que o estudo da Quaest feita com 100 pessoas não foi uma pesquisa, mas, sim, uma enquete. Haddad destacou entregas como a reforma tributária, o novo marco fiscal e um crescimento econômico superior à média dos últimos sete anos. Haddad também contestou projeções pessimistas sobre a trajetória da dívida pública, argumentando que a taxa de juros elevada é uma medida temporária.
Obrigação
O Banco Central tem a obrigação de reduzir a inflação e o governo fará sua parte no controle de preços, segundo Haddad. Ele isentou Gabriel Galípolo da alta de juros e destacou que a nova gestão do BC herdou desafios da administração anterior.
Sem dificuldades
Haddad afirmou que o Congresso deve aprovar sem dificuldades o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Se aprovado, a mudança valerá a partir de 2026, beneficiando também quem recebe até R$ 7 mil, com descontos parciais. Haddad rebateu críticas da oposição e lembrou que Jair Bolsonaro prometeu, mas não atualizou a tabela do IR.
COP30
O Brasil apresentará propostas ambiciosas para o meio ambiente na COP30, em novembro, conforme planeja Haddd. Entre elas, ele destacou o pagamento por serviços ambientais e o mercado internacional de carbono. Segundo ele, o governo está alinhado em iniciativas como biocombustíveis, energia limpa e títulos verdes. Haddad ressaltou que a redução do desmatamento fortalece o agronegócio brasileiro no mercado global. Além disso, revelou ao presidente Lula um plano para atrair data centers ao país, aproveitando a energia limpa disponível e o avanço da inteligência artificial.
Pautas ideológicas
Paulo Azi (União Brasil-BA), novo presidente da CCJ da Câmara, afirmou que as pautas ideológicas não serão prioridades sob sua gestão e defendeu reduzir o antagonismo entre Legislativo e Judiciário. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Azi disse que focará em temas econômicos e de segurança pública, além de dar atenção especial aos projetos do Executivo.
Moraes e Dino
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quinta-feira (20) a favor de que os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino sejam impedidos de atuar no julgamento da denúncia sobre a trama golpista que pretendia impedir o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar do voto do ministro, a Corte formou maioria de votos para rejeitar os recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro e do general Braga Netto para afastar de Moraes e Dino da votação.
Ameaças
O aumento nas ameaças direcionadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), coincidente com a proximidade do julgamento sobre a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, motivou o tribunal a reforçar a segurança. As ameaças têm sido registradas principalmente por telefone e e-mail, e a Ouvidoria do STF está monitorando os casos.
Lei da Ficha Limpa
A proposta que flexibiliza a Lei da Ficha Limpa, atualmente em trâmite no Congresso, visa reduzir o prazo de perda dos direitos políticos, o que originalmente poderia beneficiar Jair Bolsonaro, permitindo que ele tentasse reverter sua inelegibilidade e concorresse nas eleições de 2026. Contudo, após emenda proposta por Randolfe Rodrigues, o projeto passou a excluir a possibilidade de Bolsonaro utilizar essa mudança para reaver seus direitos políticos, uma vez que o texto agora condiciona a inelegibilidade a comportamentos graves, mas sem vincular isso à cassação de registros ou mandatos. A alteração enfraqueceu a estratégia de Bolsonaro e seus aliados de utilizar a proposta para reverter sua inelegibilidade.
Resposta para a denúncia
A OAB confirmou o recebimento das representações enviadas pelas defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e do general Braga Netto, e disse que todos os pedidos relacionados a possíveis violações do livre exercício profissional serão tratados com seriedade e imparcialidade, sem distinção de parte ou contexto.
Margem Equatorial
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, por não ter coragem de dar uma resposta sobre o pedido de licença para exploração de petróleo na Margem Equatorial. Durante coletiva na abertura da 2ª Reunião de Energia do BRICS, Silveira afirmou que Agostinho está receoso em tomar uma decisão e defendeu que todos devem responder publicamente quando questionados.
Corporativo
Brava Energia (BRAV3)
A petroleira Brava Energia, resultante da fusão entre 3R Petroleum e Enauta, fechou o quarto trimestre de 2024 com prejuízo líquido pró-forma de R$ 1,028 bilhão. A companhia atribui o resultado à desvalorização cambial do período, evento contábil e, portanto, “sem efeito caixa”. Pesaram, também, as paradas nas produções dos campos de Atlanta e Papa-Terra, já retomadas.
Hypera (HYPE3)
A Hypera Pharma registrou lucro líquido das operações continuadas (ajustado) de R$ 79,5 milhões no quarto trimestre de 2024, queda de 74,2% ante o mesmo período do ano anterior. Já no ano de 2024, o lucro líquido da companhia somou R$ 1,3 bilhão, queda de 19,3% ante 2023.
(Com Reuters e Estadão)
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