Leandro Portella mora em Araçoiaba da Serra (SP) e quebrou o pescoço aos 17 anos de idade, durante mergulho. Livro retrata história e trajetória do artista, do acidente ao momento atual. Leandro Portella mora em Araçoiaba da Serra (SP) e revela um lado sensível para a arte e escrita
Arquivo pessoal
A sensibilidade e a criatividade dos artistas podem ultrapassar qualquer barreira e obstáculo que surgem em suas vidas. É o caso do escritor e artista plástico Leandro Portella, que, após sofrer um acidente de mergulho aos 17 anos, ficou tetraplégico.
Mesmo com as dificuldades, o artista encontrou na arte uma forma de se expressar, pintando quadros com a boca e publicando um livro escrito por comandos de voz no qual narra sua história de vida.
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Leandro tem 44 anos de idade e mora em Araçoiaba da Serra (SP). Durante a sua adolescência, um mergulho na praia, que deveria ter sido um sonho alegre de viagem de verão, transformou-se em pesadelo quando ele sofreu um acidente e quebrou o pescoço, na Praia da Sununga, em Ubatuba (SP).
Publicado no mês de março, o livro intitulado “Depois do Mergulho” aborda a trajetória de vida do artista em 31 textos. Ele conta que a obra literária tem início no dia do acidente.
“Durante o livro, eu vou falando várias coisas que se unem comigo em forma de crônicas. Então, tem uma parte que eu conto sobre quando eu tive uma parada respiratória, depois sobre depender do respirador, sobre a UTI, e assim consecutivamente até os dias de hoje. Tem um texto para cada momento da minha história”, revela Leandro, que pôde expressar seus sentimentos por meio de comandos de voz.
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“O livro todo é como se fosse um filho meu”, continua. “O fato de escrever cada texto e reviver momentos doloridos foi uma viagem ao passado, em momentos doloridos e momentos felizes. Eu mergulhei em mim mesmo e em toda a minha história. Dessa maneira, trouxe à tona tudo o que eu passei.”
Livro ‘Depois do Mergulho’ foi lançado no dia 16 de março de 2025 em Araçoiaba da Serra (SP)
Arquivo pessoal
Leandro ainda reforça que a obra explora os desafios e transformações vividas por ele, indo além de meros relatos das dificuldades ou uma visão romantizada da superação.
“É uma coletânea de crônicas que exploram os desafios e transformações vividas após o acidente. Os textos apresentam um olhar sincero sobre a adaptação à nova realidade, os aprendizados inesperados e os momentos de leveza que surgem mesmo em meio às adversidades”, diz.
O incentivo para escrever o livro surgiu de uma postagem nas redes sociais, de acordo com o artista. Ele conta que escrevia alguns textos e os seguidores gostavam da dinâmica: “Fiz um texto, postei e as pessoas gostaram. A partir daí, eu fui escrevendo, sem compromisso, sabe? A gente [família] postava só um pedaço de um texto, até que me falaram: ‘Isso pode virar um livro'” , relembra.
“Até que eu, meu irmão, minha cunhada e um amigo analisamos e pegamos os melhores textos. Fizemos uma edição na ordem cronológica, buscamos uma editora online, fizemos a capa e, no fim, publicamos”, conta.
Leandro Portella tem 44 anos e tem uma grande habilidade com arte e escrita
Arquivo pessoal
🌊 ‘Depois do Mergulho’
Além de ter perdido os movimentos do corpo após o acidente, Leandro nasceu com uma malformação congênita chamada fenda no palato. Devido a esse problema, ele sempre teve dificuldades em se comunicar. Foi então que, como forma de terapia para ambos os problemas, iniciou sua vida artística para conseguir se expressar de alguma forma.
“É como se eu tivesse perdido o corpo após o acidente. Dessa forma, apenas me sobraram a mente e a voz. No começo, foi bem difícil, mas acho que a minha voz conseguiu se adaptar em tudo. Depois de um longo processo, comecei a dar palestras, e busco me expressar tanto na escrita quanto na pintura”, diz.
Leandro Portella faz diversas obras de arte com a boca em Araçoiaba da Serra (SP)
Arquivo pessoal
Leandro possui uma coleção de obras artísticas com representações de animais, pessoas e paisagens. As pinturas são feitas com tinta acrílica e podem demorar de sete a 15 dias – dependendo da complexidade – para serem finalizadas.
“Eu tinha muito tempo ocioso, então encontrei na arte uma forma para passar o tempo até se tornar algo profissional. Desde então, eu faço parte da associação internacional de pintores com o pé e a boca. Isso me deu a oportunidade de aprender e melhorar meu trabalho”, conta.
🎨 ‘Ressignificar’
Leandro Portella também participou de documentário sobre sua vida em Araçoiaba da Serra (SP)
Arquivo pessoal
Além dos quadros e dos livros, Leandro está participando de um documentário chamado “Ressignificar”, um trabalho especial realizado com o apoio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB).
“O documentário narra minha trajetória como artista plástico e minha vivência como pessoa tetraplégica, e estou animado para contribuir com minha visão e minha arte. Esse trabalho busca trazer reflexões sobre superação, arte e novas perspectivas de vida, mostrando como podemos transformar desafios em oportunidades de crescimento”, conta.
Na filmagem, são apresentados os valores da arte, da resiliência, do amor à vida, e o processo de ressignificação da vida do artista. Ou seja, de acordo com o artista, trata-se de um documentário que retrata as reinvenções e o renascer de um novo Leandro.
“Espero que essa história inspire muitas pessoas a enxergarem além das limitações e a encontrarem novas formas de expressão e realização”, diz.
O documentário será apresentado gratuitamente em dias e locais diferentes, em Araçoiaba da Serra. Confira os horários, datas e locais abaixo:
Museu José Pinto
Datas: de 12 a 19 de abril;
Horário: às 19h;
Local: Praça Coronel Almeida, 203.
Casa da Cultura
Datas: dias 26, 28 e 29 de abril;
Horário: 19h e 20h;
Local: Maestro Ary Vieira de Albuquerque, Pedro Nolasco Vieira, 120.
Clube da Leitura e Nenio Rock Bar
Datas: 15 de maio;
Horário: 19h e 20h;
Local: Praça Coronel Almeida, 159.
Leandro Portella começou a desenhar como forma de terapia
Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
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Arquivo pessoal
A sensibilidade e a criatividade dos artistas podem ultrapassar qualquer barreira e obstáculo que surgem em suas vidas. É o caso do escritor e artista plástico Leandro Portella, que, após sofrer um acidente de mergulho aos 17 anos, ficou tetraplégico.
Mesmo com as dificuldades, o artista encontrou na arte uma forma de se expressar, pintando quadros com a boca e publicando um livro escrito por comandos de voz no qual narra sua história de vida.
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Leandro tem 44 anos de idade e mora em Araçoiaba da Serra (SP). Durante a sua adolescência, um mergulho na praia, que deveria ter sido um sonho alegre de viagem de verão, transformou-se em pesadelo quando ele sofreu um acidente e quebrou o pescoço, na Praia da Sununga, em Ubatuba (SP).
Publicado no mês de março, o livro intitulado “Depois do Mergulho” aborda a trajetória de vida do artista em 31 textos. Ele conta que a obra literária tem início no dia do acidente.
“Durante o livro, eu vou falando várias coisas que se unem comigo em forma de crônicas. Então, tem uma parte que eu conto sobre quando eu tive uma parada respiratória, depois sobre depender do respirador, sobre a UTI, e assim consecutivamente até os dias de hoje. Tem um texto para cada momento da minha história”, revela Leandro, que pôde expressar seus sentimentos por meio de comandos de voz.
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“O livro todo é como se fosse um filho meu”, continua. “O fato de escrever cada texto e reviver momentos doloridos foi uma viagem ao passado, em momentos doloridos e momentos felizes. Eu mergulhei em mim mesmo e em toda a minha história. Dessa maneira, trouxe à tona tudo o que eu passei.”
Livro ‘Depois do Mergulho’ foi lançado no dia 16 de março de 2025 em Araçoiaba da Serra (SP)
Arquivo pessoal
Leandro ainda reforça que a obra explora os desafios e transformações vividas por ele, indo além de meros relatos das dificuldades ou uma visão romantizada da superação.
“É uma coletânea de crônicas que exploram os desafios e transformações vividas após o acidente. Os textos apresentam um olhar sincero sobre a adaptação à nova realidade, os aprendizados inesperados e os momentos de leveza que surgem mesmo em meio às adversidades”, diz.
O incentivo para escrever o livro surgiu de uma postagem nas redes sociais, de acordo com o artista. Ele conta que escrevia alguns textos e os seguidores gostavam da dinâmica: “Fiz um texto, postei e as pessoas gostaram. A partir daí, eu fui escrevendo, sem compromisso, sabe? A gente [família] postava só um pedaço de um texto, até que me falaram: ‘Isso pode virar um livro'” , relembra.
“Até que eu, meu irmão, minha cunhada e um amigo analisamos e pegamos os melhores textos. Fizemos uma edição na ordem cronológica, buscamos uma editora online, fizemos a capa e, no fim, publicamos”, conta.
Leandro Portella tem 44 anos e tem uma grande habilidade com arte e escrita
Arquivo pessoal
🌊 ‘Depois do Mergulho’
Além de ter perdido os movimentos do corpo após o acidente, Leandro nasceu com uma malformação congênita chamada fenda no palato. Devido a esse problema, ele sempre teve dificuldades em se comunicar. Foi então que, como forma de terapia para ambos os problemas, iniciou sua vida artística para conseguir se expressar de alguma forma.
“É como se eu tivesse perdido o corpo após o acidente. Dessa forma, apenas me sobraram a mente e a voz. No começo, foi bem difícil, mas acho que a minha voz conseguiu se adaptar em tudo. Depois de um longo processo, comecei a dar palestras, e busco me expressar tanto na escrita quanto na pintura”, diz.
Leandro Portella faz diversas obras de arte com a boca em Araçoiaba da Serra (SP)
Arquivo pessoal
Leandro possui uma coleção de obras artísticas com representações de animais, pessoas e paisagens. As pinturas são feitas com tinta acrílica e podem demorar de sete a 15 dias – dependendo da complexidade – para serem finalizadas.
“Eu tinha muito tempo ocioso, então encontrei na arte uma forma para passar o tempo até se tornar algo profissional. Desde então, eu faço parte da associação internacional de pintores com o pé e a boca. Isso me deu a oportunidade de aprender e melhorar meu trabalho”, conta.
🎨 ‘Ressignificar’
Leandro Portella também participou de documentário sobre sua vida em Araçoiaba da Serra (SP)
Arquivo pessoal
Além dos quadros e dos livros, Leandro está participando de um documentário chamado “Ressignificar”, um trabalho especial realizado com o apoio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB).
“O documentário narra minha trajetória como artista plástico e minha vivência como pessoa tetraplégica, e estou animado para contribuir com minha visão e minha arte. Esse trabalho busca trazer reflexões sobre superação, arte e novas perspectivas de vida, mostrando como podemos transformar desafios em oportunidades de crescimento”, conta.
Na filmagem, são apresentados os valores da arte, da resiliência, do amor à vida, e o processo de ressignificação da vida do artista. Ou seja, de acordo com o artista, trata-se de um documentário que retrata as reinvenções e o renascer de um novo Leandro.
“Espero que essa história inspire muitas pessoas a enxergarem além das limitações e a encontrarem novas formas de expressão e realização”, diz.
O documentário será apresentado gratuitamente em dias e locais diferentes, em Araçoiaba da Serra. Confira os horários, datas e locais abaixo:
Museu José Pinto
Datas: de 12 a 19 de abril;
Horário: às 19h;
Local: Praça Coronel Almeida, 203.
Casa da Cultura
Datas: dias 26, 28 e 29 de abril;
Horário: 19h e 20h;
Local: Maestro Ary Vieira de Albuquerque, Pedro Nolasco Vieira, 120.
Clube da Leitura e Nenio Rock Bar
Datas: 15 de maio;
Horário: 19h e 20h;
Local: Praça Coronel Almeida, 159.
Leandro Portella começou a desenhar como forma de terapia
Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
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