
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (25) atrai atenção nacional, com a expectativa sobre a possível decisão da corte em relação à continuidade da denúncia de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro e seus aliados enfrentam ao menos cinco acusações, e a sua defesa se prepara para argumentar contra elas.
Enquanto isso, a agenda econômica no Brasil e nos Estados Unidos segue com atenção voltada para indicadores de consumo e decisões monetárias. No cenário doméstico, a Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada hoje, deve levar os investidores a avaliarem o tom do Copom uma semana após a equipe liderada por Gabriel Galípolo elevar a taxa Selic para 14,25%, refletindo os esforços do Banco Central para controlar a inflação em meio a pressões econômicas internas.
Nos Estados Unidos, o mercado aguarda os dados sobre confiança do consumidor e novas moradias, além dos estoques de petróleo, que podem oferecer pistas sobre a saúde da economia norte-americana.
O que vai mexer com o mercado nesta terça
Agenda
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa da cerimônia de abertura do evento “Reforma Tributária, e agora? Venha entender os próximos passos” realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), a partir das 9h.
Às 10h30, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá uma reunião com o Deputado Federal Rogério Correia (PT/MG), Vinicius Favilla Fuzeti, Chefe de Gabinete, Lucas Zini Ribeiro, Assessor Parlamentar, e o Deputado Florentino Alves Veras Neto (PT/PI) no Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília, para tratar de assuntos legislativos. À tarde, das 12:00 às 14:00, Galípolo se reunirá com um grupo de Embaixadores em Brasília para discutir assuntos institucionais, em encontro também fechado à imprensa. Às 17h30, o presidente do Banco Central terá uma audiência com João Carlos Camargo, Fundador e Presidente do Conselho da Esfera Brasil Ltda., com a presença restrita à imprensa.
Nos EUA, a governadora do Fed, Adriana Kugler, e o presidente do Fed de Nova York, John Williams, participarão de eventos ao longo do dia.
Brasil
8h – Confiança do consumidor (março)
8h – Ata do Copom
EUA
11h – Confiança do consumidor (março)
11h – Novas moradias (fevereiro)
17h30 – Estoques de petróleo (semanal)
Internacional
Novas tarifas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira (24) que, em breve, estabelecerá tarifas sobre automóveis, alumínio e produtos farmacêuticos. A medida, chamada de tarifa secundária, começará a valer em 2 de abril, segundo publicação no Truth Social. Durante entrevista na Casa Branca, Trump afirmou que os EUA precisariam desses produtos em caso de problemas, incluindo guerras. Ele também indicou que essa ação está alinhada com a segurança nacional do país.
Mais tarifas
Trump também disse que aplicará uma tarifa secundária sobre a Venezuela a partir de 2 de abril, data em que também entrarão em vigor as tarifas recíprocas já previstas. Em publicação no Truth Social, ele afirmou que qualquer país que compre petróleo ou gás da Venezuela terá que pagar uma tarifa de 25% sobre o comércio com os EUA.
Pausa
Trump, no entanto, disse que pode conceder “várias pausas em tarifas para diversos países”. Embora tenha escalado o protecionismo, o presidente americano sinalizou flexibilidade, afirmando que nem todas as tarifas começarão em 2 de abril. Além disso, criticou o processo eleitoral, sugerindo que a inflação não existiria em uma eleição justa, e defendeu a utilização exclusiva de cédulas de papel e a votação em um único dia.
Ovos do Brasil
Os Estados Unidos aumentaram em quase 93% suas importações de ovos do Brasil, anteriormente utilizados apenas para ração animal, devido à escassez provocada pela gripe aviária, que afetou milhões de aves no país.
Gripe aviária
O Reino Unido confirmou o primeiro caso de gripe aviária H5N1 em ovelhas, em uma propriedade de Yorkshire, segundo o Financial Time. A infecção foi detectada após vigilância de rotina de animais em uma área onde a doença já havia sido identificada em aves cativas. Apesar de autoridades minimizarem os riscos para o gado e as pessoas, medidas rigorosas de biossegurança foram implementadas para evitar surtos maiores.
Economia
Crédito consignado
O novo crédito consignado CLT tem gerado grande interesse entre os trabalhadores, surpreendendo as instituições financeiras. Segundo dados obtidos pela CNN, mais de 5,6 milhões de pessoas já solicitaram empréstimos que somam mais de R$ 50 bilhões. A média dos pedidos é de R$ 8.995, com um prazo médio de 31 meses e uma margem consignável de 35% do salário, o que implica em uma média salarial de R$ 2.585 entre os trabalhadores que pediram o crédito. A demanda tem sido tão alta que, em poucos dias, já superou o total de crédito consignado concedido ao setor privado até janeiro de 2025.
Política
Julgamento de Bolsonaro
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciará, nesta terça-feira (25), o julgamento que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro réu pelos crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A Primeira Turma da Corte, presidida pelo ministro Cristiano Zanin, avaliará a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e decidirá se ela será acatada. Caso a denúncia seja aceita, será instaurada a ação penal, com o devido processo legal, incluindo a coleta de provas, testemunhos e outras etapas do processo judicial. Além de Bolsonaro, outros aliados do ex-presidente também estão envolvidos, como Mauro Cid, Walter Braga Netto, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. A decisão do STF determinará o andamento do processo, com a garantia de direito à defesa e possíveis recursos.
Aliados
Os aliados de Jair Bolsonaro estão divididos sobre como ele deve encarar o julgamento. Parte de sua equipe sugere que ele se concentre em preparações para um discurso pós-julgamento, enquanto outros acreditam que a presença no podcast com o governador Tarcísio de Freitas é importante. A defesa de Bolsonaro será conduzida por Celso Vilardi, que inicialmente desaconselhou sua ida ao STF, mas agora sinalizou que não se opõe à decisão do ex-presidente. A expectativa é que a denúncia seja aceita por unanimidade pelos ministros da Primeira Turma.
Sem sucessor
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira, 24, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não pretende indicar um sucessor e só passará o “bastão” depois de morto. Ele disse ainda que, mesmo inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode registrar sua candidatura a presidente na eleição de 2026 e deixar que a Justiça Eleitoral defina se ele pode ou não se candidatar.
‘Tirou nosso mandato’
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atribuiu a derrota na eleição de 2022 à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que sacou uma arma e perseguiu um apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma rua no bairro Jardins em São Paulo na véspera do segundo turno.
“A Carla Zambelli tirou o mandato da gente. Ela tirou o mandato da gente”, disse Bolsonaro ao relembrar o episódio durante participação no podcast Inteligência Ltda. nesta segunda-feira, 24.
Carla Zambelli
O ministro Kassio Nunes Marques, do STF, adiou o julgamento da deputada Carla Zambelli (PL) por porte irregular de arma de fogo e constrangimento ilegal, ao pedir vista do processo. O julgamento, que estava 5 votos a 0 a favor da condenação, pode ser suspenso por até 90 dias. O relator, Gilmar Mendes, foi acompanhado por Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin, que votaram pela pena de 5 anos e 3 meses de prisão. O caso envolve um incidente de outubro de 2022, quando Zambelli apontou uma arma para um jornalista e o perseguiu, configurando os crimes de porte ilegal e constrangimento ilegal.
Supersalários
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, defendeu nesta segunda-feira, 24, que novas regras sejam estabelecidas para a remuneração do Poder Judiciário. Ele afirmou que o Brasil vive um “quadro de verdadeira desordem” quando o assunto é os supersalários da Justiça e sugeriu um debate por parte do governo.
Esclarecimentos
O ministro Flávio Dino, do STF, pediu esclarecimentos a três ministros sobre o uso de emendas parlamentares, com foco nos repasses por Pix. Dino questionou Fernando Haddad, da Fazenda, sobre a rastreabilidade dos recursos do Perse e medidas contra desvios. Também pediu informações a Alexandre Padilha, da Saúde, sobre a aprovação de planos de trabalho para emendas no SUS. Já Celso Sabino, do Turismo, foi questionado sobre os planos de turismo executados. O STF busca garantir maior transparência na destinação dessas verbas, conforme um acordo com o Congresso.
Arcabouço fiscal
Haddad reafirmou seu apoio ao atual arcabouço fiscal, afirmando que está confortável com seus parâmetros e defende reforçá-los. Em resposta a uma tentativa de distorção de suas declarações, ele afirmou que, embora os parâmetros possam ser ajustados conforme a estabilidade econômica, a arquitetura do sistema deve ser mantida.
Otimismo
Haddad também expressou otimismo quanto à inflação de 2025, dizendo que fatores como a safra agrícola, o câmbio e as questões geopolíticas podem impulsionar uma surpresa positiva. Ele afirmou que o dólar no Brasil já se acomodou em um nível mais condizente com as taxas internacionais, o que deve ajudar na estabilidade econômica. Haddad também se mostrou confiante de que o Brasil terá um desempenho melhor em 2025, superando os desafios que surgirem, e apontou que o Banco Central pode ter mais espaço para ajustar a política monetária, com um possível alívio nas taxas de juros.
Com responsabilidade
Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., Haddad disse que o governo Lula não recorrerá a práticas fiscais irresponsáveis para vencer as eleições de 2026, caso Lula decida se candidatar novamente. Haddad criticou as medidas adotadas pelo governo Bolsonaro antes das eleições de 2022, que geraram desorganização nas contas públicas e aumentaram a desconfiança entre empresários.
Alta de juros
Geraldo Alckmin, vice-presidente da República, criticou a política monetária de alta de juros para combater a inflação de alimentos, durante evento do Valor Econômico. Ele comparou a situação com os Estados Unidos, onde alimentos não entram no índice de inflação, argumentando que aumento de juros não resolveria questões climáticas que afetam os preços. Alckmin também alertou que, a cada 1% de aumento da Selic, o impacto na dívida pública é de R$ 48 bilhões. Sobre a China, ressaltou a importância do país como parceiro comercial e criticou a postura protecionista dos EUA.
Coaf
A tentativa do chefe da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, de colocar o delegado Ricardo Saadi no comando do Coaf enfrenta resistência no Congresso e entre ministros do STF, segundo informações da Folha de S.Paulo. A escolha de Saadi gerou preocupações sobre uma possível influência excessiva da PF sobre o órgão, que lida com informações sensíveis sobre movimentações bancárias.
Presidência do PT
O ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, está lançando sua candidatura para presidir o PT, com o apoio do presidente Lula, que lhe deu o sinal verde antes de sua viagem ao Japão. O ato de lançamento oficial deve ocorrer nesta sexta-feira (28), em Brasília, quando Edinho deve anunciar um calendário de viagens pelo Brasil para consolidar sua candidatura.
(Com Reuters e Estadão)
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