Música lançada por Ney Matogrosso há 50 anos, ‘As ilhas’ emerge com força dramática na cena em que o cantor encadeia três suítes temáticas no roteiro de recital que estreou ontem no Rio de Janeiro. Ayrton Montarroyos no palco do Teatro Gláucio Gill na estreia carioca do show ‘A lira do povo’ dentro do projeto ‘Cenas musicais’
Felipe Steurer / Divulgação Teatro Gláucio Gill
♫ CRÔNICA
♩ Foi somente quando voltou para o bis do show A lira do povo que Ayrton Montarroyos deu boa noite ao público que lotou o Teatro Gláucio Gill na noite de ontem, 22 de abril, para assistir à estreia carioca desse recital indie que entrou em cena em novembro de 2023, virou álbum – gravado em estúdio – em junho de 2024 e enfim chegou à cidade do Rio de Janeiro (RJ) neste ano de 2025 dentro da programação do projeto Cenas musicais, orquestrado com curadoria de Pedro Baby.
A rigor, ninguém sentiu falta do cumprimento porque a plateia já parecia ciente da estranheza deste “show maluco” – assim caracterizado em cena pelo próprio Ayrton – em que o cantor pernambucano dá voz a quase 40 músicas encadeadas em três suítes temáticas e sequenciais.
No palco do Gláucio Gill, acompanhado somente pelo polivalente Arquétipo Rafa, homem-orquestra que pilotou todos os instrumentos, o intérprete puxou o fio de meada que partiu do sertão nordestino, desaguou no mar e aportou na selva urbana das cidades. Na cena densa, o cantor jamais perdeu o fio dessa meada, mas a fragmentação de muitas músicas favoreceu a fruição das que foram cantadas na íntegra.
Não por acaso, as interpretações de Estrada do sertão (João Pernambuco e Hermínio Bello de Carvalho, 1985), A mãe d’água e a menina (Dorival Caymmi, 1985) e As ilhas (Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro, 1975) foram os momentos mais aplaudidos na estreia carioca do show A lira do povo. Música apresentada há 50 anos na voz de Ney Matorosso, As ilhas emergiu com força dramática no arremate teatral do recital.
Pela rígida estrutura conceitual, o show A lira do povo foi concebido sem bis. Contudo, ao longo da turnê, Ayrton Montarroyos acabou criando um bis, adicionando a lira angustiada do compositor Belchior (1946 – 2027) ao recital com o canto no bis de Galos, noites e quintais (1976), música amplificada por Maria Bethânia no último show solo da cantora, estreado em abril de 2022.
Curiosamente, Bethânia também é intérprete que jamais prejudica a fluência de um roteiro de show para dar boa noite ao público.
Com A lira do povo, Ayrton Montarroyos reafirma a lucidez e a personalidade forte ao seguir fiel o roteiro desse “show maluco”.
Ayrton Montarroyos canta músicas como ‘As ilhas’ e ‘Estrada do sertão’ em roteiro que encadeia três suítes temáticas
Felipe Steurer / Divulgação Teatro Gláucio Gill
Felipe Steurer / Divulgação Teatro Gláucio Gill
♫ CRÔNICA
♩ Foi somente quando voltou para o bis do show A lira do povo que Ayrton Montarroyos deu boa noite ao público que lotou o Teatro Gláucio Gill na noite de ontem, 22 de abril, para assistir à estreia carioca desse recital indie que entrou em cena em novembro de 2023, virou álbum – gravado em estúdio – em junho de 2024 e enfim chegou à cidade do Rio de Janeiro (RJ) neste ano de 2025 dentro da programação do projeto Cenas musicais, orquestrado com curadoria de Pedro Baby.
A rigor, ninguém sentiu falta do cumprimento porque a plateia já parecia ciente da estranheza deste “show maluco” – assim caracterizado em cena pelo próprio Ayrton – em que o cantor pernambucano dá voz a quase 40 músicas encadeadas em três suítes temáticas e sequenciais.
No palco do Gláucio Gill, acompanhado somente pelo polivalente Arquétipo Rafa, homem-orquestra que pilotou todos os instrumentos, o intérprete puxou o fio de meada que partiu do sertão nordestino, desaguou no mar e aportou na selva urbana das cidades. Na cena densa, o cantor jamais perdeu o fio dessa meada, mas a fragmentação de muitas músicas favoreceu a fruição das que foram cantadas na íntegra.
Não por acaso, as interpretações de Estrada do sertão (João Pernambuco e Hermínio Bello de Carvalho, 1985), A mãe d’água e a menina (Dorival Caymmi, 1985) e As ilhas (Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro, 1975) foram os momentos mais aplaudidos na estreia carioca do show A lira do povo. Música apresentada há 50 anos na voz de Ney Matorosso, As ilhas emergiu com força dramática no arremate teatral do recital.
Pela rígida estrutura conceitual, o show A lira do povo foi concebido sem bis. Contudo, ao longo da turnê, Ayrton Montarroyos acabou criando um bis, adicionando a lira angustiada do compositor Belchior (1946 – 2027) ao recital com o canto no bis de Galos, noites e quintais (1976), música amplificada por Maria Bethânia no último show solo da cantora, estreado em abril de 2022.
Curiosamente, Bethânia também é intérprete que jamais prejudica a fluência de um roteiro de show para dar boa noite ao público.
Com A lira do povo, Ayrton Montarroyos reafirma a lucidez e a personalidade forte ao seguir fiel o roteiro desse “show maluco”.
Ayrton Montarroyos canta músicas como ‘As ilhas’ e ‘Estrada do sertão’ em roteiro que encadeia três suítes temáticas
Felipe Steurer / Divulgação Teatro Gláucio Gill