O primeiro bimestre de 2025 chegou ao fim com bons números. Os resultados acumulados em janeiro e fevereiro representam uma alta de 15% na comparação com o mesmo período de 2024. Esse crescimento no primeiro bimestre é o maior desde 2021.
O que também cresceu foram as exportações dos carros fabricados no Brasil. A alta registrada em 2025 é de 54,9%, tracionada por mercados como Argentina, Colômbia, Uruguai e Chile. “São mercados que reagiram e garantiram esse crescimento”, diz Marcio Lima Leite, que está deixando o cargo de presidente da Anfavea.
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A Argentina, que vinha consumindo menos carros brasileiros, registrou um crescimento de 172% no período, enquanto a alta nas importações da Colômbia foi de 52%.
“O volume de exportação no primeiro bimestre de 2024 foi muito baixo, mas estamos percebendo um aumento nas exportações com o passar dos meses” confirmar na gravação.
Crescimento é bom, mas há fatores que preocupam dentro e fora das fronteiras brasileiras.
Dentro do Brasil, merece atenção o aumento das vendas de carros por meio de financiamento. Em 2024, as vendas de automóveis à vista chegou a uma parcela de 70%, mas em dezembro esse número já havia recuado a 55%, com 45% deles financiados.
Contudo, a taxa Selic (hoje em 13,3%) forçou a elevação do custo efetivo do financiamento de 25% em julho de 2024 para 29,5% em janeiro de 2025.
“O que nós estamos vivendo hoje é o momento de maior taxa de juros para o consumidor brasileiro”, sinalizou Marcio de Lima Leite. Isso, mesmo com o índice de inadimplência em 2,6% para pessoa jurídica e 4% para pessoa física.
O Marco das Garantias, que já foi aprovado e poderá facilitar a retomada de bens de inadimplentes, ainda não surtiu efeito no mercado por questões técnicas e poderá mitigar isso no futuro.

Quando o assunto é América Latina, o ponto de preocupação é a perda de representatividade do Brasil no mercado local.
Os carros brasileiros representam 13,9% das importações dos mercados da América Latina. Era 19,4% em 2022 e 22,5% em 2013. Isso não representa apenas o efeito das importações de carros chineses, mas também a perda de competitividade dos carros brasileiros nos últimos anos.
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“O que é mais preocupante é quando você, fabricante e que tem fábrica no Brasil, começa a importar por outros países, como a China. Quem abastece Colômbia, historicamente? Brasil. Se você começa a ter importações da sua própria empresa de outros países, significa que o Brasil está perdendo competitividade, que é o que está acontecendo”, diz Lima Leite.
A solução, segundo ele, será ter mais acordos bilaterais com outros mercados e conseguir uma harmonização no processo de homologação. “É impensável você vender um produto para esses mercados e você aguardar seis meses, oito meses de homologação técnica entre o produto que você vende no Brasil e o que vai vender nestes países”, complementa.
E os carros importados?
As importações brasileiras cresceram 26,2% no bimestre e até poderia crescer mais, especialmente no que diz respeito a carros importados do Mercosul. Há um gargalo no fornecimento de carros a partir da Argentina.
“A Argentina tem menos disponibilidade de carros para exportação, por conta da demanda do mercado interno. O recuo das importações de mercosul está relacionado a isso”, explica Lima Leite.
A Argentina ainda é o maior fornecedor de carros para o Brasil, com 47% de representatividade (era 46% em 2924). A China vem em segundo, com 28% (cresceu 2 p.p. no último bimestre) e o México permanece em terceiro mesmo após um recuo de 11 para 7% na participação.
Nos emplacamentos, os carros do Mercosul representaram 10,8% dos emplacamentos no primeiro bimestre. Já os de fora do Mercosul, em sua maioria chineses, representaram 10,3%.