Entre todas as fabricantes fora da China, a Ford é a que costuma falar publicamente sobre o que acham dos rivais chineses. Jim Farley, CEO da Ford, falou diversas vezes sobre como a indústria automotiva chinesa evoluiu e que estamos ficando para trás, até mesmo dizendo que está dirigindo um Xiaomi SU7 e que não quer devolver.
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Farley aproveitou a entrevista para o jornal The New York Times para afirmar que os chineses estão muito à frente das fabricantes ocidentais na tecnologia de baterias. Na visão do executivo, a indústria ocidental está “uma década atrás no desenvolvimento de baterias.”
A situação está tão crítica que, na opinião de Farley, a única chance das fabricantes norte-americanas sobreviverem é fazer uma transferência de tecnologia com os chineses, licenciando as baterias e aprendendo a fazê-las, para então acelerar a pesquisa local e não depender mais da tecnologia emprestada.
É o oposto do que aconteceu 25 anos atrás, quando a China abriu as portas para as fabricantes, mas exigiu que todas fizessem uma joint venture com empresas locais e ensinassem a desenvolver e produzir carros.
Após a decisão da China de apostar totalmente nos elétricos, o país conseguiu avançar consideravelmente, com carros mais cheios de tecnologia e com baterias muito mais eficientes. E isto criou uma situação difícil para as fabricantes. Se elas desistirem dos carros elétricos, a China irá avançar ainda mais neste mercado e deixá-la totalmente de fora com o passar dos anos.

Uma das formas de impedir este cenário foi o incentivo do governo Biden para a produção de carros elétricos e baterias nos EUA. A Ford aproveitou para erguer uma nova fábrica em Michigan, dedicada a montar baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP) em 2026. As baterias feitas lá usarão a tecnologia da chinesa CATL por meio de uma licença.
Isto está alinhado com a visão de Farley. “O caminho para competir [com a China] é ter acesso às propriedades intelectuais deles da mesma forma que eles precisaram das nossas há 20 anos, e então usar nosso ecossistema inovador, a ingenuidade americana, nossa grande escala e nossa intimidade com os clientes para superá-los globalmente. Esta será uma das corridas mais importadas para salvar a nossa economia industrial”, explica o executivo.
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O The New York Times ainda lembra que a tecnologia das baterias LFP não foi criada pelos chineses, e sim pelos americanos. O composto usado foi desenvolvido pela Universidade do Texas e vendido para uma startup chamada A124 Systems. Apesar de receber milhões de dólares em incentivos do governo Obama, a demanda por elétricos ainda não existia e, em 2013, pediu falência, sendo vendida para a CATL, que hoje controla 83% da produção de baterias LFP.