
A rede de fast-food KFC responde por mais de 20% do faturamento da International Meal Company (IMC) (MEAL3), franqueado master da marca no Brasil e também responsável pelas operações da Pizza Hut no país. Em 2024, a companhia obteve R$ 2,2 bilhões em receita líquida e aproximadamente R$ 400 milhões desse montante foram atribuídos ao frango frito do Kentucky e suas variações. Por aqui, o KFC tem 230 restaurantes e os sanduíches são mais populares do que os baldes de empanados.
A venda do controle dessa operação, com previsão para ser concluída no terceiro trimestre deste ano, terá um impacto inevitável no faturamento e resultado operacional da IMC. Mas a companhia garante que foi tudo muito bem costurado para que ela continue se beneficiando com o desempenho da rede, na condição de minoritária, enquanto reduz seu endividamento e ganha fôlego para financiar a expansão de outras marcas.
Nessa conta, entra o Frango Assado, que há poucas semanas inaugurou sua 23ª unidade em Guararema, na Via Dutra, principal ligação entre as cidades mais populosas do Brasil – São Paulo e Rio de Janeiro. O investimento foi de R$ 5 milhões. A bandeira é mais intensiva em capital do que os seus pares dentro do portfólio da IMC e não opera com franquias, vetor de crescimento da Pizza Hut. O ritmo de expansão da rede de restaurantes, admite o CEO, está abaixo do seu potencial.
“Não crescemos mais rápido por limitação de alocação de capital mesmo”, disse Alexandre Santoro, em conversa com o InfoMoney. “Então esse deal [a venda do controle do KFC] vai nos permitir fazer mais coisas com Frango Assado”.

A Kentucky Foods Chile adquiriu o controle do KFC no Brasil por US$ 35 milhões. A IMC continua com uma participação minoritária de 41,7% e um assento no conselho da joint venture. Mas todo o investimento em expansão da rede vai ser financiado pelos chilenos, que já operam mais de 500 lojas do KFC na América Latina.
“Ao não alocar mais capital na KFC, eu reduzo o meu capex praticamente pela metade”, diz o CEO.
Sob a gestão do novo controlador, o fast-food vai poder crescer fora dos shopping centers. O modelo de rua exige aportes maiores, porém costuma trazer melhores retornos. A loja de rua tem mais espaço e horário de funcionamento mais extenso do que nas unidades em praças de alimentação, fora as vendas que são feitas pelo drive-thru.

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Expansão via conversão
No Frango Assado, a IMC encontrou uma maneira de reduzir o custo de expansão, por meio de conversão de lojas. A nova unidade da Via Dutra, por exemplo, aproveitou as estruturas do EcoParada Madero, de Junior Durski, que funcionava no local.
“Já tinha estacionamento, banheiros, cozinha. Foi adaptar tudo e refazer a identidade visual. O capex [investimento] é muito mais baixo, por isso vemos um caminho para expandir Frango Assado por conversões”, disse Santoro. Uma outra unidade deve abrir as portas ainda este ano na rodovia Washington Luiz, pela região de São José dos Campos (SP).
Em 2024, a receita líquida da bandeira Frango Assado somou R$ 637,4 milhões. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 94,5 milhões, com alta anual de 5%.

Prioridade é reduzir dívida
Santoro deixa claro que, apesar dos planos de expansão das suas marcas, a IMC quer priorizar a redução de sua dívida e os recursos obtidos com a venda do controle do KFC servem, primeiramente, a esse propósito. A companhia terminou 2024 com uma dívida líquida de R$ 360,7 milhões, 22,1% maior que o saldo negativo registrado um ano antes. A alavancagem medida pela relação com o Ebitda, por sua vez, ficou em 2,4 vezes.
“Estando menos endividados, vamos ter oportunidades e investir mais em Frango Assado ou até mesmo em uma outra marca. Mas aí vai ser uma análise do momento. Com o CDI a 15%, vamos ser conservadores. Se a taxa de juros cair, vamos ter mais oportunidades”, diz o CEO.
Recentemente, Santoro completou quatro anos no cargo, em um mandato marcado pela disciplina financeira e a venda de uma série de ativos considerados não-estratégicos. A lista inclui operações no Panamá, Colômbia e uma unidade do restaurante Margaritaville, nos Estados Unidos.
Segundo o CEO, a venda do controle do KFC não pode ser considerada mais um desinvestimento. “Eu olho como um acelerador de crescimento e é uma ótima solução num cenário macroeconômico de juros altos, ter um parceiro para ajudar”, afirma.
“Com o tempo, a joint venture vai ser capitalizada pelo sócio, mas ainda que a participação da IMC [que não vai aportar mais recursos] seja diluída, o percentual da empresa na sociedade vai ser valorizado”, explica o executivo, que representará a IMC no conselho da joint venture.
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