
Ao comprar um carro, é fácil saber que o pagamento à vista é mais vantajoso do que os financiamentos, que geralmente significam juros altos. A parte difícil é ter o dinheiro para pagar o veículo de uma vez só. Os investimentos no Tesouro Direto podem ajudar os consumidores, mas é preciso se organizar e escolher o melhor título para alcançar o objetivo.
O carro zero mais barato do Brasil hoje é o Citroën C3, que tem versões a partir de R$ 70,5 mil. O Mobi, da Fiat, e o Renault Kwid vêm logo depois, na faixa dos R$ 75 mil, valor que pode ser, portanto, referência para a compra de um popular novo ou outra opção no mercado de seminovos.
Segundo o Banco Central, os bancos cobram de 0,76% a 3,56% ao mês nos financiamentos de veículos. Considerando taxa de 1,5% ao mês e uma entrada de 20%, os brasileiros pagam R$ 93,08 mil ao longo de três anos para ter um carro de R$ 75 mil.
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Para quem tem tempo, organização e folga no orçamento, um carro pode sair bem mais em conta, por até R$ 50,90 mil, mas há o título certo para te levar ao carro quitado mais rapidamente.
Quanto investir para comprar um carro zero?
Os principais títulos do Tesouro Direto têm características de remuneração diferentes. O mais conhecido é o Tesouro Selic, que paga ao investidor a variação da taxa básica de juros, hoje em 13,25%. Já o Tesouro IPCA+ paga a variação da inflação mais uma taxa prefixada, atualmente em 7,48% ao ano no vencimento mais curto. Por fim, o Tesouro Prefixado tem a 100% da remuneração contratada no momento da compra do papel. Hoje, o título mais curto paga 14,59% ao ano.
Ao considerar um aporte único, os juros atuais do Tesouro IPCA+ transformam R$ 50,90 mil em R$ 75 mil até maio de 2029, vencimento mais próximo entre os títulos disponíveis para compra. Se o investidor aplicar R$ 15 mil e outros R$ 855,88 todo mês também chega no objetivo final. Veja a simulação com outros papéis em cenários com e sem aportes mensais:
Título | Aporte inicial | Aportes mensais | R$ 75 mil em |
Tesouro Selic | R$ 55.702,07 | – | março/2028 |
Tesouro Prefixado | R$ 54.206,62 | – | janeiro/2028 |
Tesouro IPCA+ | R$ 50.904,34 | – | maio/2029 |
Tesouro Selic | R$ 15.000,00 | R$ 1.331,92 | março/2028 |
Tesouro Prefixado | R$ 15.000,00 | R$ 1.360,19 | janeiro/2028 |
Tesouro IPCA+ | R$ 15.000,00 | R$ 855,88 | maio/2029 |
Financiamento | R$ 15.000,00 | R$ 2.169,14 |
É importante ponderar que os títulos usados na simulação não têm o mesmo prazo de vencimento, o que diminui os aportes necessários nos mais longos. Mas a conta considera os prazos diferentes porque são as condições que o investidor encontra ao acessar o Tesouro Direto hoje e não é possível calcular o retorno exato dos papéis prefixados e atrelados à inflação com resgate antecipado por conta da marcação a mercado.
Ainda é preciso considerar que os cálculos usam as taxas atuais dos títulos públicos, que podem variar conforme a data de aplicação. João Guilherme Caenazzo, sócio da Aware Investments, explica que “o descasamento entre os vencimentos dos ativos e a data de realização do objetivo pode levar à necessidade de resgates antes do prazo e aumentar o risco de perdas”.
Qual o melhor título para comprar um carro?
Antes de ir às compras no mercado financeiro, é preciso estabelecer um prazo para alcançar o objetivo. Especialistas ouvidos pelo InfoMoney dizem que este é o principal fator na escolha entre Tesouro Selic, IPCA+ ou Prefixado.
“O Tesouro Selic é a melhor alternativa para juntar uma quantia em prazos curtos ou médios”, diz Rafael Winalda, especialista em renda fixa do Inter. Ele argumenta que o título não sofre marcação a mercado, o que ajuda o investidor a se planejar melhor. Caenazzo ainda lembra que os pós-fixados acompanham a taxa básica de juros, oferecem boa liquidez e menor volatilidade.
Se o investidor não tiver pressa para andar de carro novo, o Tesouro IPCA+ é a melhor opção, segundo Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos, que recomenda os títulos atrelados à inflação para investimentos acima de três anos por “garantir uma rentabilidade acima da inflação e proteger o poder de compra’.
Winalda diz que os prefixados também podem ser usados por permitirem “projetar mais facilmente quanto, de fato, o investidor terá na data em que sacar” a aplicação”.
Mas as aplicações no Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado demandam mais cuidado, alertam os analistas. Guylherme Mattos, matemático e especialista em investimentos, argumenta que a marcação a mercado pode fazer com que o investidor resgate um valor menor do que investiu caso saia da aplicação antes do vencimento.
Por outro lado, Mattos lembra que os títulos de inflação são importantes para proteger o perder de compra e “se você tem um título que paga IPCA + 7% e em dois anos a taxa do papel está em IPCA + 4%, seu título está valendo mais”.
Portanto, além do prazo do investimento, o apetite por risco e as projeções econômicas do investidor também pesam na escolha. Por isto, Fernando Bento recomenda o Tesouro Prefixado “apenas se houver convicção de que os juros não subirão mais no período de investimento, o que pode ser incerto”.
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