Uma coleção que ocupa metade do salão de uma concessionária no centro de Montevidéu, no Uruguai, preserva verdadeiras joias da marca francesa Peugeot. Fundada na década de 1950, a Sadar mantém em seu acervo modelos raros, carros que representam marcos industriais e um veículo único no mundo: o 202 Darl’Mat, um protótipo que bateu três recordes de velocidade na categoria 1.100 cc, em 1947.
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A coleção começou justamente com a restauração desse carro. O trabalho incluiu o envio do 202 Darl’Mat à França, na década de 1990, para a conclusão de detalhes, visando devolver as formas originais à estrutura de alumínio do veículo, que foi construído por Emile Darl’Mat, fabricante de esportivos baseados na Peugeot. O 202 Darl’Mat é derivado do modelo 202.

Conduzido pelos pilotos Charles de Cortanze, Jean Pujol, Marcel Goux, Maurice Goux e Eugène Martin, em uma prova de 12 horas, o Darl’Mat estabeleceu marcas que só seriam superadas nove anos depois: 1.000 milhas a 144,536 km/h, 2.000 quilômetros a 145,045 km/h e 12 horas a 144,548 km/h. Mas sua trajetória quase foi encerrada em solo sul-americano.
Após superar as três marcas históricas no autódromo de Linas-Mont-lhéry, na França, o 202 Darl’Mat foi exposto nos salões de Paris (França), e de Bruxelas (Bélgica), ainda em 1947, e depois foi enviado ao Uruguai. A importação visava o fortalecimento comercial da marca no mercado do país, mas a participação em corridas resultou em dois acidentes graves (para o carro).



A restauração integral do chassi, que recebeu uma carroceria de 4,11 metros de comprimento e 1,495 metros de largura, projetada para favorecer o fluxo de ar, foi coordenada pelo ex-copiloto de rali argentino Horacio Moyano. Com o motor original de quatro cilindros, câmbio de quatro marchas e direção à direita, o 202 Darl’Mat, de apenas 750 quilos, agora ocupa um lugar de destaque em uma coleção de peso.
Entre os veículos expostos no Museu da Peugeot no Uruguai está o Bébé 1913, o mais antigo da marca no país. Desenhado por Ettore Bugatti, o primeiro modelo da montadora a ultrapassar a marca de 3.000 unidades vendidas divide espaço com outros nove clássicos, incluindo um 201, um 203, dois 403, nas versões sedã e picape, e o lendário 504 Coupé, assinado por Pininfarina.



O acervo museológico da Sadar ostenta, ainda, um modelo 402, um 404 conversível, um 406 e uma moto da década de 1970. A coleção inclui dezenas de miniaturas, carros de pedal, diferentes máquinas produzidas pela marca e um outro modelo único: o protótipo número 4 do 205 Turbo 16, único sobrevivente do processo de desenvolvimento do clássico da Peugeot, produzido em 1983.
Delimitando o espaço do Museu da Peugeot no Uruguai, em lugar de destaque da Sadar (na rua Paraguai, 1.579), uma linha do tempo ilustra a evolução da montadora ao longo da história, apresentando, em paralelo, as transformações do leão como símbolo de resistência, brindando os visitantes com exemplares de todas as logomarcas já utilizadas pela fabricante francesa. O local pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 9h às 13h e das 14h às 18h30. A entrada é gratuita.