Um feriado nacional em que as pessoas saem fantasiadas na rua durante alguns dias e termina na Quarta-feira de Cinzas. É claro que é um carnaval, mas não o nosso. Conheça o Busójárás, a celebração tradicional húngara que coloca os homens nas ruas com máscaras assustadoras.
O Busójárás (que se pronuncia algo próximo com “bujoiaras”) acontece na cidadezinha de Mohács, no sul da Hungria. Assim como o nosso Carnaval, ela sempre ocorre nos últimos dias antes da quaresma – em 2025, o festival começou na última quinta-feira (27) e vai até a terça (4).
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Existem várias explicações para as fantasias e máscaras assustadoras da celebração. A lenda mais popular conta que, quando as tropas otomanas invadiram Mohács, no século 16, alguns habitantes fugiram da cidade e começaram a viver nos pântanos e bosques vizinhos.
Certa noite, enquanto conversavam ao redor da fogueira, um velho da etnia Šokci apareceu de repente e disse que eles retornariam para suas casas em segurança, mas que deveriam preparar armas e máscaras assustadoras. Os refugiados seguiram as ordens e já tinham o arsenal preparado quando um cavaleiro chegou ao povoado em uma noite de tempestade.
Ele ordenou que eles colocassem suas máscaras e voltassem para Mohács, fazendo o máximo de barulho possível – e eles seguiram sua orientação. Os turcos-otomanos ficaram tão assustados com o barulho, as máscaras e a tempestade que pensaram que os demônios os estavam atacando – e fugiram da cidade antes do nascer do sol.
Entretanto, os mascarados (chamados de busós) são uma expressão tradicional do povo Šokci, que é conhecido desde o século 15. Hoje, existem 607 pessoas que se identificam como Šokac (para homens) ou Šokčica (para mulheres). Elas se vivem no leste da Croácia, no sudoeste da Hungria e no norte da Sérvia.
De acordo com as tradições Šokci, poklade (transformação) é a essência de Busójárás. Eles levam isso muito a sério, vivenciando esse feriado em um estado diferente de consciência por trás de suas máscaras, mais em sintonia com seus instintos e livres dos limites do tempo e do espaço.
Nessas ocasiões, são permitidas muitas coisas que não seriam aceitáveis na vida cotidiana. É relativamente comum que os frequentadores bebam demais e, em fóruns online, existem reclamações de brigas e assédio sexual causados por pessoas embriagadas (não muito diferente do que acontece no nosso Carnaval).
A verdadeira tradição do busó exige que o rosto e a identidade de uma pessoa permaneçam ocultos durante o feriado, e algumas pessoas até trocam de máscara regularmente para manter sua identidade em segredo. Hoje, como o festival ficou muito grande e turístico, todos os busós precisam passar por uma revista caprichada da polícia antes de chegarem ao local principal do evento.
Outras versões da mitologia defendem que antes mesmo da chegada dos otomanos, o Busójárás tinha o objetivo de assustar e afastar o inverno. De fato, o período da celebração corresponde ao fim do inverno europeu.
Durante as festividades, os húngaros representam o inverno como se fosse uma pessoa – e a imaginam dentro de um caixão que é afogado no rio Danúbio. Eles também queimam um espantalho que representa a estação gelada. É, não precisa ser um especialista para sacar que o pessoal está cansado do inverno.
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