O diretor Carl Erik Rinsch, conhecido pelo filme 47 Ronins, foi preso em Los Angeles acusado de embolsar US$ 11 milhões (cerca de R$ 62,8 milhões) que deveriam ter sido usados em uma produção da Netflix.
Inicialmente chamada de White Horse e, mais tarde, de Conquest, a série foi escrita por Rinsch e sua (agora) ex-esposa, Gabriela Rosés Bentancor. O enredo seria uma ficção científica sobre robôs humanoides que entram em conflito com a humanidade.
A produção seria produzida parcialmente no Brasil e contaria com Bruna Marquezine e Keanu Reeves no elenco. No final de 2019, algumas cenas chegaram a ser filmadas em São Paulo, Los Angeles, nos EUA, Nairóbi, no Quênia, Budapeste, na Hungria e Berlim, na Alemanha.
Na ocasião, Keanu Reeves conheceu autoridades brasileiras como Bruno Covas e João Dória, e a Av. Paulista se encheu de atores vestidos de robôs futuristas. Parecia promissor, mas nos sete anos depois do pagamento adiantado da Netflix, Rinsch não entregou um único episódio.
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Segundo uma apuração do New York Times publicada em 2023, Rinsch mudou de comportamento logo após assinar o contrato. De acordo com membros do elenco e da equipe do programa, após receber e-mails e documentos judiciais do pedido de divórcio movido por sua esposa, o diretor se tornou mais errático e imprevisível.
“Errático” é pleonasmo: ele alegava ter descoberto o mecanismo secreto de transmissão da covid-19 e ser capaz de prever a queda de raios. Gastou uma grande parte do dinheiro da Netflix parte em apostas, ações e criptomoedas, e também investiu em uma frota de Rolls-Royces, móveis e roupas de grife.
Segundo o Departamento de Justiça norte-americano, a farra incluiu US$ 1,8 milhão em faturas de cartão de crédito, US$ 3,7 milhões em móveis e antiguidades e US$ 933 mil em colchões e roupas de cama de luxo (cerca de R$ 10,3 milhões, R$ 21,15 milhões e R$ 5,3 milhões, respectivamente.)
Ele não quis responder às perguntas do Times e, mais tarde, teria publicado no Instagram que não cooperou porque imaginava que o artigo seria “impreciso”.
No post, teria afirmado que previu que o artigo “discutiria o fato de que eu, de alguma forma, teria perdido a cabeça… (Alerta de spoiler)… não perdi”. Na briga judicial, Rinsch alega que a empresa violou o contrato, que a Netflix é quem lhe devia pelo menos US$ 14 milhões em indenizações (R$ 80 milhões).
Segundo a acusação, entre 2018 e 2020, a Netflix despejou US$ 44 milhões (R$ 251 milhões) no projeto, mas nenhum episódio foi entregue. Quando o dinheiro acabou, Rinsch pediu mais US$ 11 milhões (R$ 62,8 milhões) e garantiu que tudo estava indo super bem nas gravações.
Ao perceber o tamanho do problema, a Netflix cortou o financiamento e um mediador judicial determinou que Rinsch devia à empresa cerca de US$ 9 milhões. Mas o diretor não aceitou a derrota e decidiu usar parte da fortuna desviada para processar a própria plataforma, alegando que era ele quem devia receber mais dinheiro.
Nesta semana, ao ser questionado pela Associated Press se havia lido a acusação de 12 páginas contra ele, o diretor respondeu: “não de cabo a rabo”, mas disse que ao juiz que entendia as acusações. Liberado sob fiança de US$ 100 mil (R$ 571 mil), Rinsch agora aguarda julgamento em Nova York – se condenado, poderá passar até 20 anos na prisão.
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