
Por Sarah Kinosian e Kristina Cooke
(Reuters) – Familiares de migrantes venezuelanos que suspeitam que entes queridos tenham sido enviados a El Salvador como parte de uma rápida operação de deportação dos Estados Unidos no fim de semana lutam para obter informações, enquanto uma batalha legal se desenrola.
Foi lançada uma linha de ajuda pelo WhatsApp para as pessoas que procuram familiares, enquanto os advogados de imigração tentavam localizar seus clientes após eles ficarem incomunicáveis.
Em uma proclamação publicada no sábado, o presidente dos EUA, Donald Trump, invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para deportar rapidamente o que a Casa Branca disse serem membros da quadrilha venezuelana Tren de Aragua. O governo Trump usou a autoridade para deportar 137 venezuelanos para El Salvador no sábado, mesmo quando um juiz ordenou a interrupção das remoções, provocando um impasse legal.
A movimentação repentina causou confusão entre familiares e advogados.
“Esse caos é proposital”, disse Anilú Chadwick, diretora pro bono do grupo de defesa Together & Free. “Eles querem esgotar as pessoas e esgotar os recursos.”
O Departamento de Segurança Interna dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O governo Trump forneceu poucos detalhes até o momento sobre as identidades das pessoas deportadas.
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Mas Solanyer Sarabia acredita ter visto seu irmão de 19 anos, Anyelo, entre as imagens compartilhadas online dos venezuelanos deportados para a mega-prisão de El Salvador. Sua cabeça havia sido raspada e ele estava vestido com roupas brancas de presidiário.
Segundo ela, em uma entrevista à Reuters por telefone do Texas, Anyelo disse na noite de sexta-feira que seria deportado para a Venezuela.
O Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o caso de Sarabia.
“É extremamente preocupante o fato de centenas de pessoas terem sido levadas em aviões do governo dos EUA para El Salvador e ainda não termos informações sobre quem elas são, seus advogados não terem sido notificados e as famílias terem sido deixadas no escuro”, disse Lindsay Toczylowski, diretora-executiva do Immigrant Defenders Law Center.
Johanny Sanchez, de 22 anos, suspeita que seu marido Franco Caraballo, de 26 anos, que foi detido no Texas, possa estar agora em El Salvador, mas não tem certeza.
Sanchez diz que Caraballo ligou para ela na sexta-feira, por volta das 17h, para dizer que seria deportado para a Venezuela. Ele estava confuso porque tinha um pedido de asilo pendente e uma data marcada no tribunal para quarta-feira.
Sanchez disse que, na manhã de sábado, ela o procurou em um sistema de imigração online do governo dos EUA, onde a localização dos detentos é registrada, e viu que ele não estava mais listado em um centro de detenção.
Ela conversou com a família de Caraballo na Venezuela, que disse não ter recebido notícias. Às 19h de sábado, ela estava desesperada por informações. Então, por volta das 23h, ela viu notícias sobre deportações dos Estados Unidos para El Salvador.
O ICE não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o caso de Caraballo.
(Reportagem de Sarah Kinosian, na Cidade do México, e Kristina Cooke, em São Francisco)
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