
Com os juros em níveis elevados e um cenário macroeconômico ainda desafiador, os fundos imobiliários do tipo FoF — os chamados fundos de fundos — estão no radar dos investidores como alternativa para quem busca retornos atrativos aproveitando o desconto nas cotas. Mas será que vale a pena montar uma carteira composta apenas por esse tipo de ativo? Especialistas debatem os prós e contras da estratégia no programa Liga de FIIs, que vai ao ar nesta quarta-feira, às 18h.
Para Bruno Nardo, sócio e gestor multiestratégia da RBR Asset, os FoFs estão sendo negociados com um “duplo desconto”, ou seja, tanto as cotas dos próprios FoFs quanto os fundos que eles carregam na carteira estão abaixo do valor patrimonial.
“O investidor tem uma ótima oportunidade nesse momento para investir em FoFs”, afirmou. Segundo ele, os fundos estão sendo negociados, em média, com deságios (desconto) de 15% a 20% sobre o valor patrimonial. “É uma oportunidade para quem pensa no longo prazo e quer uma gestão ativa que vá otimizando a carteira ao longo do tempo.”
Na mesma linha, Marx Gonçalves, head de Fundos Listados da XP, fez um exercício considerando um cenário sem ganho de capital, apenas com a manutenção do nível atual de dividendos ao longo de cinco anos. A simulação indicou um retorno nominal anual próximo de 18%, considerando a recuperação do duplo desconto. “Mesmo assumindo uma inflação média de 6%, estaríamos falando de uma (Taxa Interna de Retorno) TIR real de cerca de 12% ao ano, o que me parece bastante interessante”, afirmou.
Gonçalves também lembrou que, apesar da atratividade, os FoFs tendem a apresentar maior volatilidade em comparação a outros FIIs. “São ativos com beta alto. Quando o IFIX se recupera, eles sobem mais, mas também caem mais em momentos de baixa. Isso afasta alguns investidores, embora essa volatilidade também possa ser usada a favor”, ponderou.
Vale a pena ter uma carteira composta só de FOFs?
Segundo Marcos Baroni, um dos apresentadores do Liga de FIIs, os FoFs oferecem simplicidade e diversificação. “Você compra uma cota e já está exposto a uma cesta imobiliária. Além disso, alguns fundos vêm evoluindo, podendo investir em CRIs, ações imobiliárias e até diretamente em imóveis”, explicou.
No entanto, ele chama a atenção para os desafios práticos enfrentados pela classe, especialmente em momentos de mercado desfavorável. “O gestor fica muito mais limitado para girar a carteira, e isso ficou evidente nos últimos semestres. Vários fundos de fundos reduziram significativamente sua capacidade de gerar retornos adicionais e passaram a depender mais da renda recorrente, justamente por conta dessas limitações regulatórias”, afirma Baroni.
A decisão entre montar uma carteira inteira de FoFs ou utilizá-los como complemento depende, em última instância, do perfil do investidor. “Se ele quer uma renda passiva mais previsível, analisando individualmente os FIIs, talvez o FoF seja apenas um complemento. Mas se está disposto a aproveitar a distorção de preços e a volatilidade a favor, pode sim ser uma tese principal”, conclui.
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