Cientistas encontraram o fóssil de uma ave que viveu na Antártica há 69 milhões de anos. Enquanto o tiranossauro rex reinava na América do Norte e os xx no Brasil, o Vegavis iaai vivia no calmo refúgio da Antártica. A tranquilidade do continente gelado foi o que protegeu a espécie quando o planeta foi atingido pelo asteroide que extinguiu os dinossauros não-avianos. O crânio quase completo do V. iaai foi encontrado durante uma expedição de 2011 do Projeto de Paleontologia da Península Antártica. Ele possui um bico longo e pontiagudo e um formato de cérebro único para as aves conhecidas de sua época. Essas características colocam o V. iaai no grupo dos pássaros modernos, e pode ter sido o antecessor em comum mais antigo do grupo que hoje inclui patos e gansos.
Isso torna o pequeno fóssil a evidência mais antiga de uma radiação evolutiva bem-sucedida e generalizada em todo o planeta. O estudo foi publicado ontem (5) na revista Nature.
“Poucas aves têm tanta probabilidade de iniciar tantas discussões entre os paleontólogos quanto o Vegavis”, diz Christopher Torres, principal autor do estudo, em comunicado. “Esse novo fóssil ajudará a resolver muitas dessas discussões. A principal delas é: onde o Vegavis está posicionado na árvore da vida das aves?”
Não é a primeira vez que a espécie é descrita: há 20 anos, pesquisadores da Universidade do Texas já haviam sugerido que ele pudesse ser um dos primeiros membros das aves modernas. Mas muitas pesquisas recentes lançam dúvida sobre essa hipótese, já que aves modernas são excepcionalmente raras antes da extinção do final do Cretáceo.

“E os poucos lugares com algum registro fóssil substancial de aves do Cretáceo Superior, como Madagascar e Argentina, revelam um aviário de espécies bizarras, agora extintas, com dentes e longas caudas ósseas, apenas distantemente relacionadas às aves modernas.” disse Patrick O’Connor, coautor do estudo “Algo muito diferente parece estar acontecendo nos confins do Hemisfério Sul, especificamente na Antártica”
Entretanto, o novo achado tem algo que faltava a todos os fósseis anteriores dessa ave: um crânio quase completo. Além das características já mencionadas, o crânio carrega indícios consistentes com outras partes do esqueleto já encontradas.

Em especial, os fósseis indicam que o Vegavis usava os pés para propulsão subaquática durante a perseguição de peixes e outras presas – uma estratégia de alimentação diferente da das aves aquáticas modernas e mais parecida com a de algumas outras aves, como os mergulhões.
Os autores acreditam que o achado ressalta a importância de compreender os ecossistemas antárticos, e como eles ajudaram a moldar a evolução das espécies de todo o mundo. “A Antártica é, em muitos aspectos, a fronteira final para a compreensão da humanidade sobre a vida durante a Era dos Dinossauros”, disse Matthew Lamanna, coautor do estudo.
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