
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou nesta quinta-feira (24) que o cenário internacional de alta incerteza exige cautela e flexibilidade por parte da autoridade monetária, mas descartou a utilidade de divulgar cenários sobre os próximos passos da política monetária brasileira nesse contexto.
Durante evento promovido pela XP em Washington, à margem da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), Guillen defendeu que, embora outros bancos centrais ou instituições como o FMI apresentem múltiplos cenários com possíveis reações da política monetária, essa abordagem não traria ganhos no momento atual.
“Eu gosto da ideia de cenários, mas desta vez não vejo melhora na comunicação ao oferecer diferentes cenários. É mais sobre enfatizar a incerteza do cenário atual”, disse.
O diretor reforçou que ser transparente não significa necessariamente oferecer uma orientação explícita sobre os próximos passos da taxa Selic. “Transparência não significa guidance. Significa que as pessoas devem entender qual é a reação da política monetária”, declarou.
Ele mencionou que, diante do aumento recente da incerteza externa — com destaque para choques das tarifas impostas por Donald Trump —, o BC voltou a adotar uma comunicação mais prudente, após uma breve tentativa de guidance mais longo no fim de 2023, quando o cenário doméstico parecia mais previsível.
“O choque de incerteza é mais difícil de medir e tem impactos variados. Por isso, em períodos assim, a recomendação da teoria e da prática é agir com gradualismo, ser transparente e evitar movimentos bruscos”, afirmou Guillen.
Guillen destacou ainda que o BC mantém sua avaliação de que a política monetária segue eficaz e que o atual cenário-base considera uma moderação do crescimento, o que é necessário para trazer a inflação de volta à meta.
“O nosso cenário-base envolve uma moderação do crescimento e inflação persistente. A política monetária segue funcionando, e a postura contracionista deverá reconduzir a inflação à meta”, afirmou o diretor.
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