A Kinea está intensificando suas apostas no mercado chinês, especialmente no setor de tecnologia. A mudança na estratégia, que começou a ser desenhada no final de 2023, reflete a percepção de que as ações de empresas de tecnologia na China estão substancialmente subvalorizadas em comparação com as americanas.
Rafael Oliveira, gestor de ações da Kinea, participou do episódio 274 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter, e explica que a decisão de aumentar a exposição ao mercado chinês não foi motivada por um evento isolado ou recente, mas sim por uma análise contínua ao longo dos últimos meses.
Discrepância Entre China e EUA
“Realmente, a maior mudança que nós fizemos foi ir pra China. E ela não se deu hoje. Não se deu porque aconteceu um evento hoje de risco. Ela tem acontecido desde o final do ano passado. Obviamente, não se faz esse movimento enquanto não tem nada grandioso acontecendo e também não se faz esse movimento num dia. Você vai aproveitando as oportunidades, vai olhando os dados técnicos”, afirma o gestor.
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Oliveira destaca que a decisão de olhar com mais atenção para as ações chinesas se intensificou no início de 2025, quando ficou evidente a discrepância entre os valuations dos papéis de tecnologia dos Estados Unidos e da China. Nos EUA, empresas como Meta e Nvidia eram negociadas a múltiplos de lucro entre 25 e 35 vezes, enquanto gigantes chinesas como Alibaba (BABA), Tencent e Pinduoduo (PDD) estavam sendo negociadas a cerca de 8 a 10 vezes lucro.
“O mercado chinês estava muito barato, mas você precisava de um trigger. Estava barato já há algum tempo e começou a andar antes do que nós conseguimos entender. Isso ficou muito claro pra gente no DeepSeek”, conta.
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Momento DeepSeek
O ponto de virada, segundo o gestor, foi o chamado “DeepSeek Moment”, que ocorreu em 27 de janeiro de 2025, quando ficou evidente que as empresas chinesas estavam conseguindo fazer mais com menos, mesmo diante de restrições tecnológicas impostas pelo Ocidente.
“Os chineses conseguem efetivamente treinar a um custo muito baixo, usando equipamentos aparentemente ultrapassados, com um delay de dois ou três anos em relação aos Estados Unidos, mas ainda assim desenvolvendo sistemas de inteligência artificial bem complexos”, diz Oliveira.
Outro fator que chamou a atenção da gestora foi a mudança de postura do governo chinês em relação às empresas de tecnologia. Após anos de pressão regulatória e discursos voltados para a “prosperidade comum”, o presidente Xi Jinping sinalizou uma guinada ao reunir líderes do setor e declarar que é preciso enriquecer primeiro para depois pensar na distribuição. “Ele assinou de certa forma para o capitalismo de antes da China. Vamos botar o pé no acelerador aqui”, destaca o gestor da Kinea.
Com a perspectiva de novos fundos para fomentar o investimento e a adoção de tecnologias de inteligência artificial, a Kinea vê na China uma oportunidade singular, impulsionada por valuations atrativos e um ambiente mais favorável para o setor de tecnologia.
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