Parceira de Milton Nascimento, artista é celebrada em composições de Rita Lee, Martinho da Vila, Taiguara, Carlos Imperial e de bloco do Carnaval carioca. Leila Diniz (1945 – 1972) faria 80 anos nesta terça-feira, 25 de março
Divulgação
♫ MEMÓRIA
♪ “Toda mulher é meio Leila Diniz”, sentenciou Rita Lee (1947 – 2023) em verso do rock Todas as mulheres do mundo, lançado pela artista em álbum de 1993.
Sim, Leila Roque Diniz (25 de março de 1945 – 14 de junho de 1972) foi uma atriz fluminense que inspirou e ainda inspira as mulheres do Brasil por ter se tornado símbolo de liberdade na sociedade brasileira dos anos 1960 e 1970, por ter se comportado fora dos padrões sociais da época, falando de amor e sexo com naturalidade. Por ter sido livre, enfim.
Se não tivesse saído de cena tão precocemente, aos 27 anos, vítima de acidente de avião, Leila Diniz poderia estar festejando 80 anos de vida nesta terça-feira, 25 de março de 2025. Contudo, se a atriz logo saiu de cena, a memória da artista permanece viva na música brasileira. O comportamento libertário de Leila Diniz rendeu homenagens de grandes cantores e/ou compositores.
Quando Leila ainda estava viva, a cantora Doris Monteiro (1934 – 2023) gravou o samba Garota do Pasquim em álbum de 1970. No samba, cujo título aludia à famosa entrevista concedida pela atriz em 1969 ao semanário O Pasquim, os compositores Ângelo Ântonio (1939 – 1983) e Carlos Imperial (1935 – 1992) perfilaram Leila com versos como “Da bossa nova, ela já foi tema / Na Banda de Ipanema toca tamborim / Entrou para o folclore / Tira nota dez no Zeppelin”.
A morte precoce de Leila inspirou mais homenagens musicais. A primeira póstuma veio do compositor Taiguara (1945 – 1996). Em 1972, mesmo ano da partida da artista, Taiguara compôs a canção Memória livre de Leila, gravada pela cantora Claudya para single editado ainda em 1972. “Essa menina livre que Deus chamou / Essa mulher de sol que se deu e amou / Essa viola amiga que harmonizou guerra e liberdade / Essa bruxa solta pela cidade / Não vai partir, não vai morrer…”, profetizou Taiguara nos versos iniciais de Memória livre de Leila.
Três anos depois, Milton Nascimento – grande admirador da artista – apresentou no álbum Minas (1975) o tema Leila (Venha ser feliz) em memória da atriz. Essencialmente instrumental, a faixa tem somente o canto do verso-título, convocação para felicidade, repetida na gravação como se Leila estivesse viva.
Em 1980, o mesmo Milton Nascimento se tornou parceiro póstumo de Leila Diniz ao musica Um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco, apresentada no álbum Sentinela (1980). Milton musicou poema de Leila que trazia os versos “Brigam Espanha e Holanda / Por que não sabem que o mar / … / É de quem sabe amar”. A voz de Leila figura na gravação com a récita do poema.
Anos depois, Martinho da Vila encerrou o álbum Coração de malandro (1987) com o samba Leila Diniz, composto em parceria com Nei Lopes em poético tom nostálgico. “Ai que saudade da beleza democrática / Ai que saudade do sorriso progressista / Ai que saudade de ouvir certas verdades / Que a burguesia sempre pensa mais não diz / Ela era crooner de uma orquestra sistemática / Feita de loucos de poetas e porristas / Era a estátua nacional da liberdade / Ditando a lei do ventre livre no país”, cantou Martinho, celebrando e perpetuando o legado de Leila Diniz, símbolo rebelde e imorredouro da liberdade no Brasil dos anos de chumbo.
Esse ícone da alegria foi reverenciado no samba folião Leila Diniz – Amor e liberdade (Noca da Portela, Sereno, Roberto Serrão, Riko Dorilêo e Roberto Medronho, 1989), com o qual o bloco Simpatia é quase amor desfilou pelas ruas do bairro carioca de Ipanema no Carnaval, festa da liberdade personificada pela imortal Leila Diniz.
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♫ MEMÓRIA
♪ “Toda mulher é meio Leila Diniz”, sentenciou Rita Lee (1947 – 2023) em verso do rock Todas as mulheres do mundo, lançado pela artista em álbum de 1993.
Sim, Leila Roque Diniz (25 de março de 1945 – 14 de junho de 1972) foi uma atriz fluminense que inspirou e ainda inspira as mulheres do Brasil por ter se tornado símbolo de liberdade na sociedade brasileira dos anos 1960 e 1970, por ter se comportado fora dos padrões sociais da época, falando de amor e sexo com naturalidade. Por ter sido livre, enfim.
Se não tivesse saído de cena tão precocemente, aos 27 anos, vítima de acidente de avião, Leila Diniz poderia estar festejando 80 anos de vida nesta terça-feira, 25 de março de 2025. Contudo, se a atriz logo saiu de cena, a memória da artista permanece viva na música brasileira. O comportamento libertário de Leila Diniz rendeu homenagens de grandes cantores e/ou compositores.
Quando Leila ainda estava viva, a cantora Doris Monteiro (1934 – 2023) gravou o samba Garota do Pasquim em álbum de 1970. No samba, cujo título aludia à famosa entrevista concedida pela atriz em 1969 ao semanário O Pasquim, os compositores Ângelo Ântonio (1939 – 1983) e Carlos Imperial (1935 – 1992) perfilaram Leila com versos como “Da bossa nova, ela já foi tema / Na Banda de Ipanema toca tamborim / Entrou para o folclore / Tira nota dez no Zeppelin”.
A morte precoce de Leila inspirou mais homenagens musicais. A primeira póstuma veio do compositor Taiguara (1945 – 1996). Em 1972, mesmo ano da partida da artista, Taiguara compôs a canção Memória livre de Leila, gravada pela cantora Claudya para single editado ainda em 1972. “Essa menina livre que Deus chamou / Essa mulher de sol que se deu e amou / Essa viola amiga que harmonizou guerra e liberdade / Essa bruxa solta pela cidade / Não vai partir, não vai morrer…”, profetizou Taiguara nos versos iniciais de Memória livre de Leila.
Três anos depois, Milton Nascimento – grande admirador da artista – apresentou no álbum Minas (1975) o tema Leila (Venha ser feliz) em memória da atriz. Essencialmente instrumental, a faixa tem somente o canto do verso-título, convocação para felicidade, repetida na gravação como se Leila estivesse viva.
Em 1980, o mesmo Milton Nascimento se tornou parceiro póstumo de Leila Diniz ao musica Um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco, apresentada no álbum Sentinela (1980). Milton musicou poema de Leila que trazia os versos “Brigam Espanha e Holanda / Por que não sabem que o mar / … / É de quem sabe amar”. A voz de Leila figura na gravação com a récita do poema.
Anos depois, Martinho da Vila encerrou o álbum Coração de malandro (1987) com o samba Leila Diniz, composto em parceria com Nei Lopes em poético tom nostálgico. “Ai que saudade da beleza democrática / Ai que saudade do sorriso progressista / Ai que saudade de ouvir certas verdades / Que a burguesia sempre pensa mais não diz / Ela era crooner de uma orquestra sistemática / Feita de loucos de poetas e porristas / Era a estátua nacional da liberdade / Ditando a lei do ventre livre no país”, cantou Martinho, celebrando e perpetuando o legado de Leila Diniz, símbolo rebelde e imorredouro da liberdade no Brasil dos anos de chumbo.
Esse ícone da alegria foi reverenciado no samba folião Leila Diniz – Amor e liberdade (Noca da Portela, Sereno, Roberto Serrão, Riko Dorilêo e Roberto Medronho, 1989), com o qual o bloco Simpatia é quase amor desfilou pelas ruas do bairro carioca de Ipanema no Carnaval, festa da liberdade personificada pela imortal Leila Diniz.