
O lipedema é uma doença bastante comum que afeta cerca de 11% da população feminina mundial. Por aqui, estima-se que pelo menos 5 milhões de brasileiras apresentem os sintomas, segundo o Instituto Lipedema Brasil.
Uma delas é a modelo e ex-BBB Yasmin Brunet, que relatou em reportagem recente do Fantástico – e em suas redes sociais – o tratamento adotado para amenizar os efeitos da doença.
O lipedema é uma doença crônica que causa acúmulo anormal de gordura, principalmente nas pernas, acompanhada de dor, sensibilidade e hematomas fáceis. Diante desses desafios, surge uma dúvida comum: é possível conciliar o lipedema com a prática de exercícios físicos como a corrida?
Lipedema e exercícios
Segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, sim. Mas desde que sejam tomados alguns cuidados. “Com os ajustes certos, essa prática não só ajuda no controle da inflamação e na melhora da circulação, mas também contribui para a manutenção do peso corporal, promovendo uma vida mais saudável e confortável para quem convive com a condição”, explica a endocrinologista Giulianna Pansera.
Vale dizer que atualmente cerca de 13 milhões de brasileiros correm no país, segundo pesquisa realizada pela Olympikus em parceria com a Box1824 no ano passado. A modalidade é a quarta mais praticada, perdendo apenas para caminhada, musculação e futebol. Além disso, 56% das mulheres que participaram do estudo afirmam terem começado a correr a menos de um ano.
De acordo com a especialista, os exercícios aeróbicos, como a corrida, podem melhorar a circulação sanguínea e linfática, ajudando no controle dos sintomas. No entanto, o impacto repetitivo pode gerar desconforto, especialmente se não houver fortalecimento muscular adequado e o uso de equipamentos apropriados.
“A progressão deve ser gradual, evitando esforços excessivos que possam gerar dor e hematomas”, alerta Rafael Braga, professor e coordenador do curso de Educação Física da Estácio.
Prós e contras da corrida para quem tem lipedema
Para quem deseja aderir à corrida, alguns cuidados são fundamentais, como o uso de calçados com bom amortecimento e meias de compressão, além de um aquecimento adequado. “Antes de iniciar a prática, uma consulta médica é indicada para avaliação e orientação”, orienta a cirurgiã vascular Silvia Iglesias Lopes, do Hospital Sírio-Libanês.
Durante a corrida, a recomendação é evitar superfícies rígidas e manter a hidratação do corpo. Além disso, é essencial monitorar qualquer sinal de desconforto e, caso necessário, deve-se interromper a atividade, salienta Silvia.
A cirurgiã ainda explica que, após o exercício, realizar alongamentos e fazer a elevação das pernas podem ajudar na recuperação do corpo. “A realização de drenagem linfática leve também é uma boa opção pós-exercício. Para pessoas que fazem uso da meia de compressão é indicado permanecer com elas durante o resto do dia”, diz a médica do Sírio-Libanês.
Tomados os devidos cuidados, os especialistas apontam que os benefícios da prática do exercício vão além do aspecto físico. A corrida também pode impactar positivamente a saúde mental, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade.
“Estudos apontam que condições como ansiedade e depressão estão frequentemente associadas ao lipedema, e a prática de corrida libera endorfinas, promovendo bem-estar.”

Entretanto, há situações em que a corrida pode não ser a melhor opção. ” A corrida deve ser evitada se houver dor intensa ou edema severo. Nesses casos, é recomendado optar por alternativas de menor impacto como natação, ciclismo ou pilates“, sugere Silvia. Por isso, a avaliação médica antes de iniciar qualquer modalidade é essencial.
A adaptação também é importante para quem deseja desafiar seus limites. O tempo da corrida, por exemplo, impacta diretamente no desconforto e na fadiga muscular.
“Corridas longas aumentam o impacto repetitivo, podendo piorar a sensibilidade e os hematomas. Por isso, a periodização do treinamento deve ser bem planejada, com descanso adequado, fortalecimento muscular e ajustes na intensidade”, observa Braga, da Estácio.
Dessa forma, o corpo se adapta sem sobrecarregar as pernas.
Tratamento multidisciplinar
O tratamento multidisciplinar é essencial para garantir bons resultados. Ou seja, além de aderir a terapias físicas e clínicas, é importante prestar atenção na alimentação também. “Dietas anti-inflamatórias, como a cetogênica ou mediterrânea, podem ajudar no controle da inflamação e na mobilização da gordura. Outro ponto importante é o acompanhamento médico para garantir que a estratégia nutricional seja adequada às necessidades de cada paciente”, explica Giulianna.
Silvia concorda que é essencial ficar de olho na alimentação.“A boa hidratação é essencial para evitar a retenção de líquidos, enquanto uma dieta anti-inflamatória, rica em ômega-3 e vegetais, e com redução de sódio e ultraprocessados, ajuda no controle dos sintomas da doença”, salienta.
Veja abaixo os prós e contras da corrida para quem tem lipedema, segundo os especialistas:
Prós:
- Melhoria da circulação sanguínea e linfática: a atividade física aeróbica pode reduzir a retenção de líquidos e melhorar o fluxo linfático;
- Benefícios cardiovasculares: como qualquer exercício aeróbico, a corrida melhora a capacidade cardiorrespiratória e reduz o risco de doenças metabólicas;
- Bem-estar psicológico: a prática da corrida libera endorfinas, ajudando na redução do estresse e da ansiedade, o que é relevante, pois estudos apontam que condições como ansiedade e depressão estão frequentemente associadas ao lipedema.
Contras:
- Impacto excessivo: pode levar ao aumento da dor, desconforto e hematomas nas pernas;
- Desgaste articular: se não houver fortalecimento muscular adequado, o impacto pode sobrecarregar as articulações, aumentando o risco de lesões;
- Possível agravo da inflamação: algumas pessoas relatam um aumento na sensibilidade e inflamação após atividades de impacto.
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