O novo prédio do Museu de Arte de São Paulo, o Masp, vai abrir em grande estilo nesta sexta-feira, 28, com cinco exposições que, reunidas, formam a mostra Cinco ensaios sobre o MASP: Isaac Julien: Lina Bo Bardi – um maravilhoso emaranhado, Artes da África, Geometrias, Renoir e Histórias do MASP (saiba mais sobre cada uma abaixo).
O conjunto busca contar a história do museu a partir de seu próprio acervo e resgatar duas figuras essenciais para sua fundação: a arquiteta Lina Bo Bardi que projetou e agora batiza o prédio original, e Pietro Maria Bardi, seu companheiro e primeiro diretor artístico do museu que agora dá nome ao novo prédio.
O Masp, primeiro museu moderno do Brasil, foi fundado em 1947 pelo empresário Assis Chateaubriand como uma instituição privada e sem fins lucrativos. Foi Pietro Maria Bardi quem selecionou as primeiras obras que compuseram o acervo do museu, adquiridas com doações.
O museu era localizado na rua 7 de abril, no centro da capital, mas foi realocado para a Avenida Paulista em 1968, após a conclusão do projeto de Lina Bo Bardi, considerado um marco para a arquitetura do século 19. Hoje, o acervo do Masp é composto de 11 mil obras e já recebeu exposições de grandes artistas, de Claude Monet (que, aliás, retorna em maio) a Tarsila do Amaral.
A mostra de Tarsila, inclusive, atraiu o número recorde de 400 mil pessoas em 2019 e, para a organização, foi uma das provas da necessidade de ampliar o espaço do museu. O ‘novo’ edifício já estava no radar há alguns anos. Foi construído em 1958 e comprado pelo Masp em 2005, mas o projeto de reforma só teve início em 2019 e foi feito a passos lentos. A obra custou R$ 250 milhões, valor arrecadado a partir de doações.
Somado ao anexo, uma novidade é a recente concessão do vão livre, publicada no Diário Oficial em novembro. O terreno pertencia à Prefeitura e o museu detinha a concessão de uma pequena parte do vão – onde ficavam bilheteria e guarda-volumes. Agora, todo o terreno ficará a cargo do Masp, em concessão válida por 20 anos, prorrogáveis por mais duas décadas. Com isso, o espaço do Masp cresce de 10.485 m² para 21.863 m².
Na quarta, 26, o Estadão acompanhou a pré-abertura do prédio e visitou as exposições de Cinco ensaios sobre o MASP.
Confira abaixo tudo o que você precisa saber antes de visitar o museu e as principais informações e dicas sobre as mostras.
Como é o prédio?
O edifício Pietro Maria Bardi tem 14 andares – 12 abertos ao público e 2 de área técnica. O projeto de reforma foi realizado pelos sócios Gustavo Cedroni e Martin Corullon, que já trabalhavam com a instituição desde 2015, quando restauraram os cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi e iniciaram uma longa relação com a direção de Heitor Martins, que havia assumido apenas alguns meses antes.
Os interiores do que era um prédio praticamente abandonado foram demolidos e reconstruídos. O prédio ganhou uma nova pele na forma de chapas metálicas, além de sistemas de ponta de iluminação e climatização, tornando-o um museu capacitado para receber as obras mais exigentes das artes mundiais.
A entrada é pela Av. Paulista, ao lado da rua Prof. Otávio Mendes (que segue interditada para a construção do túnel que unirá os dois prédios. Os tapumes podem confundir, mas o acesso é por ali mesmo).
O andar térreo do novo prédio agora mantém o restaurante A Baianeira e um café. Escadas amplas levam ao subsolo, onde fica a bilheteria, uma loja e o acesso à passagem subterrânea que levará ao edifício Lina Bo Bardi – a previsão é que ela seja inaugurada no final do ano.
Os andares 2 a 6 serão 100% destinados a mostras temporárias que o Masp receber. Os andares 1, 9 e 10 são espaços multiuso, que podem receber exposições ou outros eventos do museu. Já o sétimo andar abriga o Laboratório de Conservação, enquanto o oitavo é chamado de Escola, onde salas de aulas receberão cursos do Masp.
O que tem nas exposições?
Diretor artístico do Masp, Adriano Pedrosa explica que todas as obras das exposições que compõem a mostra Cinco ensaios sobre o MASP já integravam o acervo do museu ou foram adquiridas no último ano a partir de doações.
Pedrosa também deu uma dica valiosa sobre a visitação: a narrativa foi pensada para começar com Histórias do MASP, que está no sexto andar. Portanto, o visitante pode adquirir seu ingresso no subsolo, subir pelo elevador e descer os andares pelas escadas, evitando muita aglomeração.
Conheça as exposições na ordem de visitação recomendada pela organização:
- Histórias do MASP (6º andar): Em formato de linha do tempo, a mostra apresenta sete décadas de história desde a inauguração do museu, unindo obras do acervo com documentos raros que vão de fotografias e cartazes a recortes de jornais e rascunhos da própria Lina Bo Bardi.

- Renoir (5º andar): Pela primeira vez em 23 anos, o Masp expõe todo o seu acervo de obras do pintor francês Pierre-Auguste Renoir, que inclui 12 pinturas e uma escultura. É também uma celebração do fato de que o Masp é considerado o museu com o maior acervo de arte tradicional europeia na América Latina. Leia mais sobre essa mostra e as obras de Renoir

- Geometrias (4º e 10º andar): Mostra com o maior número de obras recém adquiridas pelo museu, Geometrias apresenta artistas que se destacaram no movimento construtivista, em diálogo com contemporâneos que usam formas geometrizadas em seus trabalhos. No final da visita, vale a pena conferir o anexo da exposição no 10º andar, com uma obra que ocupa toda uma sala – que tem também uma bela vista da Av. Paulista.

- Artes da África (3º andar): A exposição reúne 40 obras do acervo do Masp, a maioria do século 20, vindas da África ocidental. As peças, confeccionadas em madeira, incluem máscaras, tambores, estatuas de entidades e outros objetivos que representam rituais e costumes de 17 culturas distintas.

- Isaac Julien: Lina Bo Bardi – Um Maravilhoso Emaranhado (2º andar): O espaço é ocupado por uma videoinstalação sobre a vida de Lina Bo Bardi, com 9 telas distintas exibindo um filme de Isaac Julien com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro interpretando a arquiteta. O filme foi gravado em 2018 e ainda não havia sido exibido no Brasil – segundo a organização, a inauguração tão próxima à vitória do Brasil no Oscar com Ainda Estou Aqui, estrelado pelas Fernandas, é uma feliz coincidência.

O que muda no funcionamento do museu?
Na prática, pouca coisa. O ingresso (veja abaixo valores e dias de gratuidade) vale para a entrada nos dois prédios. Quando o túnel de acesso ficar pronto, será possível circular entre eles sem deixar o ambiente do Masp. Até lá, o visitante vai precisar sair de um prédio para acessar o outro.
O funcionamento da bilheteria mudou. Agora, ela passa a ser no edifício Pietro Maria Bardi, e não mais no vão livre, onde era localizada. A organização, no entanto, recomenda que os visitantes reservem os ingressos antecipadamente no site para evitar filas e agilizar a circulação pelo museu.
Nos dias e horários de gratuidade, a bilheteria fica fechada e as entradas precisam ser retiradas online.
Não é necessário comprar ingressos para acessar o térreo e o subsolo do edifício Pietro Maria Bardi, onde ficam café, restaurante, loja, e etc.
Informações importantes:
- Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h
- Dias de gratuidade: Terças (dia todo) e sexta, das 18h-21h (entrada até 20h)
- Ingressos: Adultos R$ 75; Estudantes/Professores R$ 37; Maiores de 60 anos R$ 37
- Direito à gratuidade: Amigo Masp, crianças com idade igual ou inferior a 10 anos com comprovante, pessoas com deficiências e um acompanhante