Números ainda não foram divulgados, mas amostras já analisadas da espécie acendem sinal de alerta. Coleta das egagrópilas expelidas pelas aves é feita na areia e na restinga
Acervo IFPR/Rebimar
Um estudo em andamento revelou a presença de microplásticos na coruja-buraqueira (Athene cunicularia), levantando preocupações sobre os impactos da contaminação em aves. Embora ainda seja cedo para determinar a extensão dos danos, pesquisadores alertam para possíveis consequências na reprodução e na longevidade dessas espécies.
A pesquisa, pioneira no Brasil, está sendo conduzida no litoral do Paraná e abrange diversas áreas, incluindo o Complexo Estuarino de Paranaguá, as baías de Antonina, Paranaguá, Laranjeiras, Guaraqueçaba e Guaratuba, além do Canal da Galheta, próximo à Ilha do Mel.
De acordo com Fernanda Possatto, oceanógrafa e coordenadora do componente de lixo no mar do Programa Rebimar, o objetivo do projeto é traçar um amplo panorama da contaminação por microplásticos em todo o litoral.
A coruja-buraqueira é espécie comum de ser vista em praias e áreas de restinga para se alimentar
Ananda Porto/TG
“A pesquisa abrange baías, praias e rios que deságuam no mar, além da análise da presença de microplásticos em peixes e aves que vivem ou transitam pela região costeira, como a coruja-buraqueira, espécie comum de ser vista em praias e áreas de restinga para se alimentar”, explica.
“No caso das aves analisadas neste estudo, não houve consequências diretas da ingestão do microplástico, mas sabemos através de outros estudos que sim, os contaminantes presentes no plástico, possuem compostos tóxicos que ao longo do tempo podem sim interferir no comportamento reprodutivo, causar câncer e desregulação endócrina, assim como anormalidades físicas”, completa a oceanógrafa.
A ornitóloga Juliana Rechetelo, colaborado do projeto, explica que a metodologia utilizada para analisar as corujas é pouco invasiva.
Análise é feita nas “pelotas” expelidas pelas aves após a digestão
Acervo IFPR/Rebimar
“Coletamos as egagrópilas que essas aves, tanto marinhas quanto terrestres, expeliram naturalmente. As egagrópilas são massas compactas que contêm partes não digeríveis das presas, como ossos, penas, dentes e exoesqueletos”, detalha.
Segundo a pesquisadora, essas pelotas se acumulam em locais onde as aves descansam, dormem ou fazem suas tocas.
Contaminação é um problema sem fronteiras
O estudo identificou a presença contínua de microplásticos em todo o estuário, tanto em regiões densamente habitadas, como Paranaguá, quanto em áreas de preservação mais remotas.
“As baías também apresentam contaminação, o que evidencia que o microplástico não se limita a fronteiras geográficas”, afirma o oceanógrafo Allan Paul Krelling, professor do Instituto Federal do Paraná (IFPR) e um dos coordenadores da pesquisa.
O estudo identificou a presença contínua de microplásticos em todo o estuário, tanto em regiões densamente habitadas, como Paranaguá, quanto em áreas de preservação mais remotas
Gabriel Marchi
Para Fernanda Possatto, o fato de não haver diferenças entre a quantidade de microplástico ao longo de todo o estuário é muito preocupante.
“Isso reforça que apesar de termos locais próximos às cidades mais populosas, onde esperaríamos uma maior quantidade de microplástico, isso não acontece, pois devido ao seu peso, o microplástico não obedece às fronteiras geográficas conhecidas por nós. Sua flutuabilidade torna a sua dispersão muito fácil devido às correntes, marés e ventos, fazendo com que eles estejam presentes até mesmo nas Unidades de conservação”.
Os microplásticos encontrados no estuário onde a pesquisa foi realizada são, em sua maioria, secundários, originados da degradação de plásticos maiores. Essa degradação acontece ao longo do tempo devido a diversos fatores como: exposição ao sol, ondas, ventos etc.
Metodologia utilizada para analisar as corujas-buraqueiras é pouco invasiva
Gabriel Marchi
Soluções e próximos passos da pesquisa
Especialistas ressaltam a importância do monitoramento contínuo e da adoção de medidas para reduzir a poluição plástica desde sua origem.
Estudos como este contribuem para embasar propostas de regulamentação, como o Tratado Global de Combate à Poluição Plástica, um acordo internacional que visa reduzir a poluição plástica em escala mundial.
A oceanógrafa e coordenadora do estudo, Fernanda Possatto, decantando o material coletado em laboratório
Acervo IFPR/Rebimar
A coruja-buraqueira é um exemplo do impacto da contaminação plástica na fauna, e os cientistas seguem analisando os dados para entender melhor os efeitos dos microplásticos na espécie.
Pesquisas de longo prazo serão essenciais para avaliar como essa poluição pode afetar sua reprodução e sobrevivência.
Enquanto isso, os pesquisadores destacam que enfrentar esse desafio exige mudanças em toda a cadeia de produção e consumo do plástico, desde a redução do uso até a melhoria da reciclagem e destinação adequada dos resíduos.
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Acervo IFPR/Rebimar
Um estudo em andamento revelou a presença de microplásticos na coruja-buraqueira (Athene cunicularia), levantando preocupações sobre os impactos da contaminação em aves. Embora ainda seja cedo para determinar a extensão dos danos, pesquisadores alertam para possíveis consequências na reprodução e na longevidade dessas espécies.
A pesquisa, pioneira no Brasil, está sendo conduzida no litoral do Paraná e abrange diversas áreas, incluindo o Complexo Estuarino de Paranaguá, as baías de Antonina, Paranaguá, Laranjeiras, Guaraqueçaba e Guaratuba, além do Canal da Galheta, próximo à Ilha do Mel.
De acordo com Fernanda Possatto, oceanógrafa e coordenadora do componente de lixo no mar do Programa Rebimar, o objetivo do projeto é traçar um amplo panorama da contaminação por microplásticos em todo o litoral.
A coruja-buraqueira é espécie comum de ser vista em praias e áreas de restinga para se alimentar
Ananda Porto/TG
“A pesquisa abrange baías, praias e rios que deságuam no mar, além da análise da presença de microplásticos em peixes e aves que vivem ou transitam pela região costeira, como a coruja-buraqueira, espécie comum de ser vista em praias e áreas de restinga para se alimentar”, explica.
“No caso das aves analisadas neste estudo, não houve consequências diretas da ingestão do microplástico, mas sabemos através de outros estudos que sim, os contaminantes presentes no plástico, possuem compostos tóxicos que ao longo do tempo podem sim interferir no comportamento reprodutivo, causar câncer e desregulação endócrina, assim como anormalidades físicas”, completa a oceanógrafa.
A ornitóloga Juliana Rechetelo, colaborado do projeto, explica que a metodologia utilizada para analisar as corujas é pouco invasiva.
Análise é feita nas “pelotas” expelidas pelas aves após a digestão
Acervo IFPR/Rebimar
“Coletamos as egagrópilas que essas aves, tanto marinhas quanto terrestres, expeliram naturalmente. As egagrópilas são massas compactas que contêm partes não digeríveis das presas, como ossos, penas, dentes e exoesqueletos”, detalha.
Segundo a pesquisadora, essas pelotas se acumulam em locais onde as aves descansam, dormem ou fazem suas tocas.
Contaminação é um problema sem fronteiras
O estudo identificou a presença contínua de microplásticos em todo o estuário, tanto em regiões densamente habitadas, como Paranaguá, quanto em áreas de preservação mais remotas.
“As baías também apresentam contaminação, o que evidencia que o microplástico não se limita a fronteiras geográficas”, afirma o oceanógrafo Allan Paul Krelling, professor do Instituto Federal do Paraná (IFPR) e um dos coordenadores da pesquisa.
O estudo identificou a presença contínua de microplásticos em todo o estuário, tanto em regiões densamente habitadas, como Paranaguá, quanto em áreas de preservação mais remotas
Gabriel Marchi
Para Fernanda Possatto, o fato de não haver diferenças entre a quantidade de microplástico ao longo de todo o estuário é muito preocupante.
“Isso reforça que apesar de termos locais próximos às cidades mais populosas, onde esperaríamos uma maior quantidade de microplástico, isso não acontece, pois devido ao seu peso, o microplástico não obedece às fronteiras geográficas conhecidas por nós. Sua flutuabilidade torna a sua dispersão muito fácil devido às correntes, marés e ventos, fazendo com que eles estejam presentes até mesmo nas Unidades de conservação”.
Os microplásticos encontrados no estuário onde a pesquisa foi realizada são, em sua maioria, secundários, originados da degradação de plásticos maiores. Essa degradação acontece ao longo do tempo devido a diversos fatores como: exposição ao sol, ondas, ventos etc.
Metodologia utilizada para analisar as corujas-buraqueiras é pouco invasiva
Gabriel Marchi
Soluções e próximos passos da pesquisa
Especialistas ressaltam a importância do monitoramento contínuo e da adoção de medidas para reduzir a poluição plástica desde sua origem.
Estudos como este contribuem para embasar propostas de regulamentação, como o Tratado Global de Combate à Poluição Plástica, um acordo internacional que visa reduzir a poluição plástica em escala mundial.
A oceanógrafa e coordenadora do estudo, Fernanda Possatto, decantando o material coletado em laboratório
Acervo IFPR/Rebimar
A coruja-buraqueira é um exemplo do impacto da contaminação plástica na fauna, e os cientistas seguem analisando os dados para entender melhor os efeitos dos microplásticos na espécie.
Pesquisas de longo prazo serão essenciais para avaliar como essa poluição pode afetar sua reprodução e sobrevivência.
Enquanto isso, os pesquisadores destacam que enfrentar esse desafio exige mudanças em toda a cadeia de produção e consumo do plástico, desde a redução do uso até a melhoria da reciclagem e destinação adequada dos resíduos.
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