José Roberto Gonçalves, Porto Alegre (RS)
Se uma marca quer vender carros no Brasil, ela tem de garantir que os seus motores estejam preparados para a mistura do nosso combustível. Os componentes desses motores devem ser constituídos de materiais que convivem com a nossa gasolina e apresentem durabilidade comprovada.
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De acordo com Erwin Franiek, presidente da SAE4Mobility e especialista em motores, se a mistura de etanol na gasolina estiver entre 22 e 40%, não há grandes riscos para os componentes dos motores.
Erwin explica que a responsável por entender e adaptar a mistura ar-combustível, de acordo com a propriedade da gasolina que foi colocada no tanque, é a chamada sonda lambda. Também conhecida como sensor de oxigênio, ela capta os gases que saem do motor, depois da queima da mistura, para definir a quantidade de oxigênio que resta e, desse modo, transmitir a informação para o sistema de injeção.
“Mesmo que não seja flex, todo o sistema eletrônico possui uma grande adaptabilidade que permite toda essa variação. Assim, os veículos têm capacidade de se autorregular quase que perfeitamente”, afirma o engenheiro.
O maior problema são os combustíveis adulterados. Esses podem ter níveis muito altos de etanol, ou até mesmo outras substâncias como a água e sabe-se lá mais o quê. Nesse cenário, é certo que os componentes estarão comprometidos, uma vez que a tecnologia não é adaptada para essa mistura.

“Uma mistura adicional de etanol hidratado na gasolina, por exemplo, pode ser fatal para os componentes em contato com o combustível, pois eles ainda não foram desenvolvidos para essa hidratação”, diz Erwin.