
“O capitalismo funcionou, só que para algumas poucas pessoas”. Essa é uma das primeiras conclusões de Larry Fink, CEO da BlackRock (BLK), em sua carta anual aos investidores. Sob a perspectiva de desbloquear os mercados privados, o executivo da maior gestora do planeta escreve pela “democratização dos investimentos”.
“Os mercados, como tudo o que os humanos constroem, não são perfeitos. Eles nos refletem — inacabados, às vezes falhos, mas sempre melhoráveis”, disse. “A solução não é abandonar os mercados; é expandi-los, terminar a democratização do mercado que começou há 400 anos e deixar que mais pessoas tenham uma participação significativa no crescimento que acontece ao redor delas.”
Um dos pontos centrais para essa nova era, na visão da BlackRock, é expandir o acesso dos investidores individuais aos mercados privados, em que normalmente se demandam investimentos mínimos altos ou há restrições para pessoas com determinada renda e patrimônio.
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“Os mesmos obstáculos se aplicam à maioria das empresas do mundo. Apenas uma pequena fração é negociada publicamente”, escreveu Fink. Mais: essa parcela tem diminuído: 81% as empresas dos Estados Unidos com mais de US$ 100 milhões em receita tem capital fechado, percentual ainda maior na União Europeia e no Reino Unido, argumenta o executivo.
O gestor afirma que há mais capital disponível hoje do que em qualquer momento de sua carreira, embora historicamente o financiamento das empresas tenha vindo de governos, bancos e corporações. “Só nos EUA, cerca de US$ 25 bilhões de estão depositados em bancos e fundos do mercado de capitais.”
Este cenário justificou aquisições de gestoras e empresas de análise de ativos alternativos “definidores do futuro” feitas pela BlackRock nos últimos 14 meses: data centers, portos e redes elétricas.
Foram US$ 12,5 bilhões investidos na aquisição da gestora de fundos de crédito para infraestrutura Global Infrastructure Partners. Outros 2,55 bilhões de libras investidos da empresa de análise de ativos alternativos Preqin e US$ 12 bilhões devem ser concretizados na compra da firma de crédito privado HPS Investment Partners.
As aquisições devem levar a gestora a US$ 600 bilhões em ativos sob gestão na plataforma de investimentos alternativos e uma projeção de US$ 3 bilhões em receita anual na linha. “Nossos clientes continuam a aumentar suas alocações para mercados privados como uma fonte de diversificação e potencial de geração alfa não correlacionado. Os influxos líquidos de mercados privados de US$ 9 bilhões incluíram forte demanda por infraestrutura e estratégias de crédito privado”, afirma Fink.
Segundo Fink, a distribuição de portfólio entre 60% em ações e 40% em bonds, desenvolvida pelos economistas Harry Markowitz e Bill Sharpe, pode não representar a verdadeira diversificação diante da evolução do sistema financeiro global. “O padrão de portfólio do futuro deve se parecer com 50/30/20 — ações, bonds e ativos privados de real estate, infraestrutura e crédito privado”, diz Fink.
Ativos de infraestrutura, argumenta, garantem proteção à inflação, com renda gerada por pedágios e pagamentos de serviços públicos que normalmente aumentam junto com os preços; estabilidade promovida por retornos que tendem a ser menos voláteis; e retornos totais, historicamente impactados por alocações de apenas 10%.
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