O histórico edifício Maison de l’Amérique Latine, em Paris, receberá, a partir de 30 de abril, uma exposição inspirada em Jean-Baptistet Debret, artista francês que foi um dos fundadores da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A mostra O Brasil Ilustrado traz 40 releituras de obras dele, feita por 14 artistas brasileiros contemporâneos.
“Ao contrário do que se imagina, Debret é pouco conhecido na França. No Brasil, em compensação, sua iconografia permeia os livros didáticos e moldou o imaginário de diferentes gerações sobre a história do país e da escravidão”, diz a brasileira Gabriela Longman, curadora da exposição ao lado do francês Jacques Leenhardt, um dos maiores estudiosos do pintor no mundo.
Parte da programação do Ano do Brasil na França — iniciativa dos governos de ambos os países para aprofundar as relações bilaterais —, a mostra traz obras de Gê Viana, Dalton Paula, Anna Bella Geiger, Jaime Lauriano, Denilson Baniwa, Tiago Sant’Ana, entre outros.
A exposição é inspirada no livro Rever Debret (Editora 34, 2023), escrito por Leenhardt e editado por Gabriela Longman e Samuel Titan Jr. A publicação em breve ganhará uma edição francesa pela famosa editora Actes Sud.
No livro, a vida dupla de Debret, que viveu no Rio de Janeiro entre 1816 e 1831, é enfatizada: ao mesmo tempo em que trabalhava na corte de Dom João VI e Dom Pedro I, o pintor, filho da Revolução Francesa, preenchia seus cadernos pessoais com cenas da vida cotidiana, muitas vezes violenta, que observava nas ruas brasileiras. São esses registros, mais tarde reunidos na Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, que servem como ponto de partida para crítica e paródia por parte de uma geração efervescente de artistas do século 21 em suas obras, instalações, vídeos e colagens digitais, que estarão expostas na mostra O Brasil Ilustrado.
