Antes mesmo do sol se pôr, o público jovem já lotava o espaço do Palco Budweiser, do
Antes disso, Olivia fazia algum sucesso como atriz da Disney, mas – diferentemente de suas precursoras, de Miley Cyrus a Selena Gomez – rapidamente conseguiu se desprender da imagem da emissora e tomou as rédeas de sua carreira musical. Aprendeu com erros de quem veio antes e assinou um contrato que lhe garantiu direito sobre suas musicas, além de liberdade nas escolhas criativas.
Essa liberdade aparece nas letras completamente honestas que ela escreve, além da sonoridade que poderia muito ter seguido o caminho do pop genérico. Em Bad Ideia, Right?, que segue o show, ela faz um rock falado e canta sobre uma recaída com um ex. É um dos momentos mais animados da apresentação e também quando mostra seu lado mais sensual – que ela parece ainda estar descobrindo, ainda mais tendo “explodido” com 17 anos.
Foi um pouco depois disso que o som do Palco Perry’s, onde DJ inglês James Hype se apresentava, começou a atrapalhar. Olivia tocou Love is Embarassing, Pretty Isn’t Pretty, Happier e Lacy – o coro do público ajudou, mas já era possível escutar o barulho que vinha de lá. A reportagem acompanhou o show do lado esquerdo do palco e ouviu algumas pessoas no entorno reclamando. Dá para imaginar que a experiência tenha sido ainda pior para quem estava na direita, mais próximo ao palco secundário.

Em Enough For You, música que Olivia diz ser a sua favorita de todas que já escreveu, ela cantou com apenas voz e guitarra. Nisso, o som do DJ inglês começou a se misturar com a voz da americana. O problema não parecia ser mútuo: a reportagem conversou com uma pessoa que estava no Palco Perry’s e disse que não ouviu o show de Olivia.
A situação começou a melhorar com So American, quando a banda e o público que cantava a plenos pulmões resistiram e se impuseram contra o outro palco. Por volta das 23h30, dez minutos antes do final da apresentação de Olivia, o show de James Hype foi encerrado.
A sorte – ou mérito – de Olivia é que seu público é fiel e não abandonou o show em nenhum momento. A animação da própria cantora ajudou: nas músicas agitadas, ela corre de um lado para o outro, dá chutes no ar, escreve recados de batom para uma câmera localizada abaixo do palco e, assim, conduz a plateia. Isso também faz com que ela tenha alguma dificuldade no fôlego em alguns momentos, “jogando” para o público para evitar desafinar demais.
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Vale um destaque aqui, também, para o corpo de balé, que não parece estar lá apenas para incrementar o show, mas também para ajudar a contar a narrativa que a artista está apresentando.
Olivia tocou também a ótima Jealousy, Jealousy, seguida por Favorite Crime, Teenage Dream e Deja Vu.
Passou por Brutal, um de seus hinos para os jovens insatisfeitos – “estou tão cansada dos 17, cadê a p*** do meu sonho adolescente?”, diz o primeiro verso. E foi diretamente para mais um deles: All-American Bitch (“eu sei a minha idade e ajo de acordo”), em que, em um dos momentos mais legais do show, fez o público do Autódromo de Interlagos gritar bem alto para o que quer o fizesse sentir raiva. Foi como uma terapia coletiva para o mar de jovens, gerando uma onda que se espalhou pela gramado.
Livre do barulho alheio que a prejudicou, a cantora terminou em alta com mais dois hits, Good 4 U e Get Him Back, músicas que refletem algumas característica de Olivia: ela é obstinada, sincera, vulnerável e explosiva. Tudo isso se reflete na apresentação, que é enérgica, teatral e emocionante em momentos. Não é perfeita, mas talvez não precise ser. Mais do acertar suas notas com precisão, Olivia quer se conectar com o público que a colocou no topo do mundo.
O Lollapalooza 2025 segue até domingo, 30, e ainda tem atrações como Alanis Morissette, Shawn Mendes e Justin Timberlake.