Ainda no texto, a organização diz que não tolerará mais “o uso da nossa imagem em situações que ultrapassem o limite da crítica construtiva, como em casos de perseguição, ofensas, calúnias, difamações, entre outros crimes”. Dessa forma, canais que utilizarem as imagens do programa nessas circunstâncias serão notificados via e-mail e, caso não deletem o vídeo, serão acionados na Justiça pela organização.
“Nosso objetivo não é limitar a criatividade ou expressão alheia, muito menos se trata de censura”, escreveu o podcast. “Entendemos o valor das críticas e estamos sempre dispostos a aprender com elas. Estamos apenas garantindo que as imagens que criamos — com esforço, tempo, dedicação e investimento — sejam protegidas e utilizadas de forma ética e justa”, finalizou.
Entenda a polêmica
Nas últimas semanas, diversos canais brasileiros do YouTube relataram ter recebido um ou mais strikes por veicular o conteúdo do Podpah em seus vídeos. Trata-se de uma notificação da plataforma que indica uma violação nas regras da comunidade ou nas políticas de direitos autorais. Caso um canal acumule muitos strikes, ele pode ser banido do YouTube.
O youtuber Marcelo Oliveira, dono do canal Não Advinho, publicou um vídeo expondo o ocorrido e explicando a situação. Segundo ele, o Podpah deu strike em um dos vídeos onde ele reagia à entrevista do jogador de futebol Gabigol ao programa. Ainda de acordo com o youtuber, outros canais também receberam a notificação da plataforma de vídeos em contextos parecidos.
“Eu não sei se o strike é porque a gente critica, zoa e faz meme com o Igão… porque quase todos fazem, né? Você tem o Hermes e Renato, que tem um quadro no canal deles zuando o Podpah, você tem páginas do Instagram que são específicas de tirar cortes do Podpah para fazer alguma zueira. Virou uma espécie de conteúdo zuar o Podpah”, afirmou Oliveira.

Em outro vídeo, que já foi retirado da plataforma, o youtuber Serginho Faoth também afirmou que recebeu strikes do Podpah. Na publicação, Faoth mostra que a notificação foi feita pela Nose, agência parceira do podcast do Igão e do Mítico. Ao questionar a agência, os youtubers receberam um e-mail no qual a Nose afirma se tratar de um strike por direitos autorais.
Os criadores de conteúdo, no entanto, alegam que essa regra só vale caso alguém publique um vídeo que somente reproduza o conteúdo do Podpah. Para Oliviera e Faoth, o fato de ambos utilizarem somente alguns trechos do podcast e adicionarem suas próprias reações, análises e críticas ao conteúdo não configura uma violação de direitos autorais.
Igão, no entanto, garante que o Podpah não quer censurar os criadores de conteúdo. Na última quinta-feira, 13, o apresentador dedicou alguns minutos do podcast para falar sobre a polêmica. O podcaster afirmou que, desde o começo do programa, o Podpah liberou outros usuários para postarem trechos das conversas em plataformas como YouTube, TikTok e afins.
“Todo mundo vê que hoje virou uma onda falar do Podpah, todo mundo faz vídeo, tá tudo certo”, pontuou o apresentador. “De repente, vi que esses vídeos começaram a ir para um lugar muito ruim — difamando e ‘escrotizando’ a gente. Eu não estou falando de meme e brincadeira. Estou na internet há dez anos, eu sei o que é meme e o que é brincadeira.”
“Mas quando a parada perde o rumo e começa a me prejudicar, a prejudicar o Mítico, minha família, todo mundo que trabalha com a gente, eu posso levantar a mão e falar ‘você tem sua opinião de me achar burro, escroto, ignorante… tá tudo certo’. Mas você achar isso e ainda usar a minha imagem, do meu trabalho, para contextualizar isso… eu tenho o direito de levantar a mão e falar que eu não quero. E eu não quero. Eu não quero que a minha imagem seja usada para me difamar.”
As críticas ao Podpah
Lançado em setembro de 2020, o Podpah se tornou o maior podcast brasileiro da atualidade. Além do programa principal, que já exibiu 890 episódios, a empresa conta com uma série de outras atrações como o Rango Brabo, programa culinário, Quebrada FC, programa futebolístico, Batalha da Aldeia, uma das principais batalhas de rima de São Paulo, entre outros quadros.
As principais críticas ao podcast, no entanto, são direcionadas aos dois apresentadores — Igão e Mítico. Para muitos usuários, os dois não têm um bom preparo para entrevistar convidados das mais diversas áreas e acabam fazendo perguntas que ficam no senso comum. Essa, no entanto, é uma crítica comum aos podcasts de entrevistas mais populares da internet.
Inúmeras piadas e memes são feitas com erros de repetição ou linguagem cometidos pelos apresentadores. Em um dos episódios mais infames, Igão estava entrevistando Max Verstappen, tetracampeão da Fórmula 1, e perguntou: “Eu queria saber de você… estamos competindo, estamos competindo… Eu gostaria de saber se isso é uma parada sua. Pô, competir, quero ganhar, então vou fazer tudo dentro do regulamento pra ganhar…“.
O momento chamou atenção da internet, que passou a criticar e a ironizar a fala confusa de Igão. Em outra ocasião, enquanto entrevistavam Wagner Moura, os apresentadores não conheciam alguns filmes que o ator já havia participado, o que também rendeu inúmeras críticas na internet. Os apresentadores se defendem, no entanto, afirmando se tratar de um papo descontraído na internet, não de uma entrevista jornalística.
POLÊMICA! 🚨 Wagner Moura, Podpah e o repertório cultural! 😱
Hoje a @fabianalr_ viralizou com uma crítica à falta de preparo dos rapazes do PodPah na entrevista com o Wagner Moura. Concordo e uma coisa me chamou atenção na entrevista: a falta de repertório.
A maioria desses… pic.twitter.com/LnS4ZYPorF
— Nota (@jornalnota) June 28, 2024
Há, no entanto, inúmeras críticas e zombarias que resvalam em preconceito classista. É comum que as piadas façam referência ao fato dos dois apresentadores terem nascido na periferia de São Paulo e Belém. Os memes também relacionam a proximidade de ambos com o funk e o rap como explicação para os erros cometidos.
O podcast se vende com orgulho como um produto feito por pessoas da periferia para pessoas da periferia. Isso, no entanto, parece incomodar parte do público. A inteligência dos dois apresentadores, assim como a do público do Podpah, é constantemente questionada nas redes sociais.