Lançado em 1968, o Chevrolet Opala é até hoje uma referência nacional de status, prestígio e até esportividade. A versão brasileira do Opel Rekord deixou uma legião de apaixonados ao sair de linha, em 1992. Com a volta dos importados, o substituto deveria não só honrar seu legado como arcar com os novos padrões dos rivais estrangeiros.
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Esse desafio coube ao Omega. Ele equivalia ao Opel de mesmo nome, lançado em 1986 após duas gerações de Rekord não produzidas aqui, enquanto o Opala era remodelado e atualizado na mecânica.

O projeto custou 400 milhões de dólares. O Cx de 0,30 confirmava a impressão de fluidez do design. Ainda que na versão CD o motor 3.0 de 165 cv – maior potência líquida entre os nacionais – fosse alemão, na GLS o motor era o 2.0 do Monza.
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O Omega tinha farta lista de equipamento. Foi o primeiro nacional a oferecer CD player como opção. Faróis ajustáveis, vidros elétricos um-toque com antiesmagamento, destravamento automático em emergências, teto solar elétrico, computador de bordo, cortina para-sol, porta-luvas climatizado, retrovisor com aquecimento e ABS também eram oferecidos no topo-de-linha.


Além do motor 3.0, também eram importados o câmbio manual de cinco marchas, da Opel, e o automático da Hydramatic, francês. Com tração traseira e suspensão independente, ele diferia da arquitetura padrão.
O teste de QUATRO RODAS com o GLS em agosto de 1992 já incluiu um comparativo com o Santana GLS. Com 120 kg a menos, o Volks arrancou e alcançou a maior velocidade: chegou a 177,9 km/h (contra 175,6 km/h). No 0 a 100 km/h, o Santana fez 12,42 s, contra 13,65 do Omega. As vantagens, porém, acabam por aí: o Chevrolet ganhou em espaço, segurança, economia, estabilidade e conforto.


Impressão ainda melhor causou o Omega 3.0 CD, na mesma edição. Com 206 km/h de máxima e 9,60 segundos de 0 a 100 km/h, tornou-se o campeão de desempenho entre os nacionais da época. Em 1993, ganharia uma versão perua, a Suprema.
O GLS 2.0 receberia a primeira injeção multipoint Motronic para álcool do mundo naquele ano. Após ganhar comparativos com Hyundai Sonata, Fiat Tempra, Mitsubishi Galant e Alfa Romeo 164, além da versão mais simples GL, o Omega trocou de motores para 1995.
O 4.1 do Opala, reformulado pela Lotus e com injeção eletrônica e 168 cv, substituiu o 3.0 e o 2.0 a gasolina virava 2.2, com 116 cv. O CD 4.1 recebia aerofólio, imitação de madeira em painel e portas, retrovisor eletrônico e novas rodas. Na pista de testes, apesar de mais potente que o 3.0, a nova configuração foi mais lenta: 11,1 s para alcançar os 100 km/h e máxima de 202,9 km/h, além do consumo mais elevado.

Pouco mudaria até o fim da vida, em 1998. A Opel já tinha seu novo Omega desde 1994. O Holden Commodore logo viria da Austrália como Chevrolet Omega. Foram feitas 93.282 unidades do modelo brasileiro, incluindo Suprema, extinta em 1996.

É de 1998 o CD 4.1 das fotos, do advogado paulista Marcus Machado, considerado pelo Omega Clube o primeiro restaurado no país. Quase tudo foi trocado ou refeito. Após analisar 47 carros, ele comprou um seis-cilindros.
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“Foi o Omega em pior estado que encontrei”, diz. Mas preenchia seus requisitos: era manual, sem teto solar e do único ano que sua família não tivera. “As peças já são raras e caras.” A julgar pelo status e o valor histórico do modelo, esse restauro abriu caminho para vários outros entre os apaixonados pelo sucessor do Opala.
Ficha técnica – Chevrolet Omega CD 4.1
- Motor: dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em linha, 4 093 cm³, injeção eletrônica multiponto sequencial
- Diâmetro x curso: 98,4 x 89,7 mm
- Taxa de compressão: 8,5:1
- Potência: 168 cv a 4 500 rpm
- Torque: 29,1 mkgf a 3 500 rpm
- Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira
- Dimensões: comprimento, 474 cm; largura, 176 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 273 cm; peso, 1 485 kg
- Suspensão: independente; dianteira: McPherson; traseira: braços semiarrastados
- Rodas: liga leve, 7J x 15, pneus 195/65 R 15H
Teste QUATRO RODAS – janeiro de 1995
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,11 segundos
- Velocidade máxima: 202,9 km/h
- Frenagem de 80 km/h a 0: 27,7 metros
- Consumo: 7,74 km/l (médio), 6,01 km/l (cidade) e 9,24/9,73 km/l (estrada, a 100 km/h, carregado/vazio)
- Preço (dezembro de 1994): Cr$ 35.500
- Preço (atualizado IPC-SP/FIPE): R$ 144.226