O cinema chegou ao Brasil em julho de 1896, quando o belga Henri Paillie exibiu, no Rio de Janeiro, oito filmes de um minuto cada que mostravam o cotidiano de algumas cidades europeias. No ano seguinte, o Rio ganhou uma sala fixa de cinema, administrada pelo empresário ítalo-brasileiro Pascoal Segreto, que se uniu ao bicheiro José Roberto Cunha Sales para ficar de olho nas novidades que os irmãos Lumière estavam criando em Paris.
Também foi em 1897 que o cinema brasileiro deu seu primeiro pontapé, com os primeiros filmes rodados no país. Não há um consenso sobre qual foi o primeiro filme do Brasil, mas se sabe, por meio de documentos da época, que alguns filmes foram rodados naquele ano. Infelizmente, os rolos de filme se perderam e essas obras não podem ser vistas.
O bicheiro e pioneiro do cinema nacional Cunha Sales supostamente dirigiu o curta-documentário Ancoradouro de Pescadores na Baía de Guanabara em 1897. O Arquivo Nacional do Rio de Janeiro guarda 24 fotogramas do filme. Esse é o primeiro registro documentado de filmagens no Brasil. Alguns historiadores questionam que as filmagens realmente tenham acontecido no Brasil, e levantam a hipótese de que Cunha Sales só recortou filmes estrangeiros.
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Algumas pesquisas levam a acreditar que houve quatro filmes brasileiros antes de Ancoradouro. Chegada do Trem em Petrópolis; Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí; Uma Artista Trabalhando no Trapézio do Polytheama e Ponto Terminal da Linha de Bondes de Botafogo, Vendo-se os Passageiros Subir e Descer são considerados pela Cinemateca Brasileira como possíveis primeiros filmes brasileiros.
A existência desses curtas é considerada com base em um anúncio do jornal Gazeta de Petrópolis, que enumera os filmes sendo exibidos no Rio de Janeiro em 1897. Alguns historiadores do cinema levantam a hipótese de que os filmes eram estrangeiros, mas tiveram os títulos trocados para atrair ao público brasileiro.
Alfonso Segreto, primeiro cineasta brasileiro
Na década de 1970, antes da maioria dessas pesquisas, o dia 19 de junho foi escolhido como o Dia do Cinema Brasileiro, por causa da filmagem do suposto primeiro filme nacional, Fortalezas e Navios de Guerra na Baía de Guanabara, de Alfonso Segreto, irmão de Pascoal. Esse filme foi supostamente rodado em 1898, um ano depois dos outros prováveis primeiros filmes do país. Mas não há evidências físicas de sua existência, só menções no jornal Gazeta de Notícias.
Alfonso pretendia exibir o filme produzido após trazer os equipamentos de Nova Iorque e Paris. Mas ele ainda era um cinegrafista inexperiente, e acabou abrindo a câmara escura e danificando a película do filme. Se Baía de Guanabara foi o primeiro filme brasileiro, nosso cinema começou como um mau presságio: ele nunca foi exibido.
Como um bom brasileiro, Alfonso não desistiu. Um mês depois, ele conseguiu realizar dois filmes: um mostrando o desfile fúnebre do ex-presidente Floriano Peixoto e o outro exibindo o presidente Prudente de Morais visitando um cruzador no arsenal da Marinha. Ele registrou mais de cem filmes nos cinco anos seguintes, mas nenhum deles chegou até nós.
Todos os filmes produzidos no Brasil nesses primeiros anos eram documentários. A primeira obra de ficção do cinema brasileiro foi Os Estranguladores, um filme de 40 minutos de 1908 baseado num crime real que havia acontecido dois anos antes. Dirigido por Francisco Marzullo e Antônio Leal, o filme foi um sucesso: 20 mil pessoas assistiram à obra em seu mês de estreia. Infelizmente, esse é mais um filme que se perdeu com o tempo.
O primeiro filme sonoro do Brasil, Acabaram-se os Otários, foi feito em 1929, e a partir da década de 1930 o cinema nacional começou a brilhar com suas produções originais. Desde então, são quase cem anos de clássicos brasileiros na telona.
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