O Papa Francisco morreu nesta segunda-feira (21), às 7h35 no horário de Roma, aos 88 Jorge Bergoglio havia sido internado no Hospital Gemelli por 38 dias para o tratamento de uma pneumonia dupla, e retornou ao Vaticano 20 dias atrás. Sua última aparição pública ocorreu ontem, no domingo de Páscoa, na praça São Pedro.
Ao longo de seus 12 anos como liderança máxima da Igreja Católica, Papa Francisco se mostrou um homem de “primeiras vezes”. Nascido em Buenos Aires, na Argentina, ele foi o primeiro papa latino americano da história. Também foi o primeiro papa não europeu em 1.200 anos – o último havia sido o sírio Gregório III, que morreu no ano 741.
Seu pontificado foi marcado pela humildade, caridade e solidariedade a grupos que até então eram marginalizados pela Igreja Católica. Ele rejeitou o conservadorismo de pontífices anteriores, representando uma renovação da Igreja para o século 21. Abaixo, confira alguns pioneirismos do Papa Francisco.
Primeiro papa jesuíta
Bergoglio iniciou seu noviciado em 1958, aos 22 anos, quando entrou para a Companhia de Jesus. Os membros dessa ordem religiosa, chamados jesuítas, são conhecidos pelo trabalho missionário e pelo voto de pobreza.
Como jesuíta, o argentino foi transferido para estudar humanidades em Santiago, no Chile. Graduou-se em Filosofia pela Universidade Católica de Buenos Aires, e também teologia. Em 1980, ele foi educador em uma escola de jesuítas.
No geral, os jesuítas não procuram cargos no alto escalão da Igreja. Em 500 anos desde a fundação da Companhia de Jesus, na França, Francisco é o primeiro membro da ordem a se tornar papa.
Primeiro papa a dizer a palavra “gay” em público
A mediação do Papa Francisco entre o Vaticano e a comunidade LGBTQIA+ é complicada. A Igreja Católica foi historicamente intolerante em relação a famílias compostas por pessoas do mesmo sexo. Mesmo assim, Francisco foi o primeiro papa a acolher os homossexuais católicos. Em 2013, ele proferiu a famosa frase “Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?”
Francisco era a favor da descriminalização da homossexualidade ao redor do mundo. Ele também dizia que homossexuais tinham o direito à família e ao casamento civil. Em 2023, o Vaticano emitiu um comunicado afirmando que pessoas transexuais podem ser batizadas, ser padrinhos de batismo, e servir como testemunhas de casamentos católicos.
No entanto, o matrimônio perante a Igreja permaneceu restrito a casais heterossexuais. Segundo as diretrizes do Vaticano, relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo continuam consideradas pecado. E em 2024, Francisco aprovou uma declaração afirmando que cirurgias de redesignação sexual são uma violação da dignidade humana.
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Primeiro papa a emitir uma carta encíclica ambientalista
O predecessor de Francisco, Bento XVI, era considerado o “papa verde”. Ele foi o primeiro a colocar paineis solares no telhado da Sala Paulo VI, e a comprar créditos de carbono para tornar o Vaticano carbono neutro.
Francisco pode não ser o primeiro papa a se preocupar com a causa ambiental, mas é o primeiro a levar essa preocupação a outros bispos. Em 2015, ele emitiu uma encíclica – ou seja, uma carta formal destinada a todos os bispos católicos do mundo – com foco ambientalista. Ele discute as mudanças climáticas sob a lente da justiça social, e ainda critica o consumismo desenfreado.
Em 2023, ele emitiu uma outra encíclica criticando os negacionistas das mudanças climáticas e colocando o aquecimento global como um dos principais desafios da sociedade.
Primeiro papa a nomear mulheres a altos cargos no Vaticano
Em janeiro deste ano, Francisco nomeou a freira Simona Brambilla como chefe do departamento do Vaticano que supervisiona ordens religiosas de homens e mulheres. É a primeira vez que uma mulher ocupa o principal cargo de um gabinete da Santa Sé.
Em fevereiro, foi a vez da freira Raffaella Petrini ser nomeada Presidente do Governo do Vaticano. Novamente, é a primeira mulher a ocupar a posição.
Apesar dos esforços de Francisco para elevar mulheres ao alto escalão do Vaticano, alguns cargos (como o próprio papado) são reservados a homens. O sacerdócio das mulheres também permaneceu inalterado – elas não podem, por exemplo, celebrar missas, batizar pessoas ou ouvir confissões. Seria uma mudança grande para a Igreja Católica, e o Papa Francisco talvez não quisesse comprar a briga.
De toda forma, o legado de renovação e justiça social que o Papa Francisco deixa para a Igreja Católica é inegável. Resta saber se o sucessor seguirá seus passos ou caminhará na contramão.
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