A convite de Heineken, conversamos com quatro personagens que estão renovando a vida noturna paulistana – da moda ao comportamento A vista noturna para o Edifício Viadutos, projetado pelo arquiteto Artacho Jurado, não nega: estamos no centro de São Paulo. Mais precisamente, em um rooftop localizado na rua Martins Fontes, número 91, onde está o bar-balada Matiz, inaugurado em 2023 com foco na música e na alta coquetelaria. Em uma segunda-feira atípica – já que geralmente esse é o dia que o bar está fechado –, ele foi o ponto de encontro de um grupo que, movido por suas respectivas paixões, encontrou na cidade de São Paulo (e na sua noite) seu combustível.
São quatro personalidades que se declaram multiartistas, ou seja, criativos que não se definem apenas por uma atuação: a estilista Ana Clara Watanabe, a DJ Valentina Luz, a cantora Tássia Reis e o dançarino Tago Oli. Migrantes de diversas partes do país, eles saíram de suas cidades para encontrar novas oportunidades na maior metrópole da América Latina e acharam seu lugar no mundo: as pistas de dança.
Erika Palomino
João Arraes
“A pista de dança segue sendo essa grande utopia onde todo mundo é igual e pode ser feliz”, comenta a jornalista Erika Palomino, a quinta integrante desse encontro no Matiz, que, desde 1990, pesquisa e retrata a noite paulistana e seus personagens mais diversos. “São Paulo tem essa profusão de lugares, de gente, essa diversidade de tudo: estilo musical, decoração, o contraste entre underground e mainstream. Você olha em todos os lugares e eles estão cheios. Tem público para todo tipo de coisa, e você pode escolher o seu lugar.”
É nesse ambiente diverso que os quatro se reinventaram ou se reencontraram. Ele representa o cerne da cultura clubber, um movimento que vai muito além da preferência pela música eletrônica. É um estilo de vida pautado pela liberdade de expressão, pela celebração da diversidade e pela reinvenção estética constante. “Comparando com os anos 1990, hoje em dia existe uma flexibilidade maior, que faz com que as pessoas possam começar a dançar, se expressar e performar de uma forma mais informal. Antes as coisas eram muito segmentadas, levadas muito a sério, e hoje tudo flui de uma forma mais relaxada”, analisa Erika.
Com o lançamento da versão atualizada de seu livro Babado forte, uma pesquisa sobre a vida noturna urbana e sua relação com a moda, a jornalista chega como autoridade para reforçar o mote de Heineken, patrocinadora desse encontro: “O melhor do dia só começa quando ele acaba” – afinal, as noites abrem uma infinidade de oportunidades, ainda mais quando você tem uma cerveja na mão.
Donos da pista
A DJ e performer Valentina Luz, natural de Mandaguaçu, interior do Paraná, saiu da casa onde morava para realizar o sonho de ser modelo, e chegou a desfilar em eventos como a Casa de Criadores. Após idas e vindas do Sul, se encontrou definitivamente na noite de São Paulo. Ficou fascinada pelo sentimento de independência e pluralidade, e se arriscou no ofício de performer.
Valentina Luz
João Arraes
A carreira na música só veio depois. Apesar de sempre ter tido um grande repertório, que ia do samba ao rap, achava que não havia lugar para uma mulher negra e trans atrás das picapes. Essa visão só mudou quando subiu ao palco para dançar com a DJ Honey Dijon, uma das principais mulheres da cena atual. Hoje, seus sets vão do techno ao proibidão, sempre embalados por uma coreografia particular. “A música salvou a minha vida diversas vezes. A arte e a noite foram os lugares que encontrei para socializar.”
Tago Oli
João Arraes
O dançarino, coreógrafo, diretor, DJ e modelo carioca Tago compartilha do mesmo sentimento. Morador de São Paulo há três anos, ele descobriu as diversas camadas da liberdade por aqui, principalmente como um homem gay afeminado. “Eu descubro uma coisa nova sempre, e amo isso. A noite é um lugar de experimentação”, explica. Apesar das diversas funções, cada atividade o preenche de uma forma diferente. “Amo dar play em uma música e ver todo mundo cantar e gritar. Amo dançar em palcos de festivais e sentir a energia do público. Amo lecionar, estar em uma sala de dança e trocar experiências. Tenho muitas facetas.” Isso tudo, inclusive, veio como herança de uma família cultural, já que Tago é neto de um compositor de samba e cresceu na Cidade de Deus, uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro.
Um modo de viver
A efervescência cultural da cidade que inspira Tago também abriu uma nova porta para a designer de moda nipo-brasileira Ana Clara Watanabe, fundadora da WTNB. Com uma veia sustentável, ela mantém grande parte de sua produção em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, sua cidade natal, com artesãs locais, mas estar na capital impactou profundamente seu trabalho: “Demorei muito tempo para assumir o meu lado japonês, que hoje está tão presente no meu trabalho, e isso só aconteceu com a minha vinda [para São Paulo]. No interior eu rejeitava isso 100%. Vir para cá foi muito libertador.”
Ana Clara Watanabe
João Arraes
Aos 27 anos, ela brinca que é ex-clubber, já que o trabalho como estilista ocupa grande parte de seu tempo. Frequentadora de festas como Gop Tun, suas roupas circundam esse universo livre, criativo e em constante transformação.
Inspiração profunda
Tássia Reis
João Arraes
A cantora e compositora Tássia Reis, que acumula mais de dez anos de carreira, se alimenta de experiências que vive na noite, principalmente quando está fora dos palcos. “Quando eu quero descarregar, saio para dançar e curtir. Como sou compositora, ver gente e conhecer pessoas é como um estudo para mim.”
Tássia veio de Jacareí, interior de São Paulo, onde nasceu e se tornou dançarina. Na capital, se formou em design de moda, mas, frustrada com o mercado, pediu demissão e partiu para a música – uma possibilidade totalmente nova que começava a pulsar dentro dela. “Eu escrevia músicas e mostrava para amigos que me incentivaram, e parti para o tudo ou nada. Lancei minha primeira música em 2013.” Hoje, é uma das principais vozes femininas da nova música brasileira e acaba de lançar seu novo álbum, Topo da minha cabeça.
São quatro personalidades que se declaram multiartistas, ou seja, criativos que não se definem apenas por uma atuação: a estilista Ana Clara Watanabe, a DJ Valentina Luz, a cantora Tássia Reis e o dançarino Tago Oli. Migrantes de diversas partes do país, eles saíram de suas cidades para encontrar novas oportunidades na maior metrópole da América Latina e acharam seu lugar no mundo: as pistas de dança.
Erika Palomino
João Arraes
“A pista de dança segue sendo essa grande utopia onde todo mundo é igual e pode ser feliz”, comenta a jornalista Erika Palomino, a quinta integrante desse encontro no Matiz, que, desde 1990, pesquisa e retrata a noite paulistana e seus personagens mais diversos. “São Paulo tem essa profusão de lugares, de gente, essa diversidade de tudo: estilo musical, decoração, o contraste entre underground e mainstream. Você olha em todos os lugares e eles estão cheios. Tem público para todo tipo de coisa, e você pode escolher o seu lugar.”
É nesse ambiente diverso que os quatro se reinventaram ou se reencontraram. Ele representa o cerne da cultura clubber, um movimento que vai muito além da preferência pela música eletrônica. É um estilo de vida pautado pela liberdade de expressão, pela celebração da diversidade e pela reinvenção estética constante. “Comparando com os anos 1990, hoje em dia existe uma flexibilidade maior, que faz com que as pessoas possam começar a dançar, se expressar e performar de uma forma mais informal. Antes as coisas eram muito segmentadas, levadas muito a sério, e hoje tudo flui de uma forma mais relaxada”, analisa Erika.
Com o lançamento da versão atualizada de seu livro Babado forte, uma pesquisa sobre a vida noturna urbana e sua relação com a moda, a jornalista chega como autoridade para reforçar o mote de Heineken, patrocinadora desse encontro: “O melhor do dia só começa quando ele acaba” – afinal, as noites abrem uma infinidade de oportunidades, ainda mais quando você tem uma cerveja na mão.
Donos da pista
A DJ e performer Valentina Luz, natural de Mandaguaçu, interior do Paraná, saiu da casa onde morava para realizar o sonho de ser modelo, e chegou a desfilar em eventos como a Casa de Criadores. Após idas e vindas do Sul, se encontrou definitivamente na noite de São Paulo. Ficou fascinada pelo sentimento de independência e pluralidade, e se arriscou no ofício de performer.
Valentina Luz
João Arraes
A carreira na música só veio depois. Apesar de sempre ter tido um grande repertório, que ia do samba ao rap, achava que não havia lugar para uma mulher negra e trans atrás das picapes. Essa visão só mudou quando subiu ao palco para dançar com a DJ Honey Dijon, uma das principais mulheres da cena atual. Hoje, seus sets vão do techno ao proibidão, sempre embalados por uma coreografia particular. “A música salvou a minha vida diversas vezes. A arte e a noite foram os lugares que encontrei para socializar.”
Tago Oli
João Arraes
O dançarino, coreógrafo, diretor, DJ e modelo carioca Tago compartilha do mesmo sentimento. Morador de São Paulo há três anos, ele descobriu as diversas camadas da liberdade por aqui, principalmente como um homem gay afeminado. “Eu descubro uma coisa nova sempre, e amo isso. A noite é um lugar de experimentação”, explica. Apesar das diversas funções, cada atividade o preenche de uma forma diferente. “Amo dar play em uma música e ver todo mundo cantar e gritar. Amo dançar em palcos de festivais e sentir a energia do público. Amo lecionar, estar em uma sala de dança e trocar experiências. Tenho muitas facetas.” Isso tudo, inclusive, veio como herança de uma família cultural, já que Tago é neto de um compositor de samba e cresceu na Cidade de Deus, uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro.
Um modo de viver
A efervescência cultural da cidade que inspira Tago também abriu uma nova porta para a designer de moda nipo-brasileira Ana Clara Watanabe, fundadora da WTNB. Com uma veia sustentável, ela mantém grande parte de sua produção em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, sua cidade natal, com artesãs locais, mas estar na capital impactou profundamente seu trabalho: “Demorei muito tempo para assumir o meu lado japonês, que hoje está tão presente no meu trabalho, e isso só aconteceu com a minha vinda [para São Paulo]. No interior eu rejeitava isso 100%. Vir para cá foi muito libertador.”
Ana Clara Watanabe
João Arraes
Aos 27 anos, ela brinca que é ex-clubber, já que o trabalho como estilista ocupa grande parte de seu tempo. Frequentadora de festas como Gop Tun, suas roupas circundam esse universo livre, criativo e em constante transformação.
Inspiração profunda
Tássia Reis
João Arraes
A cantora e compositora Tássia Reis, que acumula mais de dez anos de carreira, se alimenta de experiências que vive na noite, principalmente quando está fora dos palcos. “Quando eu quero descarregar, saio para dançar e curtir. Como sou compositora, ver gente e conhecer pessoas é como um estudo para mim.”
Tássia veio de Jacareí, interior de São Paulo, onde nasceu e se tornou dançarina. Na capital, se formou em design de moda, mas, frustrada com o mercado, pediu demissão e partiu para a música – uma possibilidade totalmente nova que começava a pulsar dentro dela. “Eu escrevia músicas e mostrava para amigos que me incentivaram, e parti para o tudo ou nada. Lancei minha primeira música em 2013.” Hoje, é uma das principais vozes femininas da nova música brasileira e acaba de lançar seu novo álbum, Topo da minha cabeça.