Um novo estudo feito na Escócia descobriu que nenhum caso de câncer de colo de útero foi registrado no país entre mulheres jovens que tomaram a vacina contra o HPV quando tinham 12 ou 13 anos. Os resultados reforçam a importância da imunização para combater – e possivelmente erradicar – a doença, que causa anualmente 350 mil mortes no mundo.
Outros estudos já haviam mostrado que a vacinação é altamente eficaz em reduzir a incidência desse tipo de câncer – mas a nova análise é emblemática porque acompanhou um grande grupo de mulheres (450 mil ao todo) a longo prazo, e concluiu que a vacina zerou os casos da doença entre as imunizadas na idade recomendada.
O HPV (vírus do papiloma humano) é uma infecção sexualmente transmissível (IST) bastante comum, que pode se manifestar como uma verruga na pele e mucosas. O vírus, porém, também pode resultar no câncer no colo de útero, além de pênis, ânus e outros tipos. Calcula-se que a maioria das pessoas sexualmente ativas terão ou já tiveram contato com o vírus, embora, muitas vezes, a infecção possa permanecer totalmente assintomática.
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O câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical, é o quarto mais comum entre mulheres; quase todos os casos são decorrentes da infecção por HPV. Todos os anos, 660 mil pacientes são diagnosticadas com a doença, segundo a OMS. No Brasil, são 17 mil novos casos e sete mil óbitos por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.
O estudo analisou dados de mulheres que nasceram entre 1988 e 1996, e que, portanto, têm entre 29 e 37 anos. O programa nacional de vacinação contra o HPV começou em 2008 na Escócia, por meio de campanhas de imunização nas escolas. Depois, os cientistas cruzaram as informações na base nacional de dados sobre o câncer.
Os resultados mostraram que, entre o grupo de meninas que foram vacinadas quando tinham 12 ou 13 anos, nenhum caso de câncer foi registrado até agora. Isso aconteceu mesmo entre as que receberam apenas uma ou duas doses, enquanto o esquema vacinal completo é composto por três doses no país.
A conclusão reforça uma ideia já sabida: a vacina é muito mais eficaz quando é administrada antes do início da vida sexual, quando os indivíduos passam a ter contato com o HPV. Por isso, a idade importa.
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Mas a vacinação teve um efeito protetivo mesmo em mulheres que foram imunizadas mais tarde, entre 14 e 22 anos. Nesse grupo, considerando um esquema completo (três doses), a incidência de câncer cervical foi reduzida: foram registrados 3,2 casos para cada 100 mil mulheres. Já entre as que nunca foram vacinadas, a incidência foi bem maior: 8,4 casos para cada 100 mil.
Os pesquisadores reforçaram que o acompanhamento a longo prazo ainda precisa continuar, para entender se o efeito protetivo permanece forte, e por quanto tempo. É possível, claro, que casos de câncer de colo de útero sejam registrados entre mulheres que foram vacinadas, porque nenhuma vacina é 100% eficaz. Além disso, algumas das vacinas usadas, especialmente no começo do programa da vacinação, cobriam menos variantes do HPV, e por isso podem ter uma eficácia menor; as mais recentes foram atualizadas e protegem contra uma gama maior de vírus.
Mesmo assim, os resultados são históricos: comprovam que a vacinação de meninas jovens é altamente eficaz em reduzir os casos de câncer e salvar vidas. Se não for capaz de erradicar a doença, os pesquisadores acreditam que a imunização, combinada com estratégias de testagem e diagnóstico precoce, podem pelo menos tornar o câncer cervical uma doença rara.
O estudo foi publicado na revista científica Journal of the National Cancer Institute.
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