Lance mínimo será de R$ 200 mil. Confira as características que fizeram desse carro um clássico do cinema nacional. Andamos no Kadett de ‘Ainda Estou Aqui’
Banco de couro que lembra o do sofá da casa da avó. Volante fino e um painel totalmente analógico. Quebra vento e nostalgia. As características são comuns de carros antigos, mas esse tem um Oscar® para chamar de seu.
O Opel Kadett 1968 é um modelo raro no Brasil, e esse exemplar foi fundamental para a construção da atmosfera dos anos 1970 no filme ‘Ainda Estou Aqui’, a primeira produção original Globoplay que ganhou a estatueta de Melhor Filme Internacional em 2025.
O g1 contou a história de como o modelo saiu do Paraná, passou por um comprador de São Paulo e chegou ao Rio de Janeiro para as gravações do longa. E agora mostra como é andar nesse carro, que será leiloado na noite deste sábado (22), com lance mínimo de R$ 200 mil. (veja no vídeo acima)
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O Opel Kadett
O Opel Kadett L Super de 1968, utilizado na gravação do filme “Ainda Estou Aqui”, pertencia à empresa Veículos de Cena, de Gabriel e Fábio Martins. Após o lançamento do filme, os empresários prepararam o carro para venda.
A empresa alugava o carro para gravações, como no caso do filme vencedor do Oscar, com uma diária de R$ 3 mil.
Considerando que o carro ficou locado por sete meses para a gravação de “Ainda Estou Aqui”, estima-se que os valores obtidos com o aluguel, somados à venda, possam chegar a R$ 1 milhão.
Com 210 dias de gravações, o faturamento com a locação poderia ter chegado a R$ 630 mil. No entanto, de acordo com Gabriel Martins, o valor foi mais baixo.
“Como o carro ficou muito tempo na gravação do filme, fizemos um preço mais baixo e cobramos um valor fechado mensalmente. Por isso, o valor do aluguel ficou abaixo dos R$ 3 mil por dia”, explicou Gabriel Martins.
Origem do Kadett de Ainda Estou Aqui
Uma viagem ao passado
Assim como no filme, entrar no Opel Kadett é como ingressar em uma máquina do tempo. A viagem começa ao tocar na maçaneta de ferro gelado, um item que não se vê mais nos carros atuais.
Ao abrir a porta, o acabamento chama a atenção. Com bancos e forração de porta em couro legítimo, o interior nos remete a uma versão especial.
A história do modelo Kadett começa na Alemanha em 1936. O carro foi criado para ser um veículo de entrada e popular. Da mesma forma, o Chevrolet Kadett de sexta geração, comercializado no Brasil do final da década de 1980 até o final da década seguinte, fez grande sucesso por aqui.
Fernanda Torres dirigiu o Opel Kadett em algumas cenas de ‘Ainda Estou Aqui’
Globoplay
O cheiro de carro antigo é inconfundível, e no Kadett essa característica é bem marcante. Os bancos, sem encosto de cabeça, são largos e têm poucos ajustes. Não há abas laterais para segurar o motorista em curvas, o que torna a experiência ainda mais curiosa.
Ao fechar a porta, o som é seco e metalizado, muito diferente do som abafado das portas dos carros mais novos.
O volante é bem grande, com um raio semelhante ao de um volante de ônibus dos dias atuais. Nos carros antigos, o volante era assim por uma razão simples: facilitar as manobras.
Como os carros antigos não eram equipados com sistemas de auxílio à direção, como hidráulico ou elétrico, era necessário ter um volante de diâmetro maior para diminuir o esforço do motorista. Quanto maior o raio, menor o peso.
O painel de instrumentos linear e analógico deixa claro que o carro de 1968 não tinha pretensões de acelerar muito: a velocidade máxima era de 160 km/h.
Opel Kadett L Super 1968
g1 | Rafael Leal
Nos mostradores do Kadett, por ser um carro fabricado na década de 1960, a luz indicativa de direção é apenas uma lâmpada verde, sem as tradicionais setas para a direita ou esquerda que vemos nos carros de hoje.
No entanto, há um indicador de rotação do motor, um item raro nos carros fabricados no Brasil na mesma época do Opel.
A idade do Kadett fica ainda mais evidente ao observar itens como o acendedor de cigarros e o cinzeiro, que já são obsoletos nos dias de hoje. E, por incrível que pareça, o painel do Kadett tem mais couro do que o novo Volkswagen Tera.
Com transmissão de quatro velocidades, a manopla de câmbio é simples e não há porta-objetos no console abaixo do painel, apenas o logo da fabricante.
Se não estivesse instalado em um carro, seria plausível afirmar que o banco traseiro nos convida para um cochilo. Grande, com bom revestimento e espumas confortáveis, o assento para quem vai atrás conta ainda com molas, tornando a viagem agradável.’
No entanto, o espaço para as pernas, como em todo compacto, não era dos melhores. Pessoas altas sofriam ao andar como passageiros no Kadett.
Dirigindo o Opel Kadett
O clássico do filme “Ainda Estou Aqui” tinha um motor 1.1 de quatro cilindros sob o capô. Com esse motor a gasolina, o carro entregava 60 cv de potência e 8,6 kgfm de torque.
Opel Kadett L Super 1968
g1 | Rafael Leal
Atualmente, um Chevrolet Onix 1.0 aspirado entrega, também com gasolina, 78 cv e 9,6 kgfm. Com uma diferença de mais de 50 anos, os números do Kadett não eram tão ruins para a época.
A chave era fina, bem diferente das que encontramos hoje, que podem ser em formato de canivete, cartão ou até mesmo apenas um sensor de presença. Ao encaixar e girar a ignição, as poucas luzes do painel acendem.
Quando está quente, o carro liga com facilidade. Frio, demora um pouco mais e é preciso bombear o acelerador algumas vezes para que o motor não desligue.
O Kadett possui um afogador, uma tecnologia aplicada nos carros a álcool no Brasil, que serve para acelerar o carro por alguns minutos até que o motor atinja a temperatura ideal de trabalho.
Engatar as marchas não é fácil. É preciso procurar a primeira e torcer para que esteja engatada corretamente. No entanto, essa sensação desaparece após algumas voltas com o carro. O ponto positivo é que o engate é curto.
Para arrancar, é necessário pisar um pouco mais no acelerador e soltar a embreagem aos poucos para o carro não morrer. Por ser carburado — e talvez não totalmente adaptado à gasolina brasileira, que contém 27,5% de etanol — aumentar a rotação é a única forma de dirigir o Kadett sem que o motor apresente falhas.
Opel Kadett L Super 1968
g1 | Rafael Leal
Esses pequenos cuidados e estranhamentos desaparecem após os primeiros cinco minutos, deixando apenas o prazer de estar em um clássico dos anos 1960.
Andar com os vidros abertos e com o quebra-vento jogando o ar diretamente no motorista é uma das formas de escapar do calor que fazia na capital paulista durante o contato do g1 com o carro. A eficiência do quebra-vento é inegável. Que falta ele faz nos carros de hoje!
O carro aparenta ser difícil de pilotar, mas não é. A direção é mais leve do que se imagina. Nas ruas estreitas e ligeiramente íngremes da zona leste de São Paulo, fica evidente que falta um pouco de fôlego para o modelo.
Mas não se deve ignorar a idade do carro: são 57 anos de existência. Para tanto tempo na ativa, o Kadett está em ótima condição física e esbanja beleza por onde passa. Os olhares são atraídos pelo cupê vermelho, e dá para ver crianças boquiabertas pelo caminho.
Rodar com o Opel Kadett é uma experiência inigualável, sobretudo quando se sabe da importância do carro para a família de Rubens Paiva e para o filme. Ainda bem que este carro ainda está entre nós.
Banco de couro que lembra o do sofá da casa da avó. Volante fino e um painel totalmente analógico. Quebra vento e nostalgia. As características são comuns de carros antigos, mas esse tem um Oscar® para chamar de seu.
O Opel Kadett 1968 é um modelo raro no Brasil, e esse exemplar foi fundamental para a construção da atmosfera dos anos 1970 no filme ‘Ainda Estou Aqui’, a primeira produção original Globoplay que ganhou a estatueta de Melhor Filme Internacional em 2025.
O g1 contou a história de como o modelo saiu do Paraná, passou por um comprador de São Paulo e chegou ao Rio de Janeiro para as gravações do longa. E agora mostra como é andar nesse carro, que será leiloado na noite deste sábado (22), com lance mínimo de R$ 200 mil. (veja no vídeo acima)
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Do anonimato ao Oscar: conheça o Kadett de Fernanda Torres no filme ‘Ainda Estou Aqui’, que será leiloado
LISTA: veja as 10 motos novas mais vendidas do Brasil em fevereiro
Mulheres sobre duas rodas: número de motociclistas habilitadas cresce 70% em 10 anos; veja histórias
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O Opel Kadett
O Opel Kadett L Super de 1968, utilizado na gravação do filme “Ainda Estou Aqui”, pertencia à empresa Veículos de Cena, de Gabriel e Fábio Martins. Após o lançamento do filme, os empresários prepararam o carro para venda.
A empresa alugava o carro para gravações, como no caso do filme vencedor do Oscar, com uma diária de R$ 3 mil.
Considerando que o carro ficou locado por sete meses para a gravação de “Ainda Estou Aqui”, estima-se que os valores obtidos com o aluguel, somados à venda, possam chegar a R$ 1 milhão.
Com 210 dias de gravações, o faturamento com a locação poderia ter chegado a R$ 630 mil. No entanto, de acordo com Gabriel Martins, o valor foi mais baixo.
“Como o carro ficou muito tempo na gravação do filme, fizemos um preço mais baixo e cobramos um valor fechado mensalmente. Por isso, o valor do aluguel ficou abaixo dos R$ 3 mil por dia”, explicou Gabriel Martins.
Origem do Kadett de Ainda Estou Aqui
Uma viagem ao passado
Assim como no filme, entrar no Opel Kadett é como ingressar em uma máquina do tempo. A viagem começa ao tocar na maçaneta de ferro gelado, um item que não se vê mais nos carros atuais.
Ao abrir a porta, o acabamento chama a atenção. Com bancos e forração de porta em couro legítimo, o interior nos remete a uma versão especial.
A história do modelo Kadett começa na Alemanha em 1936. O carro foi criado para ser um veículo de entrada e popular. Da mesma forma, o Chevrolet Kadett de sexta geração, comercializado no Brasil do final da década de 1980 até o final da década seguinte, fez grande sucesso por aqui.
Fernanda Torres dirigiu o Opel Kadett em algumas cenas de ‘Ainda Estou Aqui’
Globoplay
O cheiro de carro antigo é inconfundível, e no Kadett essa característica é bem marcante. Os bancos, sem encosto de cabeça, são largos e têm poucos ajustes. Não há abas laterais para segurar o motorista em curvas, o que torna a experiência ainda mais curiosa.
Ao fechar a porta, o som é seco e metalizado, muito diferente do som abafado das portas dos carros mais novos.
O volante é bem grande, com um raio semelhante ao de um volante de ônibus dos dias atuais. Nos carros antigos, o volante era assim por uma razão simples: facilitar as manobras.
Como os carros antigos não eram equipados com sistemas de auxílio à direção, como hidráulico ou elétrico, era necessário ter um volante de diâmetro maior para diminuir o esforço do motorista. Quanto maior o raio, menor o peso.
O painel de instrumentos linear e analógico deixa claro que o carro de 1968 não tinha pretensões de acelerar muito: a velocidade máxima era de 160 km/h.
Opel Kadett L Super 1968
g1 | Rafael Leal
Nos mostradores do Kadett, por ser um carro fabricado na década de 1960, a luz indicativa de direção é apenas uma lâmpada verde, sem as tradicionais setas para a direita ou esquerda que vemos nos carros de hoje.
No entanto, há um indicador de rotação do motor, um item raro nos carros fabricados no Brasil na mesma época do Opel.
A idade do Kadett fica ainda mais evidente ao observar itens como o acendedor de cigarros e o cinzeiro, que já são obsoletos nos dias de hoje. E, por incrível que pareça, o painel do Kadett tem mais couro do que o novo Volkswagen Tera.
Com transmissão de quatro velocidades, a manopla de câmbio é simples e não há porta-objetos no console abaixo do painel, apenas o logo da fabricante.
Se não estivesse instalado em um carro, seria plausível afirmar que o banco traseiro nos convida para um cochilo. Grande, com bom revestimento e espumas confortáveis, o assento para quem vai atrás conta ainda com molas, tornando a viagem agradável.’
No entanto, o espaço para as pernas, como em todo compacto, não era dos melhores. Pessoas altas sofriam ao andar como passageiros no Kadett.
Dirigindo o Opel Kadett
O clássico do filme “Ainda Estou Aqui” tinha um motor 1.1 de quatro cilindros sob o capô. Com esse motor a gasolina, o carro entregava 60 cv de potência e 8,6 kgfm de torque.
Opel Kadett L Super 1968
g1 | Rafael Leal
Atualmente, um Chevrolet Onix 1.0 aspirado entrega, também com gasolina, 78 cv e 9,6 kgfm. Com uma diferença de mais de 50 anos, os números do Kadett não eram tão ruins para a época.
A chave era fina, bem diferente das que encontramos hoje, que podem ser em formato de canivete, cartão ou até mesmo apenas um sensor de presença. Ao encaixar e girar a ignição, as poucas luzes do painel acendem.
Quando está quente, o carro liga com facilidade. Frio, demora um pouco mais e é preciso bombear o acelerador algumas vezes para que o motor não desligue.
O Kadett possui um afogador, uma tecnologia aplicada nos carros a álcool no Brasil, que serve para acelerar o carro por alguns minutos até que o motor atinja a temperatura ideal de trabalho.
Engatar as marchas não é fácil. É preciso procurar a primeira e torcer para que esteja engatada corretamente. No entanto, essa sensação desaparece após algumas voltas com o carro. O ponto positivo é que o engate é curto.
Para arrancar, é necessário pisar um pouco mais no acelerador e soltar a embreagem aos poucos para o carro não morrer. Por ser carburado — e talvez não totalmente adaptado à gasolina brasileira, que contém 27,5% de etanol — aumentar a rotação é a única forma de dirigir o Kadett sem que o motor apresente falhas.
Opel Kadett L Super 1968
g1 | Rafael Leal
Esses pequenos cuidados e estranhamentos desaparecem após os primeiros cinco minutos, deixando apenas o prazer de estar em um clássico dos anos 1960.
Andar com os vidros abertos e com o quebra-vento jogando o ar diretamente no motorista é uma das formas de escapar do calor que fazia na capital paulista durante o contato do g1 com o carro. A eficiência do quebra-vento é inegável. Que falta ele faz nos carros de hoje!
O carro aparenta ser difícil de pilotar, mas não é. A direção é mais leve do que se imagina. Nas ruas estreitas e ligeiramente íngremes da zona leste de São Paulo, fica evidente que falta um pouco de fôlego para o modelo.
Mas não se deve ignorar a idade do carro: são 57 anos de existência. Para tanto tempo na ativa, o Kadett está em ótima condição física e esbanja beleza por onde passa. Os olhares são atraídos pelo cupê vermelho, e dá para ver crianças boquiabertas pelo caminho.
Rodar com o Opel Kadett é uma experiência inigualável, sobretudo quando se sabe da importância do carro para a família de Rubens Paiva e para o filme. Ainda bem que este carro ainda está entre nós.