Não é arriscado dizer que Wicked é o maior fenômeno da na próxima quinta, 20. Fabi Bang e Myra Ruiz retornam como as protagonistas, mas com novo fôlego: acabaram de dublar as personagens em Wicked (2024), filme estrelado por Ariana Grande e Cynthia Erivo.
“O filme me inspirou de novo e trouxe certas camadas novas”, comenta Myra, que vive Elphaba, a bruxa verde. “É como se eu estivesse assistindo a mim mesma sem ser eu mesma. […] Eu consigo ver possibilidades e maneiras de interpretar que são novas para mim, então eu considero quase como um presente”, diz Fabi, que interpreta Glinda, a bruxa que se veste de rosa.
A história é baseada no romance homônimo de Gregory Maguire e é um prelúdio da clássica história de Dorothy, de O Mágico de Oz. A trama é uma verdadeira surpresa ao mostrar o que levou Elphaba a se tornar a Bruxa Má do Oeste e o que levou Glinda a ser chamada de Bruxa Boa do Norte.
Sucesso explosivo
Se Wicked já era um sucesso antes de chegar às telas de cinema, o fôlego arrematado pela produção vencedora do Oscar de Melhor Figurino e Melhor Design de Produção foi expressivo. O que mais impressiona é que o longa narrou apenas o primeiro ato do musical – um segundo filme, Wicked: For Good, será lançado em novembro.
Segundo Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium de Cultura, a temporada de 2023, a última vez em que a peça foi apresentada na capital paulista, teve 40 mil ingressos vendidos antecipadamente. Neste ano, já são quase 80 mil.

Há até fãs que já compraram 30 entradas para tentarem a sorte em um programa de fidelidade do musical – que, vale dizer, ainda não foi lançado. Trinta carimbos significam prêmios, uma chance de tirar foto com os personagens e, é claro, assistir a Wicked inúmeras vezes. “Eles vêm 30 vezes assistir ao espetáculo”, destaca Carlos.
- Musical ‘Meninas Malvadas’ atualiza e dá toque brasileiro em filme sobre hostilidade na adolescência
“Podemos fazer Wicked no ano 3000 e vai ter algum tipo de comoção social para justificar a existência do show”, comenta Ronny Dutra, diretor da versão de 2025 do musical no Brasil. O diretor, que mantém uma relação de proximidade com Stephen Schwartz, criador da música e das letras do espetáculo original, é uma das grandes novidades do ano.
Com ele, o espetáculo ganhou novas cenas, novos figurinos e até uma nova maquiagem. “Eu disse que só faria Wicked novamente e tão próximo à última temporada se pudéssemos oferecer ao público um espetáculo novo. E estamos fazendo isso. […] Como o Rony é muito próximo do Stephen Schwartz, então você tem uma versão muito fiel ao texto e muito fiel também às referências”, afirma Carlos.
Será o filme no palco?
Questionado sobre como lidar com os novos fãs que podem esperar ver uma versão do filme no Teatro Renault, Ronny assegura: “Eles não vão”. “O filme é o filme. E a peça é a peça. Eles vão ver algo diferente”, diz.
Carlos detalha que a decisão de voltar com uma nova temporada de Wicked a São Paulo veio seis meses antes da estreia do longa. E Rony conta ter apresentado sua versão do espetáculo a Stephen antes mesmo de assistir à produção. Acabou que, na verdade, muitas coisas bateram.
“Muitas coisas as pessoas vão falar: ‘Veio do filme’”, diz. “Veio e não veio, porque isso veio com a mesma mentalidade que o Jon [M. Chu, diretor de Wicked] trouxe para o filme, que é uma mentalidade que eu acho condizente com o que está acontecendo [socialmente] agora.”

O diretor conta ter se emocionado com a cena em que Elphaba e Glinda dançam em um baile. Na ocasião, Glinda se une à bruxa verde após Elphaba ser humilhada na universidade em que ambas estudam.
“As pessoas vão se identificar com essa nova visão. Ou porque é a visão do mundo atual, ou porque é uma visão parecida com a do filme. E as duas coisas conversam”, afirma ele. Para Rony, inclusive, é importante que os fãs assistam à versão no palco e emitam opiniões sobre as mudanças.
“Eu espero que o público venha a rodo e grite quando tiver que gritar. E chore quando tiver que chorar. E gargalhe quando tiver que gargalhar. E reclame quando tiver que reclamar. Porque a gente tem que ter uma opinião”, diz.
O meu trabalho enquanto diretor não é me preocupar se o público vai gostar ou não do que eu estou fazendo. É simplesmente utilizar todos os elementos cênicos e teatrais que eu tenho para contar essa história e esperar que o que eu estiver passando chegue ao público com o meu entendimento.
Ronny Dutra, diretor de ‘Wicked’
Glinda e Elphaba da vida real
Myra e Fabi têm suas histórias no teatro musical misturadas com as histórias de Elphaba e Glinda. As personagens as acompanham há quase uma década – a primeira versão, já com elas, estreou no Brasil em 2016 – e fizeram com que as duas desenvolvessem uma forte amizade fora dos palcos.
Segundo Fabi, a parceria, na verdade, surgiu de um acordo entre as duas: em um ambiente que favorece a rivalidade feminina como é o teatro musical, as duas se ajudariam, mesmo que não houvesse afinidade entre elas. “Quando eu olho para ela em cena e eu sei que ela brilha, em vez de eu tentar puxar o foco para mim, eu tento jogar o holofote nela”, diz.

Tínhamos um combinado: quando uma pegasse na mão da outra, não puxaria para baixo, puxaria para cima, porque isso ia refletir na mensagem que estamos contando no palco. E que, se uma pegasse a outra para puxar para baixo, a outra iria junto.
Fabi Bang
Myra, que chega a voar no palco como Elphaba, detalha estar mais tranquila para interpretar a personagem pela terceira vez. “É o papel mais difícil da Broadway, não tem discussão. O outro que dizem que é o mais difícil é Evita e eu já fiz os dois. Evita é ‘fichinha’ perto da Elphaba”, comenta.
Sinto que tenho que subir o Monte Everest nos próximos meses. Estou embaixo ainda, mas eu estou confiante.
Myra Ruiz
As duas contam que, com a maturidade, passaram a desenvolver mais as personagens. Myra diz se identificar com a fase em que a bruxa verde afirma que “nunca mais fará o bem”. “É aquele momento que toda mulher passa: quando estamos cansadas de tentar, batemos com a cara na parede, somos mal interpretadas”, reflete.
É unânime entre a equipe: o grande poder de Wicked não está apenas nas músicas, nos efeitos visuais e no figurino colorido. Está na capacidade de todos se identificarem com Elphaba e Glinda.
Carlos considera que “Wicked é uma trama sobre fake news” – e também é fácil relacionar os problemas da história com os problemas atuais. “É uma história universal e um conto de fadas. É por isso que Wicked tem um futuro brilhante. E vamos ver isso hoje e ainda muitos anos”, diz.
Serviço – ‘Wicked’ em São Paulo
- Sessões: Quartas a sextas, 20h; sábados e domingos, 15h e 19h30.
- Temporada: a partir de 20/3
- Endereço: Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, República
- Classificação indicativa: Livre. Menores de 12 anos devem estar acompanhados dos pais e/ou responsáveis legais. A determinação da classificação etária poderá a qualquer momento ser alterada pelo Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude da Comarca de São Paulo – SP. De 3 até 12 anos, o pagamento do assento é no valor da meia-entrada. Necessária a apresentação de documento oficial com foto.
- Ingressos: R$ 42,36/R$ 400.